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MACHISMO
200 milhões de mulheres no mundo são afetadas por mutilação genital
Redação
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Mulher reproduz parte da cerimônia de circuncisão, em Uganda – YASUYOSHI CHIBA /AFP

Segundo um dado divulgado terça-feira dia 6 pela Organização das Nações Unidas (ONU), 200 milhões de mulheres ao redor do mundo são afetadas pela prática de mutilação genital. A mutilação genital feminina é uma prática recorrente em muitos lugares, sobretudo países da África, apesar de em muitas culturas ser justificada, na maioria das vezes sob a ótica religiosa, como sendo benéfica para a saúde e para a moral das mulheres, ela incorre em diversas complicações na saúde feminina, além de tirar destas mulheres o papel de sujeito da sua própria sexualidade, uma vez que elas são privadas do prazer sexual mas permanecem obrigadas a casarem-se e gerarem filhos.

Sendo justificada como prevenção contra um estilo de vida devasso, livração de pecado e até como forma de evitar problemas mentais e deficiências, a circuncisão feminina é feita muitas vezes de maneira que pode levar a problemas até mais graves do que o previsto, como no caso de Kedija, uma jovem de 25 anos que teve sua vagina costurada e a vulva retirada quando era apenas uma recém nascida. Devido isso, Kedija sofreu de incontinência urinária e sempre teve muitas dores durante seu período menstrual e durante as relações sexuais com seu marido. Além de cirurgias como a de Kedija, também há relatos de circunstâncias anti-higiênicas, como casos em que uma mesma faca era usada durante um dia inteiro para fazer a cirurgia em várias meninas, o que poderia causar infecções e transmissão de doenças.

Apesar de já ser ilegal na Etiópia, nove entre dez mulheres em Afar passaram pela mutilação genital, muitas delas antes mesmo de completar um ano de vida. Em Asaita, antiga capital de Afar, um único hospital que opera com falta de recursos tenta atender a demanda de mulheres que sofrem com as complicações da mutilação, muitas delas com dificuldades para dar a luz e para manter relações sexuais, uma vez que a cirurgia em muitos casos conto com a obstrução do canal vaginal, causando complicações para a vida toda destas mulheres.

Há um combate a esta prática na Etiópia principalmente por parte de mulheres que sofrem com as consequências da mutilação e não querem que as futuras gerações sofram com o mesmo problema, apesar disso e da legislação, muitas crianças ainda são submetidas à prática que leva com que toda a vida sexual destas mulheres esteja subjugada pela vontade dos seus pais e maridos, em um nível de falta de liberdade e brutalidade que assusta até mesmo quem está acostumado com o machismo dia após dia.

No entanto, é necessário ressaltar que a condição das mulheres de países como a Etiópia não deve servir de justificativa para xenofobia ou intolerância, o machismo é disseminado em nível mundial e utilizado para agravar as condições de exploração de mulheres ao redor de todo o globo, por mais que se usem diferentes justificativas para sua existência em cada cultura, ele está presente no mundo todo e se expressa de forma mais brutal nos países mais explorados justamente graças à exploração. A falta de recursos na Etiópia por exemplo, agrava ainda mais as condições de vida das mulheres afetadas pela mutilação e esta conta não deve ser retirada do fato de que o imperialismo suga os recursos e explora os trabalhadores destes países diariamente e o fazem justamente se utilizando de uma inferiorização destas culturas. É necessário que se cesse a mutilação genital em todos os lugares, mas também é necessário que se cesse a exploração dos países da África por meio do imperialismo.

 
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