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CEARÁ
Vídeo de assassinato bárbaro que chocou as redes sociais tem rápido parecer da PM, na comunidade LGBT alívio e dúvida
Redação

Após muita repercussão nas redes sociais, um bárbaro assassinato a machadadas no Ceará que levantou diversas hipóteses de ser um crime de LGBTfobia, foi investigado pela DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa), que concluiu que se tratava de uma briga de gangues.

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Em nota oficial, A Polícia Civil do Estado do Ceará informa que (...) "após um trabalho de apuração acerca da origem das imagens, foi constatado que se tratava do homicídio que vitimou Wesley Tiago de Sousa Carvalho (17), no bairro Praia do Futuro – Área Integrada de Segurança 10 (AIS 10), no último dia 30 de dezembro". O parecer do inquérito policial nega que se trate de crime LGBTfóbico. Esta notícia caiu como um alívio, mas segue suscitando dúvidas na comunidade LGBT visto que no vídeo a vítima é chamada de "viadinho". Se trata-se ou não de crime de ódio ou "mera" briga de gangues como afirma a PM, mostra por um lado o receio da comunidade LGBT de tantos casos que são ocultados, ou pelo outro lado, pelo alívio de se tratar da "barbárie comum" de "gangues" mostra a degradação social que vive nossa juventude sob o capitalismo, seja esta juventude cis, hetero, gay ou trans.

Porque a comunidade LGBT se comoveu tanto com este caso?

A primeira nota oficial que saiu sobre o vídeo que viralizava nos grupos de WhatsApp foi no Esquerda Diário assinado por Vírginia Guitzel, da Seção Gênero e Sexualidade. A partir de receber este vídeo no grupo da Setorial LGBT da CSP-Conlutas e ter informações que o vídeo apareceu pela primeira vez no Facebook (antes do bloqueio da rede social ao seu conteúdo) foi num grupo trans no Ceará.

Frente a realidade onde os assassinatos da população LGBT seguem, na maioria dos casos, sem qualquer investigação. E as investigações visam negar a existência de LGBTfobia como o caso de Kaique Augusto, jovem que foi atirado de um viaduto após sair da balada em São Paulo com amigos que foi tido como suícidio, João Donati em GO que também foi vítima da LGBTfobia e depois foi tido como "crime passional", ou casos ainda piores como a execução da travesti Laura Vermont pela polícia militar ou Verônica Bolina que ficou presa injustamente 2 anos piorando sua saúde mental, que já vinha debilitada fruto da sociedade capitalista e transfóbica que vivemos. A desconfiança sobre as investigações são infinitas.

Na matéria "Sob machadadas, Ceará tem primeira possível vítima de transfeminicídio" publicada pelo Esquerda Diário, Virgínia Guitzel dizia "Como ainda não há confirmações sobre a vítima, me faço pensar porque é tão fácil acreditar que esta seja uma vítima do transfeminicidio. É talvez, porque somos o país que mais mata pessoas trans? Será porque Dandara foi o primeiro caso a ser reconhecido como transfobia, enquanto mais de outras 100 mortes foram esquecidas? Talvez seja porque estamos nos acostumando com a barbárie capitalista de ceifar nossas vidas? Porque vivemos sob este perigo e medo constantemente que um vídeo que circule com tal dúvida já aumente nossas angustias? Nós sabemos o peso de pisar nas ruas de dia, de olhar por muito tempo para uma mesma pessoa, do desprezo, comentários e risos por onde passamos, no tesão e no ódio que provocamos. Sabemos que este caso não é só possível, como um fato cotidiano que é asfixiado todos os dias pela grande mídia e pela naturalização que tentam nos impor que viveremos sempre pela metade".

Nesta quinta-feira (04), a equipe do Esquerda Diário dialogou com a ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transsexuais) e Virgínia Guitzel recebeu ligação da Assessoria de comunicação da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará e nos comentou que "Sem uma grande mobilização virtual, se não fosse o alcance do Esquerda Diário e também de diversas figuras importantes do movimento trans e LGBT a se colocarem pela investigação deste caso, talvez um caso tão escandaloso e cruel como este, senão fosse a comoção, não teria chegado a nenhuma resolução. Após o caso Dandara, não podemos deixar passar mais nenhum. Me sinto muito mais aliviada e fortalecida por não ter deixado isso passar sem barulho, por não ter ignorado a possibilidade de ter sido contra a comunidade LGBT, e por saber que o movimento LGBT pode com essa exigência demonstrar a barbárie social que vivemos, com uma violência em nosso país escandalosa, que só pode revelar a profunda desigualdade social que vem aumentando com a crise econômica".

A barbárie capitalista e a luta contra este sistema

O escandaloso caso retratado nesta matéria revela uma realidade ainda pior. Segundo pesquisas, os casos de homicídio aumentaram nos últimos 10 anos em cerca de 166,5%. Numa população de 100 mil habitantes, neste ano de 2017 foi o maior registro de assassinatos de sua história, chegando a 5 mil. Entre 21 a 27 de agosto deste ano, chegou-se a quase uma morte por hora no Estado. Não à toa foi também o Ceará o Estado que ocupou o primeiro posto em transfeminicídios no Brasil em 2017.

Essa barbárie que é atribuída as gangues também demonstra o terror sob qual a classe trabalhadora é submetida. Num momento onde a desigualdade social aumenta fruto da crise econômica internacional e a politica do Congresso Nacional de descarregar nas nossas costas para salvar os grandes empresários e banqueiros e a crise social decorrente, com altos índices de desemprego e aumento da precarização da vida, estes episódios se repetem e são um retrato cru da miséria de vida que querem impor. Entre os setores LGBTs isso se dá com uma violência legitimada pelo alçar de figuras como Bolsonaro, cuja atuação e discurso dão aval para o país ser o primeiro em assassinatos LGBTs. É preciso almejar e resgatar um movimento LGBT que queira uma vida plena para além das margens da miséria do sistema capitalista e deste Estado.

 
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