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ESCRAVIDÃO NA LÍBIA
Em ato contra a escravidão na Líbia, grupo pan-africanista proíbe bandeiras e pessoas brancas
Redação

Organizações se retiram da marcha após intransigência da União dos Coletivos Pan-Africanistas.

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Este ano fomos surpreendidos com as denúncias da escravidão na Líbia, que, patrocinadas pelo governo italiano, estabeleceram um novo período de escravidão e medo para os negros que tentam uma vida melhor fora do continente africano, afogado na miséria por conta da ganância das potências europeias, que extraíram, além de bilhões de toneladas de riquezas naturais, como ouro, platina, diamantes e petróleo, milhões de vidas negras que foram feitas cativas nas Américas ou colonizadas em solo africano, e que sobre esses corpos negros ergueu o império europeu e posteriormente o imperialismo estadunidense. O nível de absurdo que representa essa realidade vivida pelos negros na Líbia revive um dos momentos mais tenebrosos da história da humanidade, que foi a escravidão negra, que durou mais de 300 anos, mostrando seu caráter racista e reacionário.

Frente a isso, se faz necessário a mais ampla unidade entre os setores da sociedade civil, como as organizações do movimento negro, dos direitos humanos, organizações de juventude, os partidos de esquerda, os sindicatos e todos aqueles que queiram se somar a uma forte campanha contra a escravidão na Líbia e contra as condições dos negros no continente africano, que possa não apenas denunciar mas sim derrotar uma medida absurda como essa, fazendo campanhas como a que impulsionarmos pelo Quilombo Vermelho em parceria com o Esquerda Diário, que denuncia a escravidão moderna na Líbia como parte da crise capitalista que assola o mundo e que demonstra como o capitalismo para se manter necessita aprofundar a exploração sobre os negros e se utiliza do racismo para atingir esse fim. Justamente pela importância dessa pauta, lamentamos que a postura burocrática e intransigente de uma organização Pan-Africanista, a União dos Coletivos Pan-Africanistas (UCPA), que destacou dois de seus integrantes para já na concentração abordar as organizações e coletivos que compareceram ao ato, dizendo que não poderiam portar suas faixas e bandeiras além de impedir a participação de pessoas brancas que aderiram à demanda da luta contra a escravidão e estavam participando do ato. Ambas posições não estavam expressas no texto de divulgação do ato.

Marcello Pablito, militante do Quilombo Vermelho e Diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP, explicou que "é absurdo que diante de uma pauta tão importante estes setores dividam as nossas fileiras impedindo as pessoas brancas de participarem deste ato e tentar impor uma mordaça que impede as organizações e coletivos de poderem levar suas faixas e bandeiras, é uma postura reacionária que nos divide quando deveríamos buscar a mais ampla frente única contra a escravidão e o racismo.Proibir a presença de bandeiras no ato é aberrante, pois fere um direito democrático, esse mesmo direito que dentro deste estado Racista em que vivemos não é minimamente respeitado. Diante disso infelizmente se impôs que os integrantes do Quilombo Vermelho não pudessem seguir compondo este ato, mesmo sendo uma das delegações mais importantes". Os integrantes do Quilombo Vermelho gravaram o vídeo abaixo.

A bandeira do Quilombo Vermelho continha os dizeres: O povo negro não está a venda. Contra a escravidão na Líbia! E era assinado por Quilombo Vermelho.

Lourival Aguiar, metroviário demitido político e doutorando em Antropologia, declarou: “esta medida é ainda mais absurda, pois não apresentaram nenhuma dessas questões na convocatória pública do ato. É um desrespeito com os setores que vieram se incorporar neste ato, como nós que aprovamos nossa participação neste ato em uma assembleia dos metroviários e trouxemos representantes da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do nosso sindicato." Além do Quilombo Vermelho, estavam presentes também integrantes da Educafro e Convergência Negra, que após a retirada do bloco do Quilombo Vermelho também foram "convidados a se retirar" por estarem também portando as suas bandeiras.

Nós do Quilombo Vermelho continuaremos denunciando a absurda barbárie que significa a escravidão na Líbia e reiteramos o nosso completo repúdio aos métodos burocráticos que tentam censurar a participação das organizações e correntes de esquerda ou movimentos que lutam contra o racismo de expressarem suas posições publicamente. Repudiamos também o cerceamento da participação de pessoas brancas nestes atos pois reivindicamos a unidade das fileiras operárias e de todos aqueles que queiram lutar contra o racismo e também contra o capitalismo.

 
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