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PARALISAÇÃO UNESP
Estudantes da UNESP/Araraquara irão paralisar na segunda-feira 02.04
João Paulo de Lima
Estudante de Ciências Sociais - UFRN

Os estudantes da UNESP/Araraquara fizeram, no dia 28/03, uma assembleia geral com indicativo de paralisação para o dia 02/04, dia em que o Reitor Sandro Roberto Valentini irá participar de duas reuniões, uma no campus e outra no IQ(Instituto de Química).

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A paralisação está ocorrendo como forma de protesto contra a defesa da reitoria do “Plano de Sustentabilidade Financeira”, que na verdade significa a “PEC do fim da UNESP”, a falta do “bandeijão” e a precariedade da moradia estudantil. Essa PEC representa uma série de ataques contra professores, estudantes e funcionários.
Com mais de 50 mil alunos, sendo uma das maiores universidades do Brasil, a UNESP conta com uma defasagem atual de 850 docentes, chegando a se falar do risco de fechamento de cursos. A UNESP vem tendo dificuldade para arcar com a folha de pagamento de seus funcionários, o que impede qualquer efetivação de novos professores. O repasse recebido da UNESP do ICMS permanece congelado desde 1995 na casa de 2,34%. Mas, naquela época a universidade não contava nem com a metade do número de alunos e funcionários atual.

Além da falta de docentes, gerada pelo fato de que aqueles professores que são aposentados não vêm mais sendo substituídos, a UNESP enfrenta uma série de outros problemas gerados por sua crise financeira, que comprometem a qualidade de ensino e a estrutura da universidade. Há muitos professores sobrecarregados, incapazes de realizar monitoria. Muitos cursos que necessitam de saídas de campo não vêm mais as realizando e o RU de Araraquara já se encontra sem funcionamento. No campus de Araraquara, a precariedade da moradia estudantil traz inúmeros transtornos a seus moradores que sofrem com os problemas estruturais do espaço.

Deve-se lembrar também da aprovação no dia 15/12/17 na ALESP a PL 920, um acordo entre Alckmin e Temer para renegociar a dívida pública do Estado de SP, depositando o peso da crise nas costas dos funcionários públicos. A PL prevê que para que haja a renegociação da dívida o governo estadual se comprometa com o arrocho salarial dos servidores públicos, assim como garante que não haverão aumentos salariais concretos aos servidores. Para renegociar suas dívidas com a União, flexibilizando prazos, o estado oferece em contrapartida o comprometimento de não aumentar investimentos nas áreas sociais. Esse projeto segue a mesma lógica da Emenda Constitucional 95, aprovada pelo governo golpista de Michel Temer, que congela os investimentos públicos por 20 anos e que ficou conhecida como PEC do Teto ou PEC da Morte.

Além disso, o Reitor Sandro, que possui um imóvel em seu nome em São Paulo, recebeu, só no ano passado, R$56.329 em “diária constante”. Os gastos da reitoria com diárias subiram R$92,4 mil em seu primeiro ano de gestão. Enquanto isso continuamos sem RU desde 2015. O RU (restaurante universitário) é uma política de permanência estudantil necessária para uma universidade que preze a qualidade do ensino, pesquisa e extensão (tripé universitário), ainda mais no contexto de implementação do Sistema de Cotas para alunos provenientes de escolas públicas e alunos que autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. Acreditamos que não basta o acesso à Universidade Pública, a UNESP deve criar as condições necessárias e suficientes para que todos os estudantes da UNESP mantenham-se e estudando e com bom rendimento escolar. Em suma, esperamos também que o bandeijão possa ser usufruído por toda comunidade acadêmica.

Como vemos em um documento sobre a “Sustentabilidade Orçamentária e Financeira da UNESP”, a projeção financeira dos possíveis futuros cenários econômicos da universidade é feita por instituições financeiras Top 5 (Trata-se de denominação utilizada pelo Banco Central no boletim Focus). Pesquisando sobre o que é o boletim (ou relatório) Focus, descobrimos que este relatório é um documento organizado pelo BC (Banco Central) que divulga projeções de economistas de bancos, corretoras, agências de câmbio e outros participantes do mercado financeiro e do setor empresarial. O Focus é basicamente um termômetro do mercado. Como é dito na reportagem da Nexo Jornal, “As instituições que mais acertam as projeções formam o “Top 5” e têm a média de suas projeções publicadas com destaque. Fazer parte desse grupo dá prestígio às instituições financeiras, já que os clientes esperam delas a capacidade de fazer projeções com um bom grau de acerto. No mercado, a leitura correta da conjuntura econômica significa lucro maior.” Diante disso, podemos nos perguntar: qual é o interesse dessas instituições financeiras ao participar do Plano de Sustentabilidade Financeira? Não temos duvida que a universidade pública, mantida com os impostos pagos pelos trabalhadores, nega a eles o acesso, restringe a eles a permanência, e volta sua produção de conhecimento a fins privados. Também não temos dúvida que o objetivo é privatizar a educação para defender o lucro dos capitalistas, principalmente num momento de crise econômica.

É um ataque planejado pelo PSDB e Alckmin, que buscam sucatear a educação pública nas universidades. Em novembro do ano passado, o próprio reitor da UNESP Roberto Valentini defendeu em entrevista à Folha de São Paulo o fortalecimento das parcerias público-privadas. Esse então é o ponto sensível de todo projeto tucano: sucatear para justificar a privatização e as parcerias com os grandes capitalistas que querem lucrar não somente com ensino, mas com todo o potencial cientifico e tecnológico produzido nas universidades. O governador Alckmin chegou a declarar que durante os governos do PSDB “privatizamos tudo, só não privatizamos o que não tinha comprador”.

 
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