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CASA MARX - RIO
"A atualidade do marxismo no Brasil pós golpe” na Casa Marx-Rio reúne jovens e trabalhadores
Redação Rio de Janeiro

No sábado dia 21 de abril estudantes da UERJ, UFRJ, UFR, secundaristas, e trabalhadores de diversos setores como CEDAE, professores, dentre outros, estiveram na Casa Marx, na Lapa Rio de Janeiro, para participar do debate “A atualidade do marxismo no Brasil pós golpe”. Na mesa estiveram Simone Ishibashi, doutoranda em Economia Política Internacional pela UFRJ e editora da revista Ideias de Esquerda, Prof. Pedro Campos da UFRRJ e autor do livro “Estranhas Catedrais”, e o Prof. Jefferson Lee do Serviço Social da UERJ.

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O debate abriu-se com a fala de Simone Ishibashi, que colocou como o golpe institucional de 2016 atende aos objetivos do imperialismo de descapitalizar as empresas “global players” que durante o lulismo haviam conseguido maior margem de manobra. “Não se trata de achar que durante os governos do PT o Brasil teria se tornado uma potência independente do imperialismo. Mas que por conta de um momento excepcional de crise na economia internacional após 2008, pode-se ampliar as margens de manobras para empresas como a Petrobras e a Odebrecht. Hoje quando se mostra que as economias latino-americanas não se descolaram da tendência internacional de crise, o imperialismo através da Lava Jato busca aliar-se aos capitalistas nacionais para impor um neoliberalismo senil, de ataques muito mais acelerados”, afirmou.

Também debateu como apesar de haver fortalecimento do golpe com a prisão arbitrária de Lula e a intervenção federal, a situação não pode ser caracterizada como fascista, mas que há tendências ao aprofundamento das tendências autoritárias e de direita, ou bonapartistas do regime político. Concluiu que a saída para isso tem que passar por retomar uma orientação de independência da classe trabalhadora, que forje uma unidade de ação contra os ataques econômicos como a implementação da reforma trabalhista e agora o combate à entrega da Petrobras, com a necessidade de lutar contra a retirada de direitos democráticos, como o direito do povo eleger quem quiser. Essa unidade de ação deve colocar-se abertamente contra a prisão arbitrária de Lula, mas de forma independente do PT e de seu programa. Terminou defendendo que a tarefa hoje é superar essa tradição e construir uma alternativa política à esquerda e independente do PT, o que difere distinto do que a esquerda vem fazendo com a formação de uma frente, pela via dos presidentes das Fundações do PSB, PDT, PT, PCdoB, PCB e PSOL, com um manifesto programático que se trata de um verdadeiro projeto de país com setores burgueses ditos “progressistas” contra os “rentistas”, que não pode responder às necessidades da classe trabalhadora, e da juventude pois se trata de uma frente com objetivos eleitorais que coloca a esquerda como refém dos partidos burgueses que aí estão.

O Prof. Pedro Campos ressaltou que é necessário aprofundar a análise sobre o desenvolvimento capitalista no país, e a formação de seu empresariado, e o regime de acumulação que se forja a cada momento no país. Assinalou como é preciso superar uma tendência de homogeneizar a classe dominante brasileira, que tem uma origem escravista, e várias frações. No entanto, ele apontou como é um erro separar a classe capitalista brasileira em rentista e produtiva, assinalando como os capitais bancários, produtivos e especulativos estão unidos. Sobre o golpe institucional desenvolveu como esse assume em sua opinião as características de um golpe de poder, e de como Temer tem o objetivo de articular um determinado regime de acumulação desde o plano real com a centralidade em ativos financeiros como a dívida pública como forma de garantia da acumulação capitalista voltada a favorecer os mesmos setores. Assim, o padrão de acumulação brasileiro a partir da década de 30 teria sido marcado pelo Estado novo varguista industrializante, aliado à repressão estatal, e posteriormente substituído pelo plano real, que aprofunda a ligação com o tripé dívida pública, Lei de Responsabilidade Fiscal e o câmbio flutuante, cujos traços fundamentais não rompidos durante os anos do lulismo, muito embora algumas concessões como a ampliação da universidade pública tenham se dado. Esse padrão de acumulação foi responsável também por um processo de reprimarização e desindustrialização nacional, que fez com a indústria nacional tenha atualmente atingido patamares pré-período Juscelino Kubitschek. Sobre o projeto “Ponte para o Futuro” de Temer indicou que esse carece de refinamento, mas há coerência nas políticas implementadas com o seu objetivo de atacar conquistas e direitos. Assinalou também que a situação atual é marcada por uma crise de hegemonia. Concluiu colocando que a hora é de aprofundar a reflexão sem sectarismos, e que muito embora as eleições não sejam a resposta para os problemas mais profundos dos trabalhadores não se pode abster nesse momento.

Já o Prof. Jefferson assinalou que essa crise se dá ao mesmo tempo em que internacionalmente se coloca também um renovado interesse sobre o marxismo e as obras de Marx. . Como exemplo retomou como na Alemanha houve recentemente um esgotamento das obras do Marx, durante os anos do pós crise de 2008. No plano nacional defende q necessidade de uma autocrítica da esquerda sobre o que foi capaz de construir nos setores não petistas, e o que ainda se pode construir. Esse exercício seria importante para estar num campo de solução de saídas mais duradouras que as eleições, com debates mais profundos sobre o que temos que combater. Defendeu também que o aprofundamento do golpe de fato exige a unidade, porém não a unidade da esquerda que tanto se propaga, mas a unidade dos trabalhadores. De que o momento atual exige combater a divisão entre as fileiras da classe trabalhadora, combatendo para terminar com a separação entre trabalhadores terceirizados e efetivos, e que os sindicatos deveriam filiar todos os trabalhadores de uma unidade de produção. Também remarcou a necessidade de combater a discussão posta pelos capitalistas em torno da corrupção, que tem servido a que setores liberais defendam a ideia de que a corrupção é produto do estatismo, então sua resolução passa por “menos Estado”.

Várias intervenções seguiram as falas da mesa, gerando um rico debate, não apenas de análise da situação como sobre o que fazer frente aos desafios postos pela atualidade. A Casa Marx – Lapa, no Rio de Janeiro, seguirá seu objetivo de ser um polo organizador e difusor das ideias marxistas com novas atividades como essa, que serão sempre divulgadas aqui no Esquerda Diário.

 
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