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SOBRE JULGAMENTO DO LULA
PSTU e a esquerda golpista: juntos ao judiciário contra o direito de milhões votarem em quem quiserem
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy
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O PSTU, junto à tropa de outras seitas sindicalistas e golpistas, segue o mantra que o posicionou como quinta roda da direita no golpe institucional: para se delimitar do PT, não encontra nada melhor que se utilizar das ferramentas argumentativas dos golpistas. Fingindo não ver o crescente autoritarismo do Estado e do poder judiciário contra os direitos democráticos da população trabalhadora, deixam essa defesa nas mãos do PT e de sua burocracia sindical, contribuindo à política do regime golpista de apagar a classe trabalhadora da cena.

Em um artigo que brilha pelo cretinismo golpista, o PSTU nos revela que “seria preciso identificar um quadro no qual as liberdades democráticas das massas estivessem sob ataque”. Neste dia 24, três desembargadores buscam definir em quem milhões de trabalhadores poderão ou não votar em 2018. Trata-se de um rompante incremento do autoritarismo estatal contra um direito democrático elementar, qual seja: a de que a população trabalhadora possa votar em quem quiser, inclusive em Lula (por mais que o PT seja responsável, através de sua política de conciliação de classes, pelo fortalecimento da direita que aplicou o golpe). Somente uma profunda adaptação ao regime burguês pode explicar tamanha cegueira frente ao autoritarismo judiciário e seus processos arbitrários em base a conduções coercitivas, prisões preventivas arbitrárias, delações premiadas.

A cegueira dessa esquerda golpista é irmã gêmea de sua completa prostração frente aos mecanismos repressivos do Estado. O processo contra Lula é claramente arbitrário, pois seus fundamentos jurídicos são incomparavelmente mais frágeis do que os que pesam sobre praticamente todas as figuras políticas do golpismo, e se baseia na inversão do ônus da prova e numa condenação por fato que consta da denúncia. Todos mecanismos antidemocráticos importados do sistema judiciário imperialista estadunidense. É evidente que, se fosse para aplicar seriamente a Lei da Ficha Limpa – outro mecanismo arbitrário do Judiciário – toda a banda de mafiosos golpistas tampouco poderia se candidatar e não sobraria quase nenhum candidato conhecido de pé.

Frente a isso, o PSTU ajoelha diante do Estado e nos tranqüiliza, “não há nada que o Judiciário e a Polícia já não tenham experimentado e utilizado contra a classe trabalhadora” (sic!). "Juridicamente, faz toda a diferença saber se Lula cruzou a fronteira legal, mas isso é irrelevante no que diz respeito ao conteúdo político, o que realmente importa no debate da esquerda socialista". Um enorme aplauso à arbitrariedade estatal dos capitalistas e à violência policial, que já se impõem usualmente nos morros e favelas contra a população negra. Se depender do PSTU, essa bonapartização “irrelevante” do regime poderá seguir golpeando ainda mais forte a classe trabalhadora.

Sobre a Lava Jato, dizem que sendo essa uma operação de “saneamento” do sistema político, é “natural que nem todas as forças políticas sofram igualmente o ônus desse processo”. Assim, mesmo sendo uma farsa, para o PSTU a Lava Jato deve seguir fazendo seu trabalho de “atingir desigualmente os componentes do sistema político”, em primeiro lugar, o PT. Existe confiança mais cretina que essa numa Operação reacionária do judiciário, cujo único objetivo é substituir um esquema de corrupção com a cara do PT por um outro com o rosto da direita privatizadora?

Para superar o PT, os morenistas do PSTU e demais seitas sindicalistas não encontram melhor “sujeito político” que a... Lava Jato e o Judiciário. A classe trabalhadora como sujeito político independente não existe para a esquerda golpista que esteve à reboque da FIESP durante o impeachment.

Os trabalhadores organizados, com uma política de defesa irrestrita de todos os direitos democráticos políticos, teriam capacidade hegemônica sobre o conjunto da população pobre urbana e do campo para dar uma saída política independente da conciliação petista. Essa atuação é a que Lênin define como “tribunos do povo”, que reagem contra toda manifestação de arbitrariedade e violência do Estado. Ao abandonar a defesa dos direitos democráticos das massas, o PSTU deixa nas mãos do PT e de sua burocracia sindical esta defesa – que buscam confundir habilmente com a promoção da campanha de Lula – fazendo o jogo do petismo e bloqueando o surgimento de uma posição política independente dos trabalhadores.

Portanto, para o PSTU, estar na linha de frente contra os ataques do Estado aos direitos democráticos das massas, ao seu direito de votar em quem quiser sem interferência do judiciário, significa “ilusão no sufrágio”. Para evitar as “ilusões constitucionais”, a esquerda golpista fecha os olhos e permite que o Estado capitalista viole suas próprias leis para restringir ainda mais seu regime de dominação, mirando em primeiro lugar a classe trabalhadora.

Seria este o complemento perfeito de um partido que há algum tempo só falava de eleições, mas que agora desapareceu da política nacional?

Mais delirante ainda é a posição do grupo de jovens Negação da Negação, recém chamados de Transição Socialista: pedem que Lula mofe na cadeia e se organizaram animados pra marchar ao lado do MBL e dos patos da FIESP pra pedir a condenação.

Contra as sugestões desta esquerda adaptada aos avanços antidemocráticos do Estado, os marxistas revolucionários sempre estiveram na linha de frente qualquer ofensiva estatal sobre os direitos democráticos da população, batalhando em sua defesa com os métodos da classe trabalhadora.

Não apoiamos o PT – duplamente responsável pelo fortalecimento da direita que aplicou o golpe institucional e as contrarreformas - e batalhamos para mostrar para os trabalhadores que Lula não é nenhuma alternativa à direita golpista: mas rechaçamos qualquer tentativa de restringir ainda mais os direitos democráticos das massas, que hoje se expressa em seu direito de votar em quem quiser, inclusive em Lula.

O PSTU e os apêndices da política golpista na esquerda tem uma posição reacionária clara: se posicionam a favor das manobras do judiciário para que milhões de trabalhadores não possam votar em quem quiserem. Fazem o serviço daquele observador que diz diante de um cortejo fúnebre: “Espero que tenham sempre algo a carregar”.

 
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