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NFL
Onda de protestos dos jogadores de futebol americano contra o racismo de Trump
Matias Aires
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O racismo de Trump indignou os jogadores dos esportes profissionais nos EUA, e levou a uma onda de protestos sem precedentes na história da NFL (a Liga profissional de futebol americano). Vários times ajoelharam ou cruzaram os braços durante o hino nacional, algo considerado ofensivo à bandeira estadunidense. Pittsburgh Steelers, Seattle Seahawks e Tennessee Titans sequer apareceram em campo durante o hino nacional.

Esses protestos se tornaram emblemáticos quando Colin Kaepernick, capitão do San Francisco 49ers, ajoelhou nas laterais contra o hino nacional estadunidense, que representa também a violência estatal racista contra os negros. Donald Trump, diante de alguns exemplos individuais desta forma de protesto, exigiu que fossem demitidos os jogadores que protestassem pelos direitos da população negra ajoelhando durante o hino nacional. Desatou uma bomba.

Kaepernick, em protesto contra a violência policial contra os negros

Neste domingo, praticamente todos os times desafiaram o racismo de Trump, num dos esportes com maior "disciplina militar" dos EUA. Segundo números da ESPN, rede internacional de esportes, mais de 70% da NFL é constituída por jogadores negros; 74% dos jogadores da NBA (Liga profissional de basquete) é negro. O racismo institucional que ergueu os Estados Unidos como potência vaza pelos poros inclusive dos esportes profissionais: uma medida da crise orgânica que atravessa o país.

Segundo reportagem da ESPN, Marlin Briscoe, o primeiro negro a começar um "jogo das estrelas" na história da NFL como capitão, disse "Se não protestarmos, como faremos nossa voz ser ouvida? Eu apoiei tudo o que Kaepernick e outros jogadores fizeram [em protesto]"

Veja também: Trump chama de ’filhos da puta’ jogadores que protestam pelos direitos dos negros nos EUA

Na última sexta-feira, num dos comícios de Trump, o presidente racista chamou a atenção dos donos das equipes da NFL para que demitam jogadores que fizerem protestos durante o hino nacional dos EUA (tocado antes de todos os jogos), da mesma forma como fez Kaepernick, que ajoelhou em protesto contra o racismo policial frente aos negros (ou seja, não "honrou a bandeira nacional" durante o hino).

"Você não adoraria ver um desses donos da NFL, quando algum jogador desrespeita a nossa bandeira, dizer, ’Tira esse filho da puta do campo agora mesmo. Fora! Ele está demitido. Demitido!’", disse Trump. "Sabe, alguém vai fazer isso. Ele dirá, ’Esse cara que está desrespeitando nossa bandeira, está demitido’. E esse dono, eles não sabem [mas] será a pessoa mais popular nesse país".

Vídeo da CNN, em que Trump chama de "filhos da puta" os jogadores negros que ajoelhavam durante o hino nacional

Jogador do Miami Dolphins, com a camiseta "I’m with Kap" (Estou com Kaepernick)

"Mas você sabe o que está atrapalhando o jogo? Quando pessoas como vocês ligam a televisão e veem jogadores ajoelhando quando tocam o hino nacional. A melhor coisa que vocês poderiam fazer nesse momento, mesmo que apenas um jogador fizer isso, é sair do estádio. Eu garanto que isso vai parar. Levanta e sai.", disse ainda Trump.

Equipe do Houston Texans

Malcolm Jenkins, do Philadelphia Eagles, erguendo o punho em solidariedade aos protestos

Brandon Coleman, do New Orleans Saints, ergue o braço depois de marcar

Odell Beckham, do New York Giants, repete o movimento de protesto depois do touchdown

Mike Tolbert, Fullback do Buffalo Bills

Distintas equipes fizeram parte do protesto; no Twitter, Trump respondia em vão, pedindo punição aos jogadores: "Solidariedade ao hino nacional e a nosso país. Ficar de pé com braços cruzados é aceitável, ajoelhar não é aceitável! Queda de público!"

Esta guerra de Trump contra os jogadores das distintas ligas que protestam em defesa dos direitos da população negra contra a violência estatal mostra a enorme tensão social nos Estados Unidos. O movimento Black Lives Matter se tornou um dos principais alvos da direita, e do próprio Trump. O nefasto ato dos neonazistas em Charlottesville, na Virgínia, que terminou com o assassinato da manifestante antifascista Heather Heyer, aprofundou as fissuras sociais.

Obviamente, Trump não insulta nem sequer repreende os neonazistas que se manifestaram exigindo a "pureza da raça" e os "Estados Unidos para os brancos", na Virgínia. Guarda seus insultos plenos de ignorância e racismo aos negros. E sua base social, dentre a qual se encontra a grotesca Ku Klux Klan, organização supremacista branca que perpetrou inúmeros assassinatos de negros, exige que ele siga esta batalha.

New Orleans Saints, equipe do sul dos EUA, permanece sentado durante o hino

Jogadores do Buffalo Bills também aderem aos protestos

Richard Shermann, cornerback do Seattle Seahawks, rasgou Trump: "O comportamento de Trump é inaceitável e precisa ser respondido. Se você não condena seu divisionismo, então está perdoando!", em seu Twitter.

Jogadores do Jacksonville Jaguars, juntos aos do Baltimore Ravens, ajoelham durante o hino nacional, em protesto contra Trump

Jogadores do New England Patriots, que se negaram a ir à Casa Branca depois de vencerem o Super Bowl LI, ajoelham em protesto

Reggie Bush postou em seu Twitter mensagem de apoio a Kaepernick: "Kaeprnick, estamos junto com você!"

Já Lesean McCoy, do Buffalo Bills, disse "É realmente triste, nosso presidente é um imbecil".

Lesean McCoy, ajoelhando durante o hino nacional

Virgil Green, Tight-End do Denver Broncos, ergue o punho em protesto

Equipe do Detroit Lions

Equipe do Indianapolis Colts

Equipe do Cleveland Browns

Naturalmente, o enfrentamento cotidiano dos negros nos EUA não se limita ao partido Republicano, a Trump ou sua base de extrema-direita. Nos governos Democratas, inclusive de Barack Obama, os assassinatos de negros pela polícia continuaram, e os negros preencheram os cárceres de todo o país. Foi durante a administração Obama que surgiu o movimento Black Lives Matter, após os assassinatos perpetrados por policiais em Ferguson, Baltimore e Nova York.

Baltimore Ravens

A luta dos negros na maior potência imperialista do mundo é histórica. Um país em que as leis de segregação racial existiram até a década de 60 e que conta com uma população negra que vive nas piores moradias, ocupando os piores postos de trabalho e sendo maioria entre os desempregados e presos do sistema carcerário, os Estados Unidos é palco da luta do movimento negro há muitas décadas, demonstrando que a cada violência cometida, seja por um grupo fascista, um policial ou pelo discurso de um presidente, haverá resistência e a luta que vão gritar pela importância e direito de vida dos negros.

 
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