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BALANÇO DO III CONGRESSO DA CSP-CONLUTAS
A batalha por uma política de independência de classe no III Congresso da CSP-Conlutas
MRT - Movimento Revolucionário de Trabalhadores

Com mais de 1500 pessoas, diversas organizações da esquerda, trabalhadores de diversas categorias, e movimentos sociais de moradia, LGBTs, negros e indígenas, aconteceu entre os dias 12 e 15 de outubro o III Congresso Nacional da CSP-Conlutas, na cidade de Sumaré, em SP.

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O Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e o Movimento Nossa Classe estiveram presentes com uma delegação representando nossos trabalhos em São Paulo, onde fazemos parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) e temos diretores do Sindicato dos Metroviários e FENAMETRO e da APEOESP pela oposição, trabalhos onde organizamos dezenas de militantes. Também representamos nosso trabalho como oposição em bancários, aeroviários, correios, gráficos, sapateiros, telemarketing e terceirizadas da limpeza de várias estruturas. Do Rio de Janeiro, onde estamos na oposição em professores, na CEDAE e garis. No Rio Grande do Sul em rodoviários e professores. E Minas Gerais em professores, municipais de Contagem, metalúrgicos e siderúrgicos. E na Paraíba entre professores universitários.

As batalhas que demos no Congresso e a luta que segue pelo triunfo da luta do Rio Grande do Sul e por tomar o dia 10/11 em nossas mãos

Neste material sintetizamos as batalhas que levamos ao Congresso, assim como nas intervenções de nossos companheiros Claudionor Brandão, Danilo Magrão e Pablito, aqui destacamos alguns pontos que consideramos principais de balanço. Assim como Maíra Machado sintetizou as posições do MRT e do Movimento Nossa Classe no vídeo abaixo.

O Congresso aconteceu em meio a uma situação nacional onde vem aumentando elementos reacionários, fruto da correlação de forças que se abriu com o golpe institucional. Com o golpe, os empresários e golpistas queriam avançar mais nos ataques do que o PT já vinha fazendo contra os trabalhadores, e estão conseguindo. Mas há uma resistência de importantes setores, sendo a mais importante agora a grande luta contra Marchezan, Sartori e Temer no Rio Grande do Sul, encabeçada pelos educadores, mas também a greve dos metalúrgicos da Chery em São José dos Campos e greve da UERJ.

Por isso, a batalha central que demos como MRT e Nossa Classe no Congresso foi que dali saísse uma grande campanha nacional de solidariedade para que essa luta triunfasse, como a medida mais importante para que o dia 10/11, que ainda é uma data de mobilização votada essencialmente pelos metalúrgicos, pudesse ampliar sua força, a partir de um triunfo no RS. Batalhamos para que todos os setores da CSP-Conlutas se unificassem ao redor dessa solidariedade e da construção do dia 10/11 com um amplo trabalho na base das centrais burocráticas, chamando também o MTST e os parlamentares do PSOL a colocar seu peso a serviço da mobilização dos trabalhadores para impor que o dia 10/11 se transforme em mais um passo no sentido de uma Frente Única Operária.

A direção majoritária, o PSTU, reafirmou os principais erros que debilitaram a CSP-Conlutas

No entanto, o III Congresso expressou como a CSP-Conlutas se debilitou como resultado da política desastrosa de apoio ao golpe institucional e de adaptação as burocracias sindicais do último período, levada pelo setor majoritário da central, o PSTU, que impediu que a CSP-Conlutas fosse uma alternativa independente. O pior é que ao contrário de qualquer auto-crítica, o PSTU reafirmou a caracterização absurda de que não houve golpe no Brasil e que a derrubada da Dilma pelas mãos da direita favoreceu a luta dos trabalhadores, bem como segue alimentando ilusões na burocracia sindical.

