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MACHISMO E RACISMO
Para mídia, casamento de Meghan com príncipe eleva a moral da mulher negra
Alessandra

O anúncio do noivado Meghan Markle com o Principe Harry ocasionou ataques racistas explícitos nas redes sociais, insinuações semelhantes em várias reportagens publicadas na imprensa, inclusive suposições grotescas, racistas e machistas sobre a possibilidade deste acontecimento melhorar a auto-estima das meninas negras no Brasil.

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No Brasil, onde temos uma população de maioria negra, o novo casal real, mesmo distante de nossa realidade em todos os sentidos, reforça o racismo presente na nossa sociedade: o colunista de O Globo sugere que este noivado pode representar um sopro de autoestima para as meninas negras.

Matéria publicada pelo o Globo hoje

Esta matéria cita ainda o estudo do psicólogo americano Kenneth Clark que realizou uma pesquisa que se tornou referência para avaliar que imagem a criança negra tinha de si mesma e qual o impacto do racismo em sua autoestima. Duas bonecas iguais, uma branca e outra negra, foram colocadas diante de meninos e meninas, com idades entre 6 e 8 anos, que responderam a algumas perguntas, como “Qual é a boneca boa?”, “Qual a boneca má?”. O resultado: 85% das crianças apontaram a boneca branca como a linda e boazinha e a negra como a feia e má. Fato que é perceptível na escola em algumas ocasiões em que as meninas negras não se identificam como negras mas sim molenas, por já sofrerem racismo desde pequenas.

No entanto, as posições de destaque na sociedade, seja no cargo de CEO de uma grande empresa, como presidente da república e até princesa não podem significar um avanço como se está sugerindo, já que a mudança na condição social de uma mulher negra ao casar-se com um homem branco, ( ainda que engajada ) não significará automaticamente a melhoria da vida das milhares de mulheres negras, as quais sofrem cotidianamente ocupando os postos de trabalho mais precários e que se intensifica com a reforma trabalhista, da dupla ou tripla jornada, através da terceirização, somado a imposição dos padrões de beleza e mercantilização do corpo.

O fato de uma mulher negra se casar com um príncipe do Reino Unido ser visto como uma possibilidade de elevar a autoestima das meninas negras no Brasil, acaba passando por cima do que foi a figura da princesa Isabel, que assinou uma falsa abolição, reforça a ilusão da felicidade pelo casamento para a mulher (e pior ainda, um casamento real), assim como embeleza esta sociedade racista que relega as meninas negras a condição de sequer tomarem conhecimento de quem se trata a futura princesa Meghan e o príncipe Harry. Além disso o fato de Meghan ser divorciada não deveria chocar tanto, tendo em vista que atualmente as relações não possuem durabilidade tão grande em todos os extratos da sociedade.

Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança?
Que se fez de boazinha aquela cretina?
Assinou abolição, sem nos dar esperança (Tarja Preta)

Sabemos que no Brasil, a grande parte das meninas negras estudam em escolas públicas precárias não possuindo o acesso devido a história de Dandara, que lutou até o fim pelos seus ideais de liberdade. Morreu junto aos demais quilombolas no grande ataque contra Quilombo em 1694. O acesso ao conhecimento da história de Dandara assim como Aqualtune dos Palmares, Luíza Mahin e Carolina Maria de Jesus poderia ser um dos aspectos que favorecessem as meninas negras, assim como a valorização da sua identidade quando adultas através de melhores condições de trabalho e de salário e a não objetificação de seus corpos para consumo.

Dandara

 
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