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TRABALHADORES DA USP
Os trabalhadores da Prefeitura sabem do poder que detêm com sua força de trabalho!
Yuna Ribeiro, trabalhadora da USP
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Depois de uma greve forte como a de 2014 e da última paralisação em abril desse ano, que uniu todas as trabalhadoras e trabalhadores da Prefeitura do Campus da USP contra o assédio moral, o machismo e a homofobia, aumentam os fortes ataques da reitoria e da burocracia universitária para desmontar as Unidades de atividades meio (manutenção do campus, transportes, serviços elétricos, jardinagem, hospitais, centros de saúde, bandejões, creches etc.).

Os próprios reitores já declararam para toda imprensa, esses serviços podem ser terceirizados, com contratos que pagam os salários de fome do mercado e sem a menor estabilidade, a USP vai poder avançar em seu projeto para tentar conter nossa organização sindical. Abrindo espaço para mais ataques aos trabalhadores e para acabar com a missão pública da Universidade, que tanto lutamos para defender. Por isso tudo, agora é o próprio reitor que está cuidando da ameaça de transferência de todo o bloco da administração da Prefeitura para o prédio da Administração Central da reitoria, uma mudança que ele ameaça que seja feita a toque de caixa, sem a menor justificativa e respeito aos trabalhadores. Querem nos dividir e cometem os maiores absurdos para tentar enfraquecer nossa história de resistência e organização.

Nos 7 anos em que trabalho na Prefeitura, pude enxergar e sentir o efeito de todo esse desmonte, tanto em sua missão institucional, como na vida dos trabalhadores, que entregam seus 20, 30 anos de carreira num trabalho dedicado. O efeito é bastante pesado devido à força dos ataques ao longo de muitos anos, os trabalhadores mais velhos de casa estão vendo suas áreas cada vez mais esvaziadas, muitos não conseguem materiais básicos como uma broca ou lixa para trabalhar, não podem mais realizar o mínimo do que fizeram um dia, com a qualidade e cuidado que tanto prezam. Esses trabalhadores estão vendo paulatinamente diante de seus olhos, suas funções, e com isso muito de sua autoestima, morrerem.

Já os trabalhadores mais novos, principalmente os que têm dedicado sua energia para melhorar condições básicas de trabalho, se deparam todos os dias com uma burocracia acadêmica e administrativa cruel, que não tem o menor interesse em saber que um trabalho bem feito na Prefeitura dura por anos, enquanto serviços terceirizados precisam ser refeitos e quase sempre nem são entregues conforme a necessidade, sem contar as irregularidades que são encontradas nesses contratos, com trabalhadores em situação precária que não têm condições e segurança no trabalho. Justamente por tentarem mostrar esses problemas e buscar mudanças, esses trabalhadores da administração são marginalizados, sendo colocados sistematicamente de lado nas principais atividades de suas áreas, existem companheiras na Prefeitura com grande qualificação profissional que enfrentam restrição até mesmo para atender telefonemas.

E a vontade e determinação não são pequenas, nossa última paralisação mostrou do que esses trabalhadores são capazes e todo o potencial de quando nos unimos para enfrentar tamanhas injustiças. Mas estamos todos muito preocupados, a primeira parte da administração que será transferida é a mais próxima do prefeito, a mesma que é usada para articular e cumprir as ordens para que a Prefeitura seja, em muito pouco tempo, apenas uma gestora de contratos e de exploração de trabalhadores terceirizados, ou melhor, um órgão para lavagem de dinheiro dessas empresas, que quase sempre descobrimos ser de parentes de professores importantes. Essa parte da administração, a equipe do prefeito, tem peso nos rumos da Prefeitura, e daí vem a desconfiança do operacional em brigar pra que esses trabalhadores permaneçam, eles são usados como ferramentas do desmonte, ao mesmo tempo, que sem eles perdemos parte considerável de força para resistir à continuidade do desmonte. Mas o mais importante é impedir a divisão entre os trabalhadores operacionais e a maioria dos trabalhadores administrativos, que vêm dando exemplos de unidade, e essa luta ainda pode ser vencida.

Os trabalhadores da Prefeitura enfrentam isso todos os dias como rotina e perspectiva, além de uma campanha pesada de que seu trabalho não é mais útil para a Universidade há muitos anos, que tudo mudou, que as oficinas não fazem mais sentido, mesmo enquanto são explorados se desdobrando pra atender uma instituição com as dimensões de uma cidade, com mais de 50 unidades que fazem inúmeros pedidos de serviço, que se amontoam ou recebem a resposta de que não podem ser atendidos, junto é claro, da sugestão com orçamento e tudo de contratação por empresas particulares.

Os trabalhadores do HU, das creches, centro de saúde e bandejão devem saber e entender bem o efeito devastador que tudo isso tem na vida das pessoas que trabalham nessas condições, doenças ocupacionais, depressão, dependência de álcool e drogas são alguns dos efeitos, fico imaginando a repercussão disso tudo em família inteiras, pois são mães, pais e filhos sofrendo esse massacre.

Mas os trabalhadores da Prefeitura são fortes, foram eles que já fizeram barricadas de tijolos para proteger seus piquetes e seu direito de greve, são trabalhadores e trabalhadoras que já viraram muitas noites em momentos de luta, que bateram em mesas e mostraram aos acadêmicos dessa Universidade que não é fácil enganar, atropelar, impor ou prefeitar, foram eles que fizeram uma greve histórica de 20 dias para defender os direitos de mulheres e LGBTs de trabalhar com respeito e dignidade, são homens de mãos endurecidas pelo trabalho pesado, que se recusam a abaixar suas cabeças pois sabem do poder que detém com sua força de trabalho e são também mulheres que tomam a frente das principais lutas enfrentando pesadas opressões!

 
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