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DEBATE COM RENOVAR PELA LUTA EM SANTO ANDRÉ
Esquerda Diário publicou mais de 100 matérias sobre a greve dos professores
Maíra Machado

A greve dos professores de São Paulo, foi boicotada abertamente por toda a mídia burguesa que afirmou mais de uma vez, de acordo com o governador, que a greve não existia e até mesmo que os professores não tinham motivos pra lutar, além de classificar mais de uma vez e cotidianamente que os professores grevistas são descompromissados, baderneiros e que não querem trabalhar.

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Enquanto a mídia oficial fazia esse cerco, o Esquerda Diário publicou mais de 100 matérias sobre a greve durante seus 92 dias de duração, além disso, são centenas de publicações sobre a situação da educação e o conjunto de ataques dos governos aos professores e alunos de todo o país. O Esquerda Diário propagandeou o desenvolvimento dos comandos de greve que foram o grande diferencial dessa luta e que se estivessem a frente dos acontecimentos poderiam ter dirigido efetivamente a greve a vitória. Partimos disso, para afirmar com clareza e certeza que o Esquerda Diário contribuiu enormemente para a greve dos professores de São Paulo, dando projeção aos acontecimentos e ajudando a greve a aparecer nacionalmente, rompendo com o cerco midiático imposto pela mídia oficial e pelos governos que por ela são servidos.

Assim, defendemos que os artigos do Esquerda Diário são mais do que pertinentes para os professores e não entendemos porque impedir que os professores de Santo André tenham acesso a essa mídia através dos fóruns eletrônicos de discussão.

Nós da Fração Trotskista, representada no Brasil pelo MRT impulsionamos o Esquerda Diário, cheios de orgulho, com o combate para que os explorados e oprimidos tenham total independência para expressar suas posições e assim fortalecer que toda a imprensa operária tenha livre acesso aos meios de comunicação dos trabalhadores, sejam eles eletrônicos ou não, por isso convidamos outros setores da Esquerda e publicamos declarações, entrevistas e notícias para dar expressão aos debates que ocorrem dentro do movimento estudantil, operário e dos movimentos sociais. Acreditamos que os professores têm total condição de chegar as suas próprias conclusões e posicionamentos, inclusive do querem ler ou não e do que contribui pra sua luta.

Escrevemos esta nota em resposta a Carta divulgada no dia 10 de Julho pelo Renovar Pela Luta.

A imposição da “maioria”

A votação que ocorreu na última reunião de RE em Santo André, que se transformou numa executiva ampliada por falta de quórum, contou com 13 votos a favor de que não houvessem publicações das correntes e do Esquerda Diário nas listas de discussão eletrônica, foram 8 votos contra, dentre eles os votos do MRT, PSTU, PSOL e de independentes e duas abstenções. Infelizmente entre os companheiros que votaram a favor todos eram do Renovar pela Luta.

Nós chamamos, mais uma vez, os companheiros do Renovar a rever essa posição, para seguirmos a discussão no terreno da divergência política, pois é bem preocupante que nosso comando de greve que foi um enorme impulsionador dos professores e um exemplo em todo o estado, chegue à conclusão no pós greve que a livre expressão das ideias da esquerda nas discussões dos professores deve ser banida para que somente as discussões organizativas tenham voz.

Chamamos os companheiros do Renovar pela Luta a refletirem sobre a votação que participaram, pois isso está ligado aos rumos do sindicato com o fim da greve, que poderia se fortalecer com grandes debates não apenas sobre educação, mas sobre os ataques que estão colocados pelos governos e a crise nacional que se aprofunda a cada dia! Para nosso sindicato se colocar a altura das tarefas que nos esperam, minando a influência da mídia burguesa e da ideologia dominante impregnada nas instituições, é preciso reverter imediatamente esta postura burocrática e privilegiar os debates políticos que existem entre as distintas correntes que atuam e os professores independentes que protagonizaram 92 dias de greve.

Diferentemente, da postura dos companheiros do Espaço Socialista e do Renovar pela Luta não vetamos o debate político, pelo contrário, abrimos o Esquerda Diário para fortalecer e incentivar a tradição revolucionária dos debates públicos dentro do movimento operário, como já convidamos outras vezes e contraditoriamente com a atual postura destes, se recusaram.

