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CENTRAIS SINDICAIS
Quando uma escola de samba faz mais que as centrais sindicais
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro
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O ano de 2018 está marcado por grandes inflexões. O avanço do autoritarismo judiciário com a condenação arbitrária de Lula, e a impotência absoluta do PT em resistir a isso, e menos ainda em lutar contra os ataques como a reforma trabalhista e da previdência deram o tom no início do ano. A CUT e as demais centrais sindicais assistiram impassíveis ao ataque do judiciário. Como ocorreu em 30 de junho de 2017, quando se colocou a necessidade de uma dura batalha contra a reforma trabalhista, não organizaram qualquer resistência e traíram a disposição de luta dos trabalhadores.

É em meio a esse pano de fundo que veio do carnaval uma demonstração de que existe uma potencialidade que deve ser ativada contra Temer e seus ataques, e o autoritarismo Judiciário, caso a posição das centrais sindicais não fossem tão absurdamente inertes. A imensa repercussão do desfile da Tuiuti, que foi classificada como vice-campeã das escolas de samba do Rio de Janeiro, deu voz ao grito entalado nas gargantas de milhões de trabalhadores. Como já foi amplamente debatido em vários outros artigos aqui, a denúncia de que a escravidão segue sob a forma (mal) assalariada, e que os “manifestoches” da Fiesp atuaram em prol de alçar um governo golpista que ataca os trabalhadores encontrou eco nas massas. A arte expressou as contradições mais profundas do capitalismo em decadência do país, e o anseio de milhões de viver em um país em que a escravidão de ontem e hoje seja derrubada. Foi um dia em que uma escola de samba fez mais que as centrais sindicais.

Essa demonstração emocionante gerada pela Tuiuti, que comoveu o povo brasileiro, os negros, os trabalhadores tem que sair do âmbito da arte e se transformar em luta de classe. Isso porque é a partir da entrada em cena dos trabalhadores que se pode organizar uma verdadeira resistência aos ataques anunciados, capaz de derrota-los e armar os trabalhadores para ir por mais. E para isso é fundamental que se supere a orientação das centrais sindicais.

A CUT e a CTB convocaram um dia de jornada de luta nacional em 19/02, mas como já é de praxe não organizaram nada que esteja à altura da batalha a ser dada para barrar a reforma da previdência e impor a anulação da trabalhista. No site da CUT tem quase mais destaque para a orientação de “pressionar” os parlamentares via email para que não votem a reforma da previdência, que o chamado a parar no dia 19/2. Se depender da vontade da burocracia sindical essa seguirá rastejando detrás do calendário parlamentar rezando para que o governo não tenha maioria para aprovar a reforma da previdência, o que significa na prática dar a esse tempo para articular a aprovação da reforma. Um atentado contra os interesses da trabalhadora.

Tanto é assim que Rodrigo Maia anunciou o início da discussão da reforma da Previdência para terça-feira da semana que vem, enquanto em conchavo com Temer os empresários tendo à frente Paulo Skaf, presidente da Fiesp, comprarão os votos dos deputados em troca do financiamento de campanha. Graças ao imobilismo das centrais o governo que não contava com ampla margem de manobra para votar a reforma, ganha tempo. Costuram na cara do povo e dos trabalhadores a sangria dos nossos direitos.

Ao não organizar a greve geral, as centrais como a CUT e a CTB estão dando o maior presente a Temer, Maia e os golpistas: ganhar todo o tempo do mundo para chegarem num acordo sobre como votar a reforma da previdência - como ocorreu com a reforma trabalhista. Esta reforma reacionária não será barrada com cliques, ou uma ’pressão parlamentar’, e sim com os métodos da luta de classes, paralisando os principais centros da economia nacional. Basta de dar tempo aos golpistas!

Discursivamente um ou outro setor da burocracia sindica fala em parar contra a reforma. Mas o momento não exige palavras, mas ações. Há que preparar uma verdadeira batalha de classe. Isso renova a importância e a urgência de que os trabalhadores se organizem, e que exijam das centrais sindicais como a CUT, CTB e todas as demais que e coloquem todo o seu aparato a serviço de organizar uma greve geral. Se setores importantes dos trabalhadores, como os rodoviários de São Paulo paralisassem no dia 19/2, isso deveria servir como uma plataforma para a organização de uma luta consequente contra a reforma da previdência, pela revogação da trabalhista.

Mas não apenas isso. Para que se imponha com os métodos dos trabalhadores, a luta de classes, uma nova realidade política no país ao levantar junto com essas lutas o combate para que a classe trabalhadora possa eleger quem quiser, sem o sequestro desse direito democrático pela casta do Judiciário. É nesse sentido que o Esquerda Diário, MRT e as agrupações que impulsionamos junto a independentes veio realizando panfletagens e está colocando com todas as suas forças a necessidade de avançarmos nesse sentido.

 
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