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CRÔNICA
Máquina: a um ano da despedida de Belchior
Odilon Batista, professor da rede estadual em Mauá
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Sábado próximo, 5 de Maio, haverá o lançamento da Casa Marx ABC com o aniversário dos 200 anos do nascimento de Marx. Quem realmente, “leu” a nossa história, a história dos trabalhadores, que fez despertar a chama revolucionária da classe dos trabalhadores. Mas hoje, 30 de Abril, faz um ano que o maior nome da música brasileira morreu: Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes. Assim, o próprio, brincava em suas entrevistas. É de algo dele que quero falar. Conheci Belchior na adolescência quando encontrei o disco mais aclamado de sua carreira, “Alucinação”. Marcou-me muito. Como pode tal álbum escapar à censura? Uma das músicas que mais admiro em sua obra é “Máquina II”, que fecha seu primeiro álbum, “Belchior”:

Embora seja uma composição simples, característica da poesia concreta, ela me fez (e faz) pensar em tanta coisa. Essa repetição incessante da palavra máquina com um tom de carinho e raiva; de lamentação e ao mesmo tempo de persistência; de perda, mas também de luta; de resistência. Lembra-me do meu pai, que teve sua mão direita mutilada numa fábrica por uma máquina. Questiono-me, quantas outras pessoas também foram mutiladas, vizinhos, amigos, outros pais, mães, filhos e filhas… por máquinas? Quantas já morreram? E a mesma máquina que machuca, que mutila, que mata, que brutaliza, é também a que sustenta. A mesma máquina que mutilou meu pai, o permitia manter nossa família.

Essa história é a mesma em muitas outras famílias. É a história do trabalhador, da trabalhadora. Que pega o trem cedo, que volta tarde para casa. Que vê seus filhos e filhas só no fim de semana. Que ama seu companheiro, sua companheira só aos sábados. É a história de uma gente, de uma classe, da nossa classe trabalhadora. Uma história que nos acompanha por muito tempo. A história que os poderosos querem difamar e apagar. E essa história ainda é escrita, e nela devemos “escrever” para que a máquina pare de mutilar.

 
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