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Queda de Rajoy/Espanha
Cai o governo de Rajoy e o “socialista” Sánchez é o novo presidente
Maíra Viscaya e Ana Paula, professoras de Santo André

Depois de sete anos de governo, o conservador Partido Popular é retirado do poder, acusado de casos de corrupção e com uma sentença judicial que condenou a organização política faz uma semana.

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No dia 24 de maio, a sentença do caso Gürtel (uma trama de corrupção investigada há 9 anos) mandou vários cargos do PP para a prisão e condenou o partido por financiar campanhas eleitorais com dinheiro obtido de forma ilegal. A sentença também questionou o testemunho de Mariano Rajoy, quem havia negado a existência de um caixa 2 no Partido Popular, alimentada com dinheiro de empresários amigos que depois se beneficiavam de contratos do Estado.

A moção de censura é um mecanismo parlamentar pelo qual uma maioria simples no Congresso (176 deputados em um total de 350) pode colocar fim a um governo e substitui-lo por um novo presidente. A moção foi apresentada pelos social-liberais do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), o principal partido da oposição, que conta com84 deputados. É a primeira vez que uma moção de censura é aceita e consegue retirar um governo do poder.

O odiado governo do PP vinha se mantendo com o apoio do partido de direita Ciudadanos e com os votos do PNV e outros grupos menores, em um congresso com a oposição fragmentada. O PSOE vinha apoiando as principais políticas “de Estado” do PP e a monarquia, como a ofensiva repressiva contra o movimento independentista catalão mediante a aplicação do artigo 155 da Constituição.

Os partidos nacionalistas catalães (PDeCAT e ECR) apoiaram a moção, mostrando-se favoráveis a tirar Mariano Rajoy do poder, ainda quando Pedro Sánchez foi um dos garantidores da ofensiva repressiva contra a Catalunha no último ano. Sánchez prometeu retomar o diálogo desde o governo com um novo governo Catalão, que conseguiu se formar esta mesma semana. Em particular a situação dos presos políticos catalães e os dirigentes que se mantém no exílio será uma questão problemática para o futuro governo, que vem de apoiar a ofensiva repressiva, mas agora necessitará do apoio dos deputados catalães para conseguir algumas reformas legislativas mais adiante.

Com o apoio desses partidos e outros grupos menores, a proposta de moção de censura somava 175 votos, pelo qual se tornou uma peça chave o apoio do PNV (Partido Nacionalista Basco), com 5 deputados. O PNV havia apoiado há uma semana os orçamentos do PP, com a incorporação de um “pacote” de 550 milhões especiais para o País Basco. Pedro Sánchez se comprometeu a governar mantendo os orçamentos de austeridade aprovados pelo PP para garantir os votos do PNV, quem finalmente anunciou seu apoio a moção de censura, selando assim a sorte de Mariano Rajoy.

O que se pode esperar de um governo do PSOE?

O PSOE governará em minoria, contará apenas com 84 deputados assegurados no Congresso e para aprovar cada lei deverá negociar com o resto dos partidos. Será um governo débil, que se comprometeu a convocar eleições antecipadas em um prazo não determinado. O PSOE tentará – agora a partir do governo – se recuperará eleitoralmente para as próximas eleições, onde o partido que tem maior intenção de votos é o direitista Ciudadanos.

O PP, com um discurso duro e sem reconhecer a corrupção de seu partido, tem prometido que vai impedir que o novo governo possa fazer mudanças legislativas, assegurando que não dará trégua desde a oposição. Seu porta voz tem acusado o PSOE de “governar com os votos dos amigos do ETA” em referência aos 2 votos a favor da moção de censura por parte de Bildu, organização da esquerda Basca.

Por sua parte, Unidos Podemos ofereceu ao PSOE formar um governo de coalizão (ainda que não colocou como condição para votar, como fez dois anos atrás), com o objetivo de conseguir um “governo de mudança”. Seus dirigentes colocaram que se abre um “horizonte de esperança” com a saída do PP do poder. A “lógica de mal menor” determina a política do Podemos, apoiando sem condições um governo dos sociais liberais do PSOE, um partido que tem governado há 20 anos dos últimos 40 no Estado Espanhol, como os melhores gestores das políticas neoliberais. O PSOE tem sido um campeão na defesa da monarquia e a “unidade da Espanha”, a integração na UE e na OTAN, ou a defesa das grandes empresas multinacionais espanholas que ficaram com suculento negócio dos serviços e da extração de matérias primas na América Latina.

O bipartidarismo espanhol (trocar o PP pelo mal menor do PSOE) tem sido a armadilha do regime desde suas origens para conter o descontentamento social, oferecendo uma cara “progressista” para as mesmas políticas conservadoras. Esse mecanismo foi questionado há 7 anos quando os indignados ocuparam as praças espanholas no 15M, ao grito de “PSOE e PP: a mesma merda é”. Hoje essa armadilha volta a se colocar em funcionamento, com a colaboração de Unidos Podemos. No próximo período os trabalhadores e os movimentos sociais tem o desafio de contornar essa armadilha e recuperar a mobilização operária e popular nas ruas, para lutar por um programa de reivindicações sociais e democráticas, de forma independente de todos os partidos do regime.

 
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