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DEBATE SUMÉ-UFCG
Crítica ao golpe e polêmicas estratégicas com o PT: qual a unidade necessária para enfrentar a direita?
Gonzalo Adrian Rojas
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Na Quarta-feira, 23 de maio, foi realizada uma nova aula da disciplina: O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil, neste caso ofertado pela Universidade Federal de Federal de Campina Grande (UFCG) no campus de Sumé na Paraíba no Centro de Desenvolvimento do Semiárido (CDSA) coordenado pelas professoras Sheylla Galvão e Kátia Mesquita.

O tema desta aula foi Que unidade precisamos para enfrentar a direita ?, e ministrei a aula como Professor de Ciência Política da UFCG e integrante do staff de Esquerda Diário impulsionado pelo Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT). Desde cedo se sentiu um clima de hostilidade de alguns professores de direita do curso frente a esta iniciativa política e acadêmica que tenta reproduzir o curso criado na Universidade Nacional de Brasília (UNB) pelo Professor de Ciência Política Luis Felipe Miguel e se solidarizar com ele frente as ameaças do Ministério de Educação. Como fizemos em outras oportunidades independentemente de nossas diferencias políticas desde esquerda Diário nos solidarizamos de forma incondicional com o professor frente a estes ataques.

Foi uma oportunidade para realizar uma análise da conjuntura política do país vinculado ao tema da aula tendo em consideração que foi realizada juntos em momentos em que as patronais tentavam dirigir a justa raiva popular contra o aumento da gasolina exigindo uma pauta de direita. Explicamos que não nos iludimos com atalhos na luta de classes e que frente a crise defendemos que uma baixa da gasolina, o gás e demais combustíveis só poderia vir de uma Petrobras 100 % estatal e controlada pelos trabalhadores e a população. Além de expressar que era preciso uma política anti-imperialista e anticapitalista como saída a crise deixando de pagar a dívida interna.

Como a intervenção política realizada tem relação com o acumulo de discussões que temos tanto em Esquerda Diário como no MRT vou apresentar os temas, mas também remetir a outras matérias deste mesmo jornal para aprofundar.

A base da análise de conjuntura foi baseada no debate realizado os dias 18, 19 e 20 de maio durante o III Congresso Nacional do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, integrante da Fração Trotskista pela reconstrução da IV Internacional.

Anunciamos que nossa análise é realizada desde uma visão ofensiva do marxismo e apresentamos alguns conceitos teóricos chaves como crise orgânica, hegemonia, a diferencia entre fascismo e bonapartização ou formação econômico-social, colocando a Brasil e o golpe institucional no marco de um fim de ciclo de um conjunto heterogêneo de governos ditos “pós-neoliberais” e um giro à direita na superestrutura política.

Em relação ao análise de conjuntura utilizamos, em grande medida, os cinco eixos apresentados por Leandro Lanfredi no seu informe sobre situação nacional no mencionado congresso: 1) a ofensiva imperialista, que pode ser complementada com o informe internacional elaborado por André Augusto; 2: Uma tendência ao aprofundamento da crise orgânica no pais; 3) mesmo sendo diferente que o bloco golpista como o PT não tem outra saída desde sua perspectiva independentemente de seu discurso, que realizar mais ajustes e se subordinar ao imperialismo; 4) que existe um fortalecimento imediato do PT e Lula mas isso não faz que supere sua crise estratégica e impotência política e como é preciso levantar um programa anti-imperialista e anticapitalista para acabar com a submissão ao imperialismo.

Como ponto de partida foi central destacar a nova ofensiva imperialista dos Estados Unidos para América Latina, seu papel geopolítico na sub-região e como impactam as políticas nacionalistas de Donald Trump pretendendo o capital imperialista ficar de forma completa com as empresas brasileiras, sua relação com a Lava Jato e a influência do aumento da taxa de juros nos EUA na desvalorização do real assim como do peso argentino.

O quadro da crise orgânica, articula crises econômicas políticas e sociais que se manifestam de forma desigual e combinada em cada país dependendo de sua formação econômico-social e na América Latina e no Brasil bate com força desde 2013. Não estamos frente a uma crise cíclica “normal” do capitalismo onde depois de um momento de expansão vem outro de retração para impulsionar uma nova expansão, senão frente a uma crise orgânica do capitalismo mundial em termos gramscianos. Isto significa que a crise iniciada no ano 2008 é muito mais profunda, já que se inicia nos Estados Unidos, a principal potência imperialista e não em um país semi-colonial, no norte da África na denominada “primavera árabe” e logo se expande para a Europa e se expressa nas políticas de austeridade, chegar com força na América Latina em geral e no Brasil em particular.

Mas uma vez falado isto apresentamos que era necessário criticar o golpe institucional de forma independente do PT e sua política de conciliação de classes e de subordinar tudo a sua estratégia eleitoral. Mostramos também os limites programáticos da política de conciliação de classes e a ausência absoluta de uma base matéria que sustente seu discurso “neodesenvolvimentista”. Sendo assim depois de destacar a traição das centrais sindicais principalmente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Central de Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiras (CTB) e o freio da burocracia a luta de classes como foi depois da poderosa greve do 26 de abril de 2017 não dando continuidade a um plano de lutas em momento que era necessária uma intervenção política independente da classe trabalhadora e o governo Temer vivenciava uma forte crise inter-burguesa explicamos que ao não ter a mencionada base material o PT para políticas neodesenvolvimentistas e ausência de um programa anticapitalista se preparava no caso de conseguir para mais ataques a classe trabalhadora no seu conjunto.

