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O QUE EXPRESSA A ENTREVISTA DE LULA?
Entrevista de Lula reafirma o freio à luta de classes e diálogo com golpistas
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro
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A entrevista dada por Lula ao jornal Folha de São Paulo referendou a linha que vem sendo implementada desde que a sua condenação arbitrária foi anunciada, como produto do aprofundamento do autoritarismo Judiciário. Tal como já vinha sendo feito, Lula mostrou que está seguindo com sua campanha eleitoral, mesmo tendo em vista que cada vez mais é provável que sua candidatura será impossibilitada. Faz isso apostando na imensa crise orgânica que assola o país, que aprofunda a dificuldade da burguesia em encontrar um nome para as eleições que possa a um só tempo hegemonizar o centro político, e mostrar-se viável como candidatura atrativa.

Embora nem ele pareça alimentar mais a esperança de que a burguesia chegue à conclusão de que seria melhor apostar em sua candidatura para recompor o regime, Lula reafirma um discurso de respeito à institucionalidade, mesmo que essa esteja se tornando cada vez mais golpista. Reforçando que não convocaria o povo para se mobilizar, Lula mostra aos olhos de todos que ainda poderiam ter alguma dúvida que a única política que levará adiante é a política do PT de ser um freio para a mobilização dos trabalhadores.

Dessa maneira, como não poderia deixar de ser, reforça a estratégia de derrota dos trabalhadores levada adiante ao longo de décadas pelo PT, que não apenas contribuiu para o golpe institucional ao privilegiarem os acordos com os próprios golpistas, como mesmo agora segue sendo a tônica de sua atuação. Tal como não barraram o golpe, e nem falar as reformas que mesmo hoje Lula se nega a criticar, sendo coerente com sua estratégia de no máximo defender concessões mínimas aos trabalhadores enquanto se gaba dos altos lucros que os banqueiros tiveram em seu governo, agora mostra que sequer se defender do autoritarismo judiciário por outros meios que não os recursos jurídicos está em questão.

“E de repente eu vejo o tal do mercado assustado com o Lula. E eu fico pensando, quem é esse
mercado? Não pode ser os donos do Itaú. Não pode ser os donos do Bradesco, do Santander”.

Não contente em se gabar por ter favorecido os bancos, como mostra a citação acima, Lula chega mesmo ao cúmulo de reivindicar a “coragem” de Temer de enfrentar a Globo durante o escândalo das delações de Joesley Batista, quando abriu-se no país uma conjuntura de vazio de poder. Naquele momento poderia ter-se colocado a possibilidade, caso as centrais sindicais rompessem efetivamente sua trégua com o governo, de levar não só à queda de Temer e dar um fim no aumento do autoritarismo judiciário, como ainda barrar a infame Reforma Trabalhista.

Lula afirmou ainda que está

“convencido de que os americanos estão por trás de tudo o que está acontecendo na Petrobras”.

Mas a própria ligação de Moro e da Lava Jato com setores do imperialismo norte-americano, que já foi recorrentemente relatada não leva a nenhuma constatação prática para Lula. Mesmo com o desmonte da Petrobras e o avanço privatista contra setores estratégicos do país, como é o caso da Eletrobras, o discurso de soberania nacional adstringida de Lula não indica de forma alguma que se disporia a reverter a entrega inquestionável de recursos nacionais ao imperialismo. Pois se em geral é verdade que isso implicaria em luta de classes, esse fato é ainda mais claro num momento como o atual cenário político nacional e internacional. Para reverter esse avanço do imperialismo haveria que colocar em movimento os trabalhadores, algo que Lula orgulha-se de ter feito justamente o oposto ao afirmar na entrevista em questão que em seus governos houve menos greves que em todos os anteriores.

“Eu tenho orgulho de dizer que o meu governo foi o período em que os empresários mais ganharam dinheiro, os trabalhadores mais ganharam aumento de salário, em que geramos mais empregos, em que houve menos ocupação no campo, na cidade, e menos greve. Eu trago comigo essa honraria de saber conviver com a sociedade brasileira”.

Com afirmações como essas torna-se claro que a defesa das conquistas democráticas mais mínimas e elementares que estão sendo atacadas hoje, com a intervenção federal no Rio e com a condenação arbitrária de Lula, devem ser defendidas pelos trabalhadores com seus métodos. O próprio PT e Lula são incapazes de dar esse combate básico. É só através de uma frente-única que reúna os enormes batalhões da classe trabalhadora do país, em movimento contra esse sequestro de um dos únicos direitos políticos que têm, o de eleger quem quiserem, que há possibilidade de reverter mais esse ataque, abrindo caminho para o combate pela revogação da Reforma Trabalhista e da Reforma da Previdência. Nesse sentido, a luta pela garantia dessa demanda democrática se dá como um combate contra o PT, Lula e sua estratégia.

 
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