Para encaixar sua análise na realidade de que o golpe foi bom, o PSTU exagera o que foram as mobilizações de resistência aos ataques, como se o problema foi somente que as centrais desarmaram a mobilização no 30 de junho. Como se a classe trabalhadora não tivesse mostrado disposição para ir muito além de fazer um dia de greve geral histórica como foi o 28 de abril, que as centrais só convocaram frente a uma enorme pressão e não como parte de um plano de luta efetivo e sem organizar verdadeiramente pela base. Para tentar justificar sua capitulação diante o golpe, agora o PSTU explica todos os ataques que a classe trabalhadora vêm sofrendo apenas em função capitalismo, como se não houvesse importância das mudanças políticas e conjunturais. Uma verborragia de esquerda, muito distante de uma análise do marxismo.

O pior é que mesmo depois da traição aberta no 30 de junho, como coroamento do bloqueio das lutas durante o golpe e frente aos ataques que o seguiram, seguem embelezando cada “dia de luta” que as burocracias fingem convocar como se fossem grandes demonstrações de força e alimentam ilusões de que, sem uma enorme batalha pela auto-organização dos trabalhadores pela base, pode haver um dia 10/11 que seja efetivamente um dia nacional de luta que possa se desenvolver como parte de um plano de luta.

O PSTU seguiu repetindo a sua ladainha de que lutar contra o golpe era defender o PT e seus anos de governo de conciliação de classe. Era lamentável ter que depois de tanto tempo repetir novamente que os trabalhadores não podem se aliar à direita para combater o PT. Que não é porque o PT abriu o caminho e espaço para a direita, assimilou seus métodos de corrupção, aplicou ataques contra os trabalhadores, que há muito tempo já não defende os trabalhadores, etc, que devemos alimentar que a direita golpista o derrube. O PT segue se aliando com setores reacionários, como Renan Calheiros na recente caravana de Lula pelo nordeste, para se mostrar viável aos interesses capitalistas e burgueses e fazer os trabalhadores voltarem a acreditar que a única saída para a crise que o país passa é seu projeto de conciliação de classes, salvando o regime impedindo qualquer mobilização massiva. Isso mostra a necessidade de seguir a batalha para construir uma alternativa pela esquerda ao PT sem romper com o princípio elementar da independência de classe e sem se aliar com a direita golpista, clarificando a todos trabalhadores que eleger Lula em 2018 não é uma saída para a crise.

Contra o avanço da direita e as arbitrariedades da Lava Jato e do judiciário é necessário uma estratégia que não caia no petismo, por isso também no Congresso criticamos a política do MAIS, corrente que rompeu com o PSTU, mas que comete o erro simétrico oposto ao se adaptar ao PT em projetos políticos comuns como o VAMOS e sendo ainda mais entusiasta das movimentações farsescas da burocracia sindical. No balanço público do MAIS, que conformou um bloco no congresso com outras organizações de esquerda, limitaram sua crítica ao PSTU sobre um erro na análise da conjuntura do país, isto é, se classe trabalhadora esta na ofensiva ou defensiva, abandonado até mesmo o necessário e fundamental balanço da política da CSP-Conlutas durante o golpe institucional. Precisamos, de uma alternativa anticapitalista e revolucionária que não repita a tragédia petista, mas que não capitule frente ao caminho mais fácil de apoiar a direita e que seja independente da burocracia. Também se mostrou novamente como o MES, corrente da Luciana Genro, segue com seu ceticismo com a classe trabalhadora e sua defesa entusiasta da Lava Jato, colaborando para a direita golpista.

Nossa batalha para não internacionalizar o erro se somando ao “Fora Maduro” na Venezuela e por construir uma alternativa independente da direita e de Maduro

Da mesma forma que a CSP-Conlutas levo no Brasil a política de "Fora Dilma", que fortaleceu a direita, a posição sobre a Venezuela votada nesse Congresso, mostra que a direção majoritária não tirou lições do processo brasileiro. O "Fora Maduro", levado PSTU fortalece os setores da direita como o MUD. Mas cair na armadilha da esquerda adaptada de apoiar a constituinte de Chávez ou Maduro também é um erro. Levamos nesse debate a defesa de uma saída independente tanto da direita, não fortalecendo o Fora Maduro, mas sem cair na defesa do regime chavista, que também fez sangrar a classe trabalhadora. Danilo Magrão, professor em Campinas e militante do MRT e do Nossa Classe fez a defesa no plenário do congresso dessa posição, chamando a CSP-Conlutas a tirar as lições históricas da ausência de uma saída independente dos trabalhadores, que não estivesse nem com a direita nem com Maduro.

