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PROFESSORES SP
Mais uma oportunidade de organizar os professores anulada pela Apeoesp
Luciana Vizzotto

Hoje ocorreu o Conselho Estadual de Representantes (CER): mais uma oportunidade desperdiçada pela Apeoesp de organizar os professores. Em meio a todos os avanços com o golpe em nosso país, que imprimem uma situação cada vez mais favorável ao projeto de educação destes setores, continuamos reféns da política eleitoreira e paralisante da Apeoesp – em relação à qual a maioria da oposição continua não sendo alternativa de direção.

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Duas semanas depois da prisão arbitrária de Lula, mais de um mês depois da morte de Marielle, com a Reforma do Ensino Médio avançando a passos largos com notícias compradas na Folha de São Paulo, a pauta proposta do CER não incluía a necessária discussão de um plano de luta sério e construído na base da categoria.

Começou com uma discussão totalmente vazia de conteúdo sobre a integração da Apeoesp na recém criada Federação Estadual dos Trabalhadores na Educação de SP, que nunca foi seriamente debatida com o conjunto dos professores. Aprovou-se e só. O mesmo ocorreu com a aprovação do regimento da VII Conferência Estadual de Educação, que ocorrerá no fim deste ano: nenhum debate sobre a importância política deste espaço, porque construí-lo, como construí-lo, nada; leia-se o regimento. Nenhuma preparação dos conselheiros para construção real destes espaços; mas claro, condiz com a orientação que sempre vimos ser imposta pela majoritária, que é a de manter a base somente nas escolas, apartadas da política feita pela cúpula do sindicato.

No momento seguinte, só vimos Bebel defendendo seu “método de luta” que se resume a reuniões com a Secretaria da Educação e processos jurídicos, que nós professores já sabemos que é infrutífero quando ocorre sem uma organização e mobilização real de toda a categoria. “Conseguimos uma nota do secretário de que a privatização foi retirada da pauta do governo. Agora queremos uma nota de comprometimento também do novo governador de que o CIS não será aprovado” – como se notas fossem nossa garantia, sem termos imposto o recuo do governo com a nossa mobilização. A privatização é o grande objetivo dos golpistas, não podemos confiar em notas.

A mesa também somente informou sobre a – totalmente necessária – campanha em defesa da Educação, com mote “A escola pública é nossa!”, que contará com cartazes, outdoors, adesivos e programas de TV. Muito necessária por conta dos tantos ataques consecutivos às condições de nosso trabalho e de ensino dos alunos, e que precisa urgentemente atingir cada professor, aluno, funcionário, parente de aluno da escola pública deste estado. Porém, da forma como a direção encaminha, novamente é uma iniciativa apartada da categoria. Essa campanha deveria estar sendo construída pelo sindicato em cada escola com cada professor, para que a base toda tomasse em suas mãos a realização dessa campanha.

Porém, na mesma toada que expusemos anteriormente, não é interesse da Chapa 1 do PT e PCdoB que os professores assumam o controle. Porque, em primeiro lugar, se os professores se tornassem protagonistas desta campanha, ela poderia ser o prelúdio de uma mobilização real e sem controle total do sindicato – o que a direção sempre quer evitar (por isso inclusive, sempre que pode, só alimenta o rechaço dos professores contra a sua organização sindical). E em segundo lugar, porque o interesse da majoritária com a campanha é diretamente de desgaste eleitoral de Alckmin para favorecer a candidatura petista para o governo do estado. Prova disso é que toda a orientação da campanha colocada pela própria Bebel hoje na reunião era de que “vamos mostrar o que Alckmin fez e não fez para a educação de São Paulo”. É claro para todos nós que Alckmin, a frente do governo, foi um dos que trabalhou incessantemente para precarizar e esvaziar cada vez mais a educação pública para abrir caminho para a privatização. Mas é claro também que não é só o seu governo ou um projeto pessoal seu, é um projeto de toda a classe dominante, como estamos vendo com todos os avanços que estão ocorrendo a nível federal e em todos os estados (dentre eles, Minas Gerais, comandado por Pimentel do PT, que passa hoje por uma intensa resistência dos professores, mesmo depois de apanharem da polícia e serem abandonados pelo seu sindicato dirigido também pelo PT). Por isso, não deveria se tratar de desgastar a figura de Alckmin, deveria se tratar de levantar uma resistência realmente forte contra a destruição da escola pública comandada por todos os representantes deste projeto.

A política de não preparação dos conselheiros ficou ainda mais evidente pela forma como foi exposta a continuidade do golpe em nosso país. Este, que deveria ser o mais importante e longo debate de toda a reunião para aprovação de um plano de luta real (como defendemos neste artigo), foi aberto somente com uma autoproclamação demagógica da direção de que defendem a democracia, de que não se esquivam das lutas que transcendem à educação, e que por isso cancelaram a última assembleia do dia 6 (demagógica sim, pois nunca se colocaram ativamente para defender nenhuma categoria da classe trabalhadora atacada e em luta).

Revestida de uma série de elogios morais a Lula, a defesa da direção parecia só querer reafirmar seu acerto com o cancelamento da assembleia e enaltecer cada vez mais o seu candidato à Presidência.

E neste ponto, que foi o único abordado nas poucas e já distribuídas falas abertas para o plenário, a oposição em nada mostrou uma proposta diferente de como encarar a reunião. Uma parte da oposição (com o Mais a frente) pontuou uma única crítica à chapa majoritária, que foi não ter consultado a toda a direção sobre o cancelamento da assembleia, através da qual teriam concordado com o cancelamento; e não apresentaram nenhuma proposta de ação. A outra parte (com PSTU a frente), se agarrou em sua convicção de que não estamos em meio um golpe contra toda a classe trabalhadora, e somente quis demarcar sua posição de que o cancelamento da assembleia foi um “golpe de Bebel” (levando inclusive uma faixa com esses dizeres). Ou por adaptação completa à política da majoritária, ou por uma denúncia contra a burocracia totalmente vazia de conteúdo político, ambos os setores da oposição não levantam a necessidade de mobilizar a categoria para lutar contra o golpe e suas consequências para a educação.

E saímos somente com uma definição desta reunião: a marcação de uma próxima assembleia da categoria em meados de maio.

Nós professores precisamos urgentemente debater em nossas escolas o que fazer frente os avanços do golpismo contra nós e contra a educação. E também começar a ocupar os espaços do sindicato para retomarmos este como nossa ferramenta de luta, expulsando a burocracia que o usurpa e pressionando a oposição para que se centralize pela luta.

 
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