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BELO HORIZONTE
Trabalhadores da UFMG em greve se manifestam contra o ajuste fiscal, com apoio de estudantes
Francisco Marques
Professor da rede estadual de Minas Gerais
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Nesta terça-feira (11), os servidores técnico-administrativos da UFMG em greve fizeram manifestação no centro de Belo Horizonte, contra o ajuste fiscal do governo Dilma e em defesa da saúde e da educação. Contaram com importante apoio do movimento estudantil e de organizações de esquerda. O ato foi convocado a partir de assembleia da categoria realizada na sexta-feira (7). Cerca de 300 pessoas compareceram, saindo da Praça da Estação, passando pelo Hospital das Clínicas da UFMG e terminando a caminhada na Praça Sete.

Como afirmamos em outro artigo, o governo federal de Dilma Roussef, seguindo a tônica nacional de ataques ao salário, empregos, cortes em saúde e educação, etc. (enquanto o lucro dos bancos continua batendo recordes em tempos de crise), continua intransigente com as demandas dos técnico-administrativos em greve nacionalmente, oferecendo um reajuste que na prática é um forte arrocho salarial que ataca ainda mais as condições de vida dos trabalhadores.

Por isso que os trabalhadores cantavam junto aos estudantes no ato que “a crise, a crise, é só no salário, tem que cortar do lucro do empresário”, e que “contra o governo e o congresso nacional, nós vamos barrar esse ajuste fiscal”. Outra palavra de ordem repetida diversas vezes foi “é ou não é, piada de salão? Tem dinheiro pra banqueiro mas não tem pra educação”.

As demandas centrais dos trabalhadores em greve são o reajuste salarial de 27,3% (com reposição das perdas salariais para inflação desde janeiro de 2011), melhora na carreira e contratação de mais funcionários. A greve nacional vem afetando 67 instituições federais em todo o país, mas a proposta do governo federal, apesar de várias universidades sem funcionamento e estudantes e pesquisadores sem poder desenvolver suas atividades, é de corte nos salários da categoria, pois ofereceu 21,3% de reajuste ao longo de quatro anos. Sendo que inflação está hoje prevista para quase 10% em 2015.

O apoio da esquerda e o papel da CUT

Foi importante a presença de estudantes da UFMG apoiando a greve e as reivindicações dos trabalhadores. Estiveram presentes o DCE-UFMG, o CA de Filosofia da UFMG (CAFCA) e diversas organizações de esquerda, como a Juventude às Ruas, o PSTU, a CST-PSOL, o Juntos-PSOL e o PCB. Ao total foram cerca de 30 estudantes da UFMG e de outras universidades presentes.

Ficou a cargo destas organizações – junto a trabalhadores críticos à linha da CUT, de apoio ao governo – nomear Dilma como a principal responsável pelo arrocho nos salários do funcionalismo, cortes na saúde, educação e direitos trabalhistas, e precarização das universidades. A depender da CUT e da direção do SINDIFES (sindicato dos técnico-administrativos em greve), ficaria parecendo que o ajuste é somente obra da direita do Congresso Nacional, de Cunha, e não do governo federal como principal responsável.

Foi como um passe de mágica que o ato que teve como convocação “Em defesa da saúde e educação e contra o ajuste fiscal” se tornou nas palavras de Beatriz Cerqueira, presidenta da CUT-MG, “um ato que é parte da convocação para o ato do dia 20, contra o golpe da direita e em defesa das conquistas”.

A dirigente da CUT, assim como Cristina del Papa, coordenadora do SINDIFES, quer fazer os trabalhadores acreditarem que é possível um golpe mesmo quando a Rede Globo e os grupos empresariais mais poderosos do país chamam à governabilidade (com a Globo chegando a chamar o PSDB de “irresponsável”!) e defendem a permanência de Dilma para que ela continue com os ajustes neoliberais que vem fazendo. Eduardo Cunha (PMDB), Geraldo Alckmin e mesmo Aécio Neves (PSDB) vêm “baixando o tom” para preservar o governo federal. O ato do dia 20 só servirá para blindar Dilma e o PT sem organizar uma luta séria por uma alternativa dos trabalhadores.

Por isso a importância do ato de ontem (11), que expressou em pequena escala a potencialidade da união da esquerda com os trabalhadores que passam das palavras à ação na luta contra os ajustes e cortes de Dilma. O movimento estudantil (principalmente o DCE-UFMG) deve seguir e aprofundar esse apoio que se expressou neste ato, para fazer com que a crise seja paga pelos bancos, grandes empresas e pelos políticos profissionais que vivem de privilégios, e não pelos trabalhadores, pela juventude e a maioria da população.

Isso significaria também barrar a crescente precarização das universidades, com cortes de verbas, demissões de centenas terceirizados, corte em bolsas de assistência estudantil e a crescente privatização do ensino superior público.

A esquerda, com o peso sindical do PSTU e os parlamentares e visibilidade do PSOL, devem colocar toda suas forças para transformar numa força real “a saída à esquerda” e a “greve geral” que vêm agitando há meses. Essa é a terceira força que precisamos construir na luta contra os ataques, contra o governo e a oposição de direita, para que a crise do PT no governo não fortaleça a direita, mas sim uma saída à esquerda, dos trabalhadores e da juventude.

 
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