Aprovado o programa de defesa dos terceirizados de efetivação sem a necessidade de concurso público

Há 10 anos o MRT e os militantes do Nossa Classe batalhavam para que a CSP-Conlutas levasse um programa de defesa dos trabalhadores terceirizados com efetivação sem a necessidade de concurso público. Diana Assunção, organizadora do livro A precarização tem rosto de mulher e militante reconhecida pela defesa dos direitos dos trabalhadores terceirizados, defendeu em inúmeros espaços dessa central a necessidade da aprovação desse programa durante esses anos.

A defesa desse programa para a unificação da classe trabalhadora resultou em uma atuação ativa na luta de classes com essa demanda, que foram batalhas exemplares, como foi a greve das terceirizadas na USP e no metrô de São Paulo.

Nesse último Congresso enfim, foi aprovado como programa da central essa demanda tão necessária para a unidade de toda as fileiras da classe trabalhadora. Para o Movimento Nossa Classe e o MRT é um importante avanço da CSP-Conlutas ter aprovado a efetivação dos terceirizados. Também batalha por esse programa o Sindicato dos Trabalhadores da USP, da qual o MRT também faz parte.

No marco de ter sido aprovado este ano a lei da terceirização irrestrita é necessário também organizar a mais ampla luta pela anulação desse ataque. Agora, esta campanha precisa virar uma realidade prática em todos os sindicatos que a CSP-Conlutas dirige, e também ser um programa vivo de suas oposições.

Precisamos de sindicatos sem burocratas e independentes em relação ao Estado

A CSP-Conlutas pela política do PSTU segue sem defender uma verdadeira alternativa a esquerda para a estrutura sindical brasileira. Essa falência se torna ainda mais grave numa conjuntura onde Temer e o Congresso aprovaram uma reforma trabalhista, que em seu conteúdo é também uma reforma sindical, visando enfraquecer os sindicatos.

Como parte dessa linha, o governo defendeu na proposta originária da reforma retirar o imposto sindical, o que foi rapidamente renegociado com Força Sindical e UGT, com a conivência da CUT e CTB. Este acordo foi justamente a base da traição da greve geral do dia 30 de junho.

A negociação aberta entre o governo e as centrais sindicais patronais (Força Sindical e UGT) para debater a criação de uma MP, que garantisse um novo modelo de contribuição sindical, baseado em aumentar a arrecadação dos sindicatos do imposto em até R$ 7 bilhões, coloca a contribuição sindical dentro do dissídio coletivo nas negociações entre patronal e sindicato, deixando a cargo das assembleias, que em sua maioria são dirigidas pela burocracia, definir a porcentagem do salário dos trabalhadores que vai para a arrecadação do imposto sindical.

A CSP-Conlutas, apesar de corretamente não participar dessas negociações com o governo e ter uma posição votada em congressos contrária ao imposto sindical, segue não praticando essa independência em todos os seus sindicatos, o que é um erro. Mas isso se agravou neste congresso, que votou exatamente o mesmo programa defendido pela burocracia sindical, defendendo um novo imposto a ser votado a partir das assembleias, ao contrário de defender o auto financiamento e autonomia dos sindicatos em relação ao estado e à patronal.

Ao contrário de uma postura taxativa em relação a este tema, o PSTU propôs essa votação absurda e disse que era necessário “acumular debate” na central sobre o tema, o mesmo método que há 10 anos utiliza em relação a efetivação dos terceirizados.

Pablito Santos, diretor do SINTUSP e do Movimento Nossa Classe, colocando a urgência de uma campanha que defenda e apoie a luta que está acontecendo no Rio Grande do Sul e também a necessidade de combater as burocracias sindicais

Seguimos nossa batalha por uma política de independência de classe na CSP-Conlutas

Apesar dessas debilidades, a CSP-Conlutas segue sendo um pólo de organização de parte dos setores combativos do movimento operário e por isso seguiremos dando batalhas por uma orientação correta, partindo de concentrar todas as nossas energias nesse momento pelo triunfo da luta do RS e pela construção pela base de um 10/11 como dia de luta efetivo.

 
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