O desenvolvimento destes eixos encontramos nesta matéria do próprio Leandro Lanfredi.

Concluímos focando em que tipo de unidade precisamos para derrotar Temer e a direita, defendendo as liberdades democráticas e nesse sentido rejeitar o aprofundamento do golpe institucional que de fato o faz com a prisão de Lula, de forma independente da política de conciliação de classes do PT. Nesta parte diferenciamos conceitual e politicamente frente única proletária de frente político eleitoral e de frente popular, este último reaparece na política brasileira como “novidade” como frente democrático ou frente antifascista, absolutamente impotente para lutar contra a direita e com o objetivo de subordinar ao conjunto da esquerda do país que defende as liberdades democráticas ao PT e a sua política eleitoral. A discussão não é se alguns petistas lutam, e sim que o debate central é um debate de programa. Criticamos ao PT porque ele se mostrou incapaz de enfrentar a direita porque defende que é possível administrar o capitalismo para os trabalhadores, quando a urgência do momento é lutar contra a direita com um programa anticapitalista e revolucionário.

Para isso tomamos elementos do seguinte Editorial do Esquerda Diário escrito por Diana Assunção.

Também analisamos se existe ou não um avanço fascista no Brasil, para isso diferenciamos os elementos reacionários da conjuntura do fascismo, conceituando fascismo e apresentamos como nós devemos nos posicionar frente a esta situação, posto que honestos militantes acreditam que o Brasil vive essa situação. Esta é para nós uma diferença política central com o PT e sua orbita, mesmo que existam elementos de direita e ultradireita no país , mas não só, no marco da crise orgânica também tivemos no país elementos a esquerda como as gigantescas mobilizações por Marielle e Anderson no Rio de Janeiro, o triunfo dos professores municipais de São Paulo contra a reforma das aposentadorias de Doria ou a reincorporação dos 62 metroviários demitidos também em São Paulo, mesmo que esses elementos não acham conseguido mudar a situação de conjunto mas tampouco significa que a classe trabalhadora está derrotada. Explicamos que para nós o fascismo é uma categoria histórica, é a revolta da pequeno- burguesia organizada pelo grande capital em organizações de combate para destruir as organizações de combate do proletariado num contexto de revolução e contrarrevolução.

Também afirmamos tanto a dificuldade que tem as classes dominantes para desidratar Jair Bolsonaro para fortalecer um candidato golpista de centro, o ideal seria Alkimin mas não esta conseguindo porque seu programa político não construí consenso de massas sequer em termos eleitorais e mesmo na sua crise estratégica como mencionamos o PT como centro de gravidade levando para seu entorno por direita a Ciro Gomes e por esquerda Guillerme Boulos, todos defendendo um programa neodesenvolvimentista utópico, PT, PCdoB, PSB e PDT e PCO.

Isto é importante, os avanços reais da direita são utilizados pelo PT para ser apresentados como fascismo, defendendo a velha política stalinista do VII Congresso da Internacional Comunista de 1935 de frente antifascista, frente democrática ou frente popular, que no Brasil de hoje tem como objetivo subordinar a toda esquerda à politica do petismo que simultaneamente está preocupado, uma vez realizado isto ver se existem frações da direita para se aliar na perspectiva de um novo governo que permita por exemplo realizar sua própria reforma das aposentadorias. Para profundar recomendamos a leitura desta matériade André Augusto.

Para aprofundar neste tema recomendamos assistir este vídeo de Simone Ishibashi para o canal Ideias de Esquerda sobre o tema (ver aqui).

Concluímos expondo duas questões relacionadas.

A primeira que nenhum dos candidatos a Presidente, sequer Guilherme Boulos do Partido socialismo e Liberdade (PSOL), defende o não pagamento da dívida pública. Apesar das suas diferenças programáticas, nenhum parte da realidade de que apenas rompendo com os imperialistas e os capitalistas e não pagando essa dívida ilegítima e fraudulenta é possível enfrentar a crise e garantir emprego, saúde, educação, moradia e as demandas populares. Por isso para nós é central o não pagamento da dívida, que é diferente que realizar uma Auditoria.

A segunda frente a crise dos combustíveis que não tinha a dimensão de hoje mas já se prefigurava que defendíamos uma não era possível apoiar uma luta patronal , que defendíamos uma Petrobras 100 % estatal e controlada pelos trabalhadores e a população. Além de expressar que era preciso uma política anti-imperialista e anticapitalista como saída a crise deixando de pagar a dívida interna.

Para finalizar é importante destacar que o campus de Sumé da UFCG mesmos contra os embates de uma direita acadêmica mais dura no campo das ciências sociais que no campus central, o CDSA tem um histórico de lutas, foram realizadas ocupações no ano 2016, o ano passado debatemos conjuntura política numa conferência na Semana de Ciências Sociais e esta intervenção político num momento de agudização da crise anunciamos o lançamento de Ideais de Esquerda, Revista de Política e Cultura número 04 e foi uma excelente oportunidade para Esquerda Diário realizar uma política de propaganda.

 
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