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HIROSHIMA E NAGASAKI
Porque os EUA arrasaram Hiroshima e Nagasaki: há 70 anos das bombas
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro

No dia 6 de agosto de 1945, às 8h45 da manhã, há exatos 70 anos, o céu da cidade da cidade de Hiroshima no Japão, foi cruzado por militares do exército norte-americano a bordo do avião B-29 Enola Gay. Paul Tibbets era o nome do piloto que lançou sobre a população civil a bomba atômica Litlle Boy. A bola de fogo produzida pela bomba tinha 28 metros de diâmetro, que atingiu instantaneamente uma temperatura de 300 graus. Morreram imediatamente 70 mil pessoas, dentre os 350 mil habitantes da cidade. Em seguida caía do céu uma chuva ácida, negra pela radiação, que contaminou outras dezenas de milhares de pessoas. Cerca de 90% das construções da cidade simplesmente deixou de existir. Em segundos.

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No final de 1945 as mortes decorrentes dos efeitos devastadores da bomba atômica atingiram a marca de 178 mil mortos. Entrava para a história um dos episódios mais monstruosos protagonizado pelo imperialismo norte-americano contra uma população civil, de um país já destroçado ao final da II Guerra Mundial.

Três dias depois em 9 de agosto, outra cidade japonesa foi alvejada por uma bomba atômica, desta vez de plutônio, batizada de Fat Man, com alcance explosivo ainda maior que a lançada sobre Hiroshima. O alvo agora era Nagasaki. O saldo da destruição: 40.000 mortos instantaneamente, e mais 40.000 que faleceriam nos meses seguintes em decorrência dos danos causados pela radiação. Até hoje as cifras de mortos por câncer e demais enfermidades causadas pelos efeitos da bomba não param de aumentar. Os sobreviventes, hibakusha, como são conhecidos no Japão foram obrigados a conviver com a censura imposta pelos Estados Unidos, a marginalidade, e muitas com a pobreza e o desemprego, por conta das enfermidades adquiridas.

A II Guerra Mundial já estava chegando ao fim quando as bombas foram lançadas. A vitória sobre o eixo já estava assegurada. Hitler, em meio à tomada de Berlim pelas tropas soviéticas em 30 de abril de 1945, se escondia em seu bunker em companhia de Eva Braun para cometer suicídio após ver cair por terra seus planos de instituir o “Reich de mil anos”. Foi seguido por Joseph Goebells, número dois da camarilha nazista, no dia seguinte. Benito Mussolini, ditador fascista da Itália, havia sido executado em 28 de abril daquele mesmo ano. As tropas japonesas já vinham sofrendo diversas derrotas, e resultaria impossível ao imperador japonês Hiroito sustentar-se na II Guerra sem o apoio de Hitler e Mussolini. Sua rendição oficial se deu em 15 de agosto de 1945. Assim sendo, é inevitável perguntar: porque os EUA lançaram as bombas contra o Japão?

A devastação do Japão e o Tratado de Potsdam

A bomba de Hiroshima fora lançada alguns dias depois da finalização do Tratado de Potsdam, na Alemanha, que somado ao Tratado de Yalta reuniu EUA, URSS e Grã-Bretanha para dividirem o mundo em áreas de influência. Os EUA foram obrigados a negociar com a URSS, que saíra da guerra fortalecida tendo um terço do mundo sob sua influência, fruto da derrota que haviam imposto aos nazistas. Entretanto, apesar do papel de coveiro da revolução internacional que a burocracia stalinista havia cumprido antes e durante a II Guerra Mundial, ainda continuava a ser um estado operário. Isso fazia com que os EUA, ao mesmo tempo em que pactuava com a URSS, tivesse que dar mostras de seu potencial político e militar, e de que estaria disposta a colocá-lo em marcha caso os termos do acordo fossem desrespeitados.

O acordo de Potsdam dividiu o mundo entre Estados Unidos, URSS e Grã-Bretanha. O único consenso inicial que os três tinham era a divisão da Alemanha. Stalin reivindicou o reconhecimento dos regimes da Hungria e Polônia, países em que a URSS interveio contra o avanço dos nazistas, e cujas burguesias foram expropriadas nesse processo, gerando Estados operários que já nasciam sob o domínio da burocracia soviética. Ademais, queria 10 bilhões de dólares, o que na época era uma imensa quantia, como indenização da Alemanha. Churchil, a princípio era contrário às aspirações de Stalin, mas em meio às negociações é derrotado nas eleições da Grã-Bretanha pelo Partido Trabalhista e substituído por Clement Atleen, que concede tudo o que Stalin e Truman, presidente norte-americano querem.

A grande preocupação do presidente norte-americano era assegurar que a expansão soviética não chegaria ao Ocidente. Dessa forma, com o Acordo de Potsdam, Stalin pactua pela não extensão da revolução, papel que já vinha cumprindo desde antes, mas que agora se dava em acordo com os Estados Unidos, que se alçavam como a principal potência imperialista no bloco capitalista. E ambos saqueiam a Alemanha, já que um dos termos do acordo era que tanto a URSS quanto os EUA poderiam literalmente retirar tudo o que desejassem das zonas de ocupação que passariam a manter naquele país.

Dessa forma um dos objetivos estratégicos das bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki era disciplinar a URSS. Com essa demonstração de poder de destruição os Estados Unidos buscavam dar um alerta a Stalin de que se os termos do acordo de Potsdam deveriam ser respeitados a qualquer custo. Algo que a burocracia de Moscou cumpriu zelosamente.

As bombas atômicas também foram o cume da destruição promovida pela democracia burguesa norte-americana. Enquanto as bombas atômicas eram lançadas sobre o Japão os Aliados decidiam em Potsdam preservar o reacionário imperador Hiroito, certos de que este seria funcional a seus interesses. Inicia-se assim, o período de ocupação do Japão pelo imperialismo norte-americano, no qual eleições foram convocadas. Porém, Hiroito passou de inimigo a colaborador. Isso serve para demonstrar a superficialidade da visão, compartilhada por amplos setores, de que a II Guerra Mundial se define por ter sido uma “guerra que opunha regimes democráticos a regimes nazi-fascistas”.

A 70 anos desse episódio de horror promovido pela “democracia mais avançada do mundo”, é interessante notar como as pesquisas para o enriquecimento de urânio por parte de países como o Irã, e demais países semicoloniais, são apresentadas pelos mesmos Estados Unidos como uma “ameaça à humanidade”. No entanto, na história da humanidade até agora os únicos que realizaram tamanha destruição, foram... os Estados Unidos. Quem seria a verdadeira ameaça?

 
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