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GREVE ESTADUAIS PAULISTAS
PT e PSOL votam na ALESP a favor de salários de 31 mil reais para burocracia acadêmica e do Estado
Isabel Inês
São Paulo
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Nessa semana foi votado na ALESP a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 5 que eleva o teto salarial de todos os professores, promotores e demais servidores da alta cúpula das Universidades e do Estado para R$30 mil. Enquanto o governo Temer junto aos demais governos estaduais alegam que é preciso aplicar a reforma trabalhista e a reforma da previdência pela suposta falta de dinheiro - e as reitorias das universidades dizem não ter como garantir salários dignos aos funcionários e professores - a ALESP aprova essa medida que deve onerar em 1 bilhão de reais os cofres do Estado.

Que o PT votaria a favor desse enorme privilégio financeiro para uma pequena casta de funcionários, não espanta; escandalosamente, entretanto, foi aprovado também com votos do PSOL, que se ligou ao PT e aos partidos tradicionais da burguesia para elevar os salários da burocracia acadêmica e estatal em meio à greve das estaduais paulistas, em que trabalhadores são ameaçados com reajuste de míseros 1,5%.

Enquanto um professor da rede pública do Estado ganha em média de R$1.500 a R$ 2.000 essa medida permitirá que os altos cargos cheguem a salários de cerca de R$ 31.000. Um dos argumentos dados pelos deputados, como Campos Machado (PTB) é sobre a valorização dos profissionais, "O que estamos defendendo é apenas o sub-teto. Não há nada de extraordinário nisso. São Paulo está perdendo os melhores profissionais e funcionários públicos por não valorizar os melhores. USP, Unesp e Unicamp formam as melhores cabeças, e na hora de eles prestarem concurso, acabam indo para outros estados por ter maior reconhecimento".

O argumento patético, endossado pelo PT e pelo PSOL, é uma provocação a todos os trabalhadores e professores que acordam cedo, trabalham, estudam, cuidam de seus filhos e famílias, e longe de qualquer valorização de seus trabalhos, que são justamente os que movem o país, ao contrário de burocratas estatais “sangue sugas” do dinheiro público. Quando justamente essa burocracia estatal é muitas vezes diretamente indicada e aliada dos partidos tradicionais, como os reitores das universidades (em SP, bastante ligadas ao PSDB), é obvio que não administram as suas funções públicas em prol da sociedade. Estão com esses partidos que vem aprovando ainda mais ataques aos trabalhadores, como a reforma trabalhista, a terceirização e os cortes em saúde e educação.

O PT, pela via da CUT e da CTB (dirigida pelo PCdoB) traíram as lutas contra a reforma da previdência em 2017, justamente porque o terreno desses partidos não é de fortalecer a luta dos trabalhadores, mas sim fortalecer o estado, os acordos de camarilha e de partidos em troca de votação de benesses a eles mesmos. Foi assim que o PT seguiu abrindo caminho a que a direita capitalizasse o descontentamento popular contra Temer através dos setores patronais que estavam por trás da paralisação dos caminhoneiros.

A deputada do PCdoB, Leci Brandão, disse, "Gostaria muito que outras categorias de trabalhadores do estado pudessem ter a mesma estrutura para vir aqui todas as terças-feiras brigar pelos seus direitos". É um absurdo falar que deputados votando aumento dos seus aliados de altos cargos fosse “lutar pelos seus direitos”, mas também é ainda mais absurdo sabendo que o PCdoB, que dirige diversos sindicatos pelo país (como o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, universidade cujos trabalhadores estão em greve contra os mesmos burocratas que viram seus salários aumentados com apoio do PCdoB), foi parte de trair a luta contra a reforma da previdência e deixou passar sem luta a reforma trabalhista.

