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REFORMA ESCRAVISTA
Por que a Tuiuti está certa ao comparar a Reforma Trabalhista com trabalho escravo?
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

“Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?”. Essa foi a pergunta que a escola Paraíso Tuiuti buscou responder em seu desfile. Captando o ódio popular contra o golpe e as suas reformas, Tuiuti deu exemplo de tribuno e escandalizou ligando o legado histórico da escravidão negra no país com a nova lei trabalhista. Afinal, porque estiveram certos em ligar os pontos e questionar o fim da escravidão no país?

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Quem achou que o desfile da Tuiuti foi com base em “desinformação” se restringiu ao privilegiado e chefinho do golpe, Rodrigo Maia, e a trupe de manifestoches das redes.A grande parcela da população entendeu na pelea realidade exposta em rede nacional, com muito constrangimento por parte da Globo.

A realidade de quem conhece seu dia a dia de trabalho, desde o transporte público, às condições muitas vezes precárias e mal remuneradas do trabalho. Uma verdadeira escravidão assalariada nos postos de trabalho informal, ainda mais quando terceirizados, temporários. Toda essa realidade, é a cara “moderna” da Reforma Trabalhista, segundo Temer, Maia, Frota, todos os golpistas do Judiciário e do Congresso.

A começar pelo que a burguesia brasileira nem se coça em deixar explícito. A legalização da escravidão no campo graças a nova lei trabalhista. O trabalhador rural, que até hoje é composta majoritariamente pela população negra e indígena (muitas vezes nas próprias terras expropriadas de seu povo), poderá ser remunerado por qualquer espécie, não necessitando que lhe seja pago um salário. Um abrigo, alimentação, escambo, respeitando as “tradições” escravistas do campo, permitida pela nova lei.

Veja aqui o mapa do trabalho escravo no Brasil.

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Além de não ter gerado tantos empregos como Maia prometia, os novos postos de trabalho já demonstram que o aumento na informalidade veio para acabar com as condições de vida do trabalhador, tornando todo mundo semi-empregado. Informais, com salários de R$ 153,68, ou R$4,50 a hora em fast foods e lojas de departamento, rotativos ao ponto da juventude negra e trabalhadora viver a procura de emprego, mesmo quando empregado. Por fim, terminam em empregos temporários que resultam em uma carga horária de 12h diárias. Não tem tempo para estudar, ou ter vida social, tempo com a família.

A nova lei da terceirização, generaliza a forma mais precária de trabalho no capitalismo, que serve, em primeiro lugar, para relegar os serviços de limpeza, telemarketing, aos mais precários na produção, às mulheres negras. Aos transexuais e travestis, muitas vezes. Postos que o patrão prefere pagar a uma empresária um valor três vezes superior ao salário inferior ao mínimo, miserável, que a empresa paga ao trabalhador. Tudo isso para poder burlar descaradamente direitos enquanto cria uma nova forma de lucrar em cima da superexploração desses trabalhadores.

7 pontos da Reforma Trabalhista que tornarão a vida do trabalhador brasileiro um inferno

São mais de 250 empresários, dentre eles os mais ricos do mundo ou do país, que fazem suas fortunas desse nível de exploração. Esses são alguns exemplos de como a reforma Trabalhista está vinculada a ampliação da escravidão assalariada e explícita no nosso país. O governo Temer reduziu em quase ¼ as operações contra trabalho escravo no país, além de ter tentado publicar uma portaria que banalizaria esse tipo de situação no campo.No capitalismo brasileiro, trabalho escravo virou modalidade desde a escravidão negra, e a agenda neoliberal reformista expõe o nível de degradação social ele está disposto a regulamentar, ainda chamar de “moderno”.

A energia que o ódio popular carrega contra essa realidade é muita, mas as centrais sindicais insistem em trair os trabalhadores e boicotar a sua vontade de luta. No próximo dia 19, o Esquerda Diário participará do Dia Nacional de Lutar para exigir que essas centrais saiam “bloco do corpo mole” e organizem nos seus sindicatos uma greve geral antes que os golpistas e patrões negociem e consigam votos para a Reforma da Previdência. Chega de colocar os trabalhadores a reboque da agenda neoliberal e golpista do Congresso.

Transformar a jornada de luta em exigência a greve geral contra as reformas e pelo direito de votar em quem quiser

Essa luta também pode servir para revogar a Reforma Trabalhista e dar uma saída dos trabalhadores para a crise no país, mirando em primeiro lugar nos privilégios da casta do Judiciário, política e capitalista. Essa democracia degradada, usa os mesmos métodos autoritários do judiciário racista para perseguir politicamente o direito elementar do povo decidir em quem vai votar (mesmo que seja Lula), já provou a todos que é cada vez mais antidemocrática para atacar direitos históricos dos trabalhadores.

Nesse sentido, a luta contra as reformas também deve servir para exigir o direito do povo poder decidir em quem votar. Mas também não depositamos qualquer esperança na possibilidade de Lula, caso eleito, reverter qualquer reforma. Somente a continuidade dessa luta poderia exigir eleições de representantes de uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, que tenha como primeira tarefa reverter a Reforma Trabalhista e toda agenda neoliberal do golpe, apagar esse período da história do país, assim como tornando revogáveis os mandatos de políticos e juízes (que passem a ser eleitos por sufrágio universal). Ao mesmo tempo, essa Constituinte será capaz de impor que seus privilégios sejam reduzidos ao salário de uma professora (por sua vez, deverá receber o salário base do DIEESE), com o combate a corrupção sob responsabilidade de juris populares.

 
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