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Aula inaugural do Serviço Social da UERJ debate o golpe de 2016 e a saída para crise
Redação Rio de Janeiro

No dia 06 de junho mais de 200 estudantes do Serviço Social da UERJ participaram da aula inaugural do curso, ministrada por Simone Ishibashi, editora da revista Ideias de Esquerda e doutoranda em Economia Política Internacional na UFRJ, e Felipe Demier, professor do curso. O tema foi o golpe de 2016, e as expressões à direita na presente situação nacional. Foi um importante espaço de reflexão e análise sobre o que está acontecendo no país hoje, e quais as saídas que os trabalhadores e jovens devem buscar.

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Simone Ishibashi fez uma fala na qual marcou que o golpe de 2016 foi dado para responder à uma necessidade de setores do imperialismo, aliados em parte dos capitalistas nacionais, para acabar com as margens de manobras que algumas das empresas, como a Petrobras e a Odebrechet, haviam obtido de competir no mercado internacional, o que fere interesses dos monopólios estrangeiros. Para isso se utilizou da Lava Jato, e do autoritarismo judiciário. Nesse sentido, o golpe teria ocorrido menos por conta das concessões dadas à população e aos trabalhadores, como defende o PT hoje para ganhar posições políticas eleitorais. Recordando o lucro recorde dos banqueiros nos anos do lulismo, bem como a continuidade do pagamento da dívida pública, a entrega do pré-sal já no segundo governo Dilma, e depois o papel das centrais sindicais que frearam as mobilizações contra o golpe e as reformas de Temer, defendeu que sem superar o petismo pela esquerda não se pode ter uma saída progressista à atual crise. Também discutiu contra as posições de setores da esquerda, como o PSTU, que apoiaram o golpe e se aliaram com a direita, e que seguem até hoje na mesma linha defendendo inclusive a prisão arbitrária do Lula, que nega o direito elementar do povo de votar em quem quiser.

Defendeu a necessidade de uma política de independência de classe para analisar os fenômenos complexos que se abrem, como a greve dos caminhoneiros que teve um programa e uma direção patronal, que levou a que toda esquerda, inclusive o Resistência, como corrente interna do PSOL, que estiveram contra o golpe de 2016 a se adaptarem. Encerrou colocando a importância de defender um programa que responda à crise nacional e do Rio, que passam pela reversão das privatizações e estatização da Petrobras, com gestão dos petroleiros e controle popular e o não pagamento da dívida pública, ligando isso a necessidade de combater a intervenção federal no Rio de Janeiro. Para isso colocou a necessidade de superar pela esquerda o PT, chamando os estudantes da UERJ no cinquentenário do Maio de 1968 a retomarem aquela experiência de unidade operário estudantil.

Felipe Demier ressaltou como depois do PT ter chegado ao governo foi perdendo a base em setores mais precários, e com isso abriu espaço para que a burguesia representada nos seus partidos tradicionais puderam impor Temer através do golpe. O sentido do golpe seria ter um governo livre de pressões do movimento sindical que pudesse realizar o plano de contrarreformas. No Brasil teria havido um golpe de governo, que não derruba o regime, mas se dá por dentro do regime para a remoção de uma peça política incomoda, como era Dilma e o PT. Assim o regime de 1988 pôde trocar de governo, sem que a democracia fosse derrubada, já que essa mesma democracia teria contidas em seu interior os mecanismos para derrubar os governos menos interessantes ao capital, impor algo mais funcional a seus interesses e assim mesmo continuar em pé. Assim, expressou que a democracia capitalista ainda segue sendo a forma mais adequada de dominação política ainda hoje. Mas as democracias capitalistas desde os anos 80 e 90 foram aprofundando as suas características contrárias às representações políticas da esquerda, que se combinou com a adaptação dos partidos de esquerda europeus aos ditames do neoliberalismo. Demier também colocou como a Constituinte de 1988 considerada por muitos como uma constituinte cidadã também traz vários elementos não superados da ditadura militar. Isso gerou as bases para que cheguemos hoje em uma situação de um conjunto de ataques aos direitos, que deve ser aprofundado no próximo período. Por fim, ressaltou que por mais rebaixado que seja um regime político, o critério para que se caracterize algo como democracia capitalista necessita do voto. E nisso a burguesia brasileira tem um problema. E isso traz uma anormalidade para o funcionamento do regime político, e é isso que está por trás do avanço de setores da direita, e das tendências bonapartistas.

Após as falas da mesa houve uma rodada de intervenções e perguntas, que mostraram a disposição de seguir o debate, não apenas sobre a análise, mas também sobre qual saída dar aos desafios postos pela situação nacional, tanto da parte dos estudantes como de docentes. Veja o vídeo da aula inaugural na íntegra em breve no Canal Ideias de Esquerda.

 
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