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SAÚDE
Para presidente de empresa de planos de saúde os trabalhadores devem pagar por viverem mais
Amanda Navarro
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Cláudio Lottenberg, presidente da Amil, a maior operadora de planos de saúde no Brasil, declarou em entrevista que está totalmente de acordo com a modificação das regras do escalonamento de preços dos planos de saúde para maiores de 60 anos, entre outras mudanças que compõe o rol de propostas. Segundo Cláudio, “vivemos mais, e alguém tem que pagar essa conta”. Ao dizer que “alguém” deverá pagar a conta por viver mais, ele mostra exatamente quem será o responsável por segurar a crise que estamos vivendo: o trabalhador. E pior, os trabalhadores aposentados, após uma vida inteira de exploração.

Não é nenhuma surpresa que Cláudio apoie tais mudanças: o que ele vê e declara de maneira muito explícita, é uma imensa oportunidade de aumentar seus lucros, fazendo com que quem pague essa conta sejam os trabalhadores. Suas declarações fortalecem ainda mais o que já havia sido denunciado no Esquerda diário sobre o apoio do Ministro da Saúde do governo Temer em tais mudanças.

As Reformas de Temer e as propostas para a Saúde no Brasil

Este ano o governo golpista de Temer encaminhou os dois maiores ataques aos trabalhadores: a Reforma da Previdência, que está sendo encaminhada para aprovação; e a Reforma Trabalhista, que já foi aprovada. Para Cláudio, as mudanças estão completamente de acordo com as reformas. De fato, o presidente da Amil não erra nessa afirmação, pois o que o governo de temer faz é exatamente uma grande aliança com a burguesia, oferecendo desde riquezas naturais até a assistência à saúde brasileira para as grandes empresas explorarem.

A reforma da previdência fará com que os brasileiros só possam se aposentar depois dos 65 anos, e assim, as empresas médicas veem um imenso campo para aumentarem seus lucros. Assim como Cláudio, Michel Temer também se apoiou no aumento da expectativa de vida, com a sua declaração absurda de que “em breve o brasileiro viverá até os 140 anos”. Com a reforma trabalhista, os trabalhadores terão uma vida inteira de exploração, numa condição mais profunda ainda de precarização, até o final das suas vidas.

Cláudio Lottenberg diz, sem nenhuma dúvida, o que de fato importa para a indústria médica.

Em agosto de 2017 observamos uma queda no número de brasileiros que tem planos de saúde: atualmente 23% da população possui convênio médico, enquanto em 2014 o número era de mais de 50%. Para Cláudio, a mudança nas regras dos planos de saúde, como planos de saúde populares e escalonamento para os mais idosos, trará um aporte de recursos para a saúde. Entretanto, na realidade, o que as grandes empresas como a Amil almejam é oferecer planos de saúde simples, que possam cobrir algumas consultas médicas e para atendimentos complexos, como grandes cirurgias, repassar para o SUS. Ou seja, a participação das empresas privadas na composição do atendimento à saúde no Brasil será se apoiar no SUS para aumentar seus lucros, enquanto aprofunda ainda mais seu sucateamento.

O que Cláudio insiste em chamar em suas declarações de “desoneração da saúde pública” na realidade é privatizar a saúde no Brasil, justificando o sucateamento do SUS na grande quantidade de atendimento que ele deve prestar e no aumento da expectativa de vida dos brasileiros. Sobre a prevenção, o presidente da Amil, coloca sem nenhum temor o real interesse das indústrias médicas: “As discussões nascem em geral, dentro dos princípios econômicos financeiros, não de qualidade” e completa “ quando discutem qualidade, a consequência está do lado financeiro”. É de fato essa a verdade nua e crua sobre as empresas de serviços médicos: não pensam na qualidade do atendimento ou na prevenção, ou na melhora da qualidade de vida dos pacientes, e sim, em aumentar seu lucro.

João Dória e Claudio Lottenberg

Como não podia ser diferente, João Dória é um grande aliado de Cláudio Lottenberg. O prefeito de São Paulo iniciou este ano um extenso projeto de repasse de dinheiro público para realizar uma parceria com os maiores hospitais privados da cidade: o corujão da saúde. O programa de Dória para saúde, mostrou claramente sua aliança com os grandes empresários, uma vez que os maiores hospitais de São Paulo, como o Albert Einstein, onde Claudio Lottenberg era presidente antes de mudar para a Amil, não efetuaram se quer, todos juntos, 4% do total de cirurgias e exames prometidos por Dória.

Dória segue em São Paulo a mesma linha de Temer, efetivando acordos milionários com as empresas privadas em torno de saúde, urbanização e educação, oferecendo serviços de péssima qualidade, como de praxe, cortando merendas, destruindo as ubs e atacando a população de rua.

Medicina de Qualidade

Para Cláudio, medicina de qualidade é diminuir filas, atendimento rápido e seguro, e para ele, as vezes o indivíduo quer desembolsar uma pequena quantia para poder pagar tais atendimentos. Na realidade, o presidente da maior empresa de planos de saúde do Brasil, quer negociar e lucrar em cima de um direito básico de todo ser humano: saúde. A medicina capitalista e as grandes empresas não querem prevenir as doenças, não querem aceitar que grande parte das doenças crônicas que os idosos enfrentam ao final de suas vidas tem origem no ambiente de trabalho. Cláudio e seus planos de saúde querem vender remédios e consultas; querem aumentar seu lucro e se apoiar ainda mais no sucateamento do SUS.

Medicina de qualidade é medicina preventiva, gratuita e de qualidade. A cada suspiro que o brasileiro dá, paga-se imposto: na comida, em cima de seus salários. No final, grande parte do dinheiro arrecadado é usado para pagar luxos dos políticos, para pagar a dívida pública, para estabelecer seus acordos com a burguesia. Medicina de qualidade é não ver a saúde como uma mercadoria, não ver a doença como fonte de lucro, assim, é somente através do controle popular e operário da saúde, do não pagamento da dívida pública, do investimento suficiente na saúde e na transformação da lógica de saúde capitalista que de fato alcançaremos a tão sonhada “medicina de qualidade”.

 
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