A auto organização como única maneira de vencer

Durante a greve, nós do MRT impulsionamos comandos de greve combativos em vários lugares de São Paulo, entre eles está o Comando de Santo André. Porém para vencer a greve colocamos desde o início que era necessário transformar esses comandos na direção efetiva da greve, impondo uma derrota a Bebel e sua corja de burocratas que atuaram na greve buscando se relocalizar e não para que os professores pudessem vencer.

No Comando de Greve de Santo André colocamos mais de uma vez a discussão de que todos deveríamos ir ao CER e exigir que pudéssemos falar, para que o Comando de Greve pudesse efetivamente dirigir os rumos da nossa luta, acabando com as assembleias comícios e fazendo com que a partir de uma coordenação dos comandos mobilizados, os professores não ficassem relegados a decidir apenas por qual rua o ato deveria passar. Defendemos essa política no Congresso da CSP-Conlutas, e apesar dos companheiros do Espaço Socialista dizerem ter acordo com a auto organização, se abstiveram e defenderam contra esse método.

Para nós a frente-única com organizações operárias, como foi o caso do Comando de Greve, é um espaço extremamente importante para fortalecer a luta contra a burocracia em nosso sindicato. Reivindicamos e intervimos no Comando sem nunca confundir este espaço, atuamos como uma fração deste processo e justamente por essa concepção nunca deixamos de nos posicionar claramente sobre nossas diferenças, a única maneira de ser uma verdadeira frente-única sem oportunismo, que permitisse aos professores testarem as distintas estratégias propostas e assim não ignorar as importantes diferenças que seguimos tendo pós-greve.

Nas últimas eleições para conselheiros regional e estadual, nós do MRT tivemos mais de 600 votos e fomos eleitas como primeiras e segundas suplentes. Discutimos com o Renovar pela Luta de que deveríamos compor uma chapa da Oposição Alternativa conjunta, fortalecendo a subsede de Santo André como um forte pólo de oposição a Bebel. Os companheiros que agora se reivindicam como os embandeirados da democracia se negaram a compor uma chapa conjunta, dizendo que cada um deveria conquistar sua própria base (!!!). E assim, tivemos em Santo André duas chapas da Esquerda, uma da Oposição Alternativa e outra do Renovar pela Luta!

Não estamos no sindicato pela bondade de alguma corrente ou individuo, nos candidatamos e fomos muito bem votadas, por isso, com o afastamento de 2 fura greves e de um membro da executiva anterior, também do Renovar, que passou um ano todo sem trabalhar sem misteriosamente ninguém saber, subimos para os cargos de conselheiras regionais. Essa conquista é legitima e o afastamento dos conselheiros que não cumpriram com suas determinações é correto e estatutário.

O que está por trás do veto a Esquerda?

Não nos resta outra alternativa, senão comprovar que o extremo sectarismo com o Esquerda Diário não tem nenhum objetivo de fortalecer a organização dos professores. Muito pelo contrário, só escancara as profundas debilidades do Espaço Socialista que por falta de ambição política e por ser um grupo apenas nacional não pode impulsionar uma ferramenta parecida como esta. É notório que exigirem agora que sua carta saia no Esquerda Diário, mesmo após os diversos convites que fizemos para escreverem para nosso site, é parte deste reconhecimento do alcance que esta rede de diários digital em tão poucos meses conseguiu.

Privilegiando os debates como chamam “tático-organizativos” à uma necessidade estratégica de utilizar o sindicato como uma ferramenta politizadora que atue como uma contra-informação a ideologia burguesa, num momento tão importante, onde milhares de professores começam a tirar lições e conclusões sobre esta enorme luta que vivemos, os companheiros vão na contra mão de permitir que os professores busquem maneiras mais profundas de organização, a partir das distintas visões e debates que existem e acontecem na esquerda.

Ao retomarem os debates das passagens nas escolas, mais uma vez apresentam uma visão idealista, onde os professores organizados em coletivos ou correntes políticas poderiam ter uma dupla-militância, separando suas convicções e ideais sintetizadas em suas próprias organizações, no “ativismo” do Comando de Greve.

Nos restam alguns questionamentos, que chamamos ao conjunto dos ativistas e professores a refletir: pra onde caminha o sindicato com a proibição dos debates políticos? Que papel pode cumprir a direção de uma subsede de oposição, senão fomenta a mais profunda politização nos mais variados fóruns? É possível com esta orientação superar o velho sindicalismo brasileiro e construir uma terceira via dos trabalhadores para responder os grandes escândalos nacionais e a profunda crise econômica que nos atinge?

 
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