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BRAÇOS DADOS COM OS GOLPISTAS
Após Lula perdoar golpistas, PT organiza próximo passo: agradar burguesia nacional
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC

A partir de artigo na Folha abre-se espaço para um debate oportuno. Novamente o PT se orienta para fazer o que sempre fez, procurar agradar os empresários. Preservam nossos inimigos do necessário combate. Assim não se combate a direita.

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Esta semana foi publicado artigo na Folha e este foi reproduzido por sites que apoiam o PT, onde a direção do partido reafirma sua eterna orientação: buscar agradar os empresários. Neste debate se reafirma a eterna orientação de Lula e do PT de buscarem nos capitalistas, nossos principais inimigos, aliados para combater a direita e assim, orientam a classe trabalhadora a abdicar do necessário combate contra nossos inimigos. Para debater justamente como esta orientação de conciliação de classes que é o que precisa ser superada que dedicamos este artigo.

Em documento elaborado pela direção do Partido dos Trabalhadores citado pela Folha de São Paulo e também por sites que defendem o PT, os objetivos do partido ficam claros: para eleger Lula, aumentar sua bancada parlamentar e presença nos governos municipais, precisam do aval da elite, é preciso fazer de tudo para “reconquistá-la”. Parte deste movimento é garantindo pelos sindicatos evitando que a classe trabalhadora possa cumprir qualquer papel independente na luta contra as reformas: assim se repete a tragédia de uma estratégia de conciliação de classes.

Agora com o julgamento de Lula no próximo dia 24, o PT se vê numa encruzilhada. Pois se trata de mais um passo para o judiciário intervir em um dos direitos mais elementares em uma democracia capitalista, o do voto, e esta antecipação do julgamento mostra mais um passo do judiciário depois do golpe institucional em tentar intervir na política. Porém, a necessidade de mobilização contra esse ataque do judiciário cruza-se com a dificuldade de fazê-lo uma vez que as centrais deixam passar todos ataques como a reforma trabalhista e sistematicamente desmarcam lutas contra a reforma da previdência. Deste modo, até mesmo nisso mostra-se a incapacidade do PT se enfrentar com a direita.

Com a conciliação com as elites políticas e com a burguesia não se alcançará em nada o desejo (e raiva) de muitos trabalhadores: derrotar a direita, se “vingar” dos empresários golpistas e que buscam retroceder direitos aos níveis de um século atrás. Ao contrário, a política do PT é se oferecer como uma alternativa de administração deste podre regime político e do capitalismo no país. Sua política impede o desenvolvimento da luta contra a direita e os capitalistas.

Nesta terça-feira (02), o Painel da Folha de São Paulo publicou a notícia que a direção do PT aconselha Lula a se reaproximar dos empresários nacionais, seus antigos amigos de época do governo. Se já era um anúncio à essas alianças sua declaração de que não "era mais radical, mas sim sabido"., há cerca de dois meses, representantes de grandes investidores procuraram a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, para uma conversa, segundo o mesmo Painel da Folha.

Essas declarações não demonstram nada "novo", só uma comprovação que Lula e o PT seguem com seu mesmo ideal de conciliar os interesses da classe trabalhadora com os empresários, como único horizonte estreito de governabilidade para administrar o capitalismo. Em outras palavras, sua estratégia de favorecer os grandes empresários em troca de algumas concessões com o grande capital, não se alterou. Mesmo após o golpe institucional onde Dilma Rousseff foi destituída sem resistência, a sua derrota histórica nas eleições municipais em 2016, após um ataque histórico com a aprovação da Reforma Trabalhista, não aprenderam com nada.

Novas pesquisas mostram como apesar do aumento do salário mínimo e do nível de emprego a distribuição de renda piorou nos anos lulistas, a mesma estratégia de conciliação sem uma situação da economia mundial mais favorável significará não um retorno a melhores condições como muitos trabalhadores anseiam mas à aceitação dos ataques para agradar esta burguesia. Lula frequentemente discursa contra os ataques de Temer, porém centra sua verve na PEC 55, deixando de lado a terceirização e a reforma trabalhista, mostrando como a aceitação destes ataques é parte do aceno aos empresários.

Este aceno de que sim administrará este capitalismo podre e racista sem, novamente, tocar-lhe as raízes é a continuidade da política de “perdão dos golpistas”. Primeiro os oligarcas, depois os industriais e banqueiros. Repetindo em pleno 2018 o movimento realizado antes da eleição de 2002 que passou das alianças com velhos oligarcas a uma infame “Carta aos Brasileiros” que era na verdade uma carta ao FMI prometendo deixar intactas todas medidas de FHC.

Em entrevista, Lula reafirma a necessidade de alianças para conquistar votos e para conseguir maioria no Congresso para governar. Lula chega a dizer que "Renan [Calheiros] me ajudou a conversar esse país". Um plano nos marcos da democracia degradada, que cada vez mais demonstra seu caráter de ditadura velada da burguesia contra a classe trabalhadora. Por outro também revela a incapacidade do PT e seu "realismo" em resistir aos ataques ao conjunto da classe trabalhadora. Ao olhar a governabilidade nos marcos domesticados do capitalismo atua, de fato, contra a luta de classes, contra o desenvolvimento do movimento operário como um sujeito político independente.

Promovendo a desmoralização e o medo da direita: PT visa se reerguer

O PT sempre salvou o capitalismo e vai tentar mais vez. O problema é que o "gradualismo", a ideia de que se podia avançar progressivamente, de que as futuras gerações terão mais que as antigas, acabou. No décimo ano da crise internacional do capitalismo, cada vez é mais notável que a única saída progressista possível é avançando sob os lucros capitalistas, senão nossos direitos serão retirados. Cada avanço tecnológico é usado pelo capitalismo para piorar e não melhorar nossas condições de vida, é assim que o aumento da expectativa de vida significa no capitalismo que tenhamos que trabalhar ainda mais, avanços tecnológicos que tenhamos que ter jornadas intermitentes e novas barbariedades da reforma trabalhista.

Para aqueles que se revoltam com a política petista, é preciso ter consciência da tarefa que temos a frente: impedir a desmoralização que o PT impõe, após ter aberto caminho pra direita, aliando-se e fortalecendo-a em seu governo, assumido os métodos de corrupção e não ter lutado seriamente contra o golpe, e agora fazendo alianças com os golpistas, quando tentam esconder o fato de que com a crise econômica internacional eles terão que continuar salvando banqueiros e empresários às custas da classe trabalhadora, e por isso o PT irá administrar as reformas do golpista Temer pra poder manter a governabilidade.

O PT, se voltar a presidência, se prepara para manter a maior parte dos ataques, como já é parte de implementar ataques onde governa, como em Minas Gerais que está privatizando escolas e parcelando o salário do funcionalismo, ou até mesmo no Rio Grande do Sul onde, supostamente, são oposição e votaram junto a Sartori um pacote de ataques.

A esquerda brasileira tem oportunidades inéditas para dar visibilidade a uma luta anticapitalista. Apresentar um projeto verdadeiramente revolucionário que supere esta estratégia petista que além de desgastada, vem empurrando muitos trabalhadores a caírem no canto das sereis dos "políticos técnicos" que escondem a classe que defendem. Para isso, seguimos exigindo das grandes centrais sindicais que rompam seu imobilismo traidor, e preparem uma verdadeira greve geral para barrar a reforma da Previdência. Seguiremos lutando para que os trabalhadores retomem seus sindicatos para a luta de classes e pela construção de um partido revolucionário dos trabalhadores que se proponha a derrubar o capitalismo, e não salvá-lo.

 
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