Essa política de privilégios estatais aos altos cargos fica clara ao observar a atual greve de trabalhadores, estudantes e professores da USP. O reitor e a burocracia acadêmica, que poderão aumentar seu salário de 20 mil para cerca de 31 mil reais, disseram na ultima reunião do Conselho Universitário que a reitoria está fazendo "um esforço" para dar o aumento de ínfimos 1,5% aos seus funcionários (muito abaixo da inflação), isso porque supostamente a universidade não tem dinheiro. Outro burocrata acadêmico disse votar em 0% de reajuste,com um discurso reacionário para tentar dividir os estudantes dos funcionários, dizendo “Eu vou votar zero, porque se der 1,5% para os trabalhadores não tem como dar nada de permanência estudantil para os estudantes”.

Nas 3 universidades estaduais paulistas, as correntes do PT e do PSOL se calaram frente à medida, apoiando passivamente o que os parlamentares de seus partidos votaram. No caso do PT de exemplificou mais uma vez seu caráter de partido para governar para os capitalistas; contudo, em relação ao PSOL o escândalo é ainda maior, esse partido que se apresenta à esquerda do PT vem se diluindo na estratégia petista, chegando ao cúmulo de assinar o vergonhoso "Manifesto Unidade para reconstruir o Brasil", não apenas com PT e PCdoB, mas com partidos burgueses como o PSB de Márcio França e o PDT de Kátia Abreu. A atual votação mostra como a prática parlamentar desse partido se afasta totalmente da luta dos trabalhadores das estaduais paulistas em curso, dando as mãos para a burocracia universitária que arrocha os salários dos funcionários e professores, votando esse tipo de privilégio estatal.

O deputado João Paulo Rillo (PSOL) disse que “Nós simplesmente vamos desobstruir carreiras que foram obstruídas pela demagogia do José Serra, do Alckmin e agora também do governador Márcio França”. Pelo contrário: o PSOL, junto ao PT, fortalece a burocracia estatal sobre a qual se ergue Márcio França e seus ataques sobre os trabalhadores das estaduais paulistas.

Repudiamos esse aumento dos privilégios financeiros de uma casta política e acadêmica inimiga dos trabalhadores; o apoio do PSOL a essa medida é uma vergonha. Sendo parte minoritária da diretoria do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP) nós do MRT e do Movimento Nossa Classe sempre nos opusemos a medidas semelhantes, e defendemos que todas as pautas da greve dos trabalhadores e professores das estaduais paulistas sejam atendidas imediatamente. O SINTUSP reafirmou em nota sua posição contrária a esses aumentos de salários a alta burocracia do estado que é uma pauta do Fórum das 6, o fórum sindical que junta os sindicatos dos professores e funcionários de todas as universidades paulistas.

Lutamos por todas pautas dos estudantes, funcionários e professores e contra este abusivo aumento a casta que parasita o Estado e a universidade, lutamos não somente pela reposição das perdas salariais, mas por salários muito mais dignos que não sejam inferiores ao mínimo estipulado pelo DIEESE, com aumento salarial de acordo com o aumento da inflação, e exigindo a efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público.

Nossos inimigos são claros, pertencem aos partidos que aplicaram a reforma trabalhista e tentam aplicar a reforma da previdência contra nós, e estão nas próprias cúpulas dos Conselhos Universitários. Lutamos pela abolição desses privilégios e pela dissolução da atual estrutura de poder das estaduais paulistas. A USP, a Unesp e a Unicamp (assim como todas as universidades públicas) devem ser geridas pelos estudantes, funcionários técnico-administrativos e professores, com maioria estudantil, em base a uma estatuinte livre e soberana que elimine todos os traços herdados da ditadura militar dentro das universidades, abolindo o vestibular.

Com esse programa podemos lutar contra um projeto de universidade voltado aos lucros dos capitalistas, e colocar o ensino, pesquisa e extensão a serviço dos interesses reais de toda a população trabalhadora. Ou seja, um conjunto programático que busca fortalecer a independência de classes e expandir as lutas se enfrentando com o imperialismo e o capitalismo.

 
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