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RACISMO EUA
Trump chama de ’filhos da puta’ jogadores que protestam pelos direitos dos negros nos EUA
Matias Aires

O racista Donald Trump exigiu que os donos das equipes esportivas reunidas na NBA e na NFL (ligas de basquete e de futebol americano, respectivamente) demitam os jogadores que fizerem protestos nos dias de jogos em defesa dos direitos da população negra. Esses protestos se tornaram emblemáticos quando Colin Kaepernick, capitão do San Francisco 49ers, ajoelhou nas laterais contra o hino nacional estadunidense.

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Stephen Curry, ícone da NBA e campeão pelo Golden State Warriors (equipe da California, como o San Francisco 49ers), anunciou nesta sexta-feira que "nós não defendemos o que o presidente diz...as coisas que ele diz e as coisas que ele não diz, basicamente, não estamos a favor disso. [...] Não acho que não ir à Casa Branca fará as coisas milagrosamente ficarem melhores, mas essa é minha oportunidade para dizer isso" (ver o Washington Post). Essa explicação se deu porque os Warriors, campeões da última temporada da NBA, foram convidados à Casa Branca; segundo a organização interna do time, os Warriors decidem em assembleia se vão ou não ao encontro de Trump. Curry anunciou que votaria contra.

Trump respondeu na manhã deste sábado à declaração de Curry: "Ir à Casa Branca é considerado uma grande honra para um time campeão. Stephen Curry está hesitante, então o convite está retirado!"

Na própria sexta-feira, num dos comícios de Trump, o presidente racista chamou a atenção dos donos das equipes da NFL para que demitam jogadores que fizerem protestos durante o hino nacional dos EUA (tocado antes de todos os jogos), da mesma forma como fez Kaepernick, que ajoelhou em protesto contra o racismo policial frente aos negros (ou seja, não "honrou a bandeira nacional" durante o hino).

"Você não adoraria ver um desses donos da NFL, quando algum jogador desrespeita a nossa bandeira, dizer, ’Tira esse filho da puta do campo agora mesmo. Fora! Ele está demitido. Demitido!’", disse Trump. "Sabe, alguém vai fazer isso. Ele dirá, ’Esse cara que está desrespeitando nossa bandeira, está demitido’. E esse dono, eles não sabem [mas] será a pessoa mais popular nesse país".

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"Mas você sabe o que está atrapalhando o jogo? Quando pessoas como vocês ligam a televisão e veem jogadores ajoelhando quando tocam o hino nacional. A melhor coisa que vocês poderiam fazer nesse momento, mesmo que apenas um jogador fizer isso, é sair do estádio. Eu garanto que isso vai parar. Levanta e sai."

Esta guerra de Trump contra os jogadores das distintas ligas que protestam em defesa dos direitos da população negra contra a violência estatal mostra a enorme tensão social nos Estados Unidos. O movimento Black Lives Matter se tornou um dos principais alvos da direita, e do próprio Trump. O nefasto ato dos neonazistas em Charlottesville, na Virgínia, que terminou com o assassinato da manifestante antifascista Heather Heyer, aprofundou as fissuras sociais.

Na Virgínia, um dos principais cânticos dos neonazistas e membros da infame Ku Klux Klan foi contra os negros, em defesa da raça branca, e contra os judeus. Sob a bandeira dos Confederados, partidários da manutenção da escravidão nos estados do sul durante a Guerra Civil estadunidense (1861-65), essas bandas neonazistas reivindicavam "tornar realidade o programa de Trump" (como disse David Duke, líder da KKK). Frente a essa aberração, Trump se limitou a dizer que "houve violência dos dois lados", igualando fascistas e antifascistas.

LeBron James, outro grande ícone da NBA, saiu em defesa de Curry contra Trump: "Seu imbecil, Curry já disse que não vai [à Casa Branca], então não há convite. Ir à Casa Branca era uma grande honra até que você apareceu".

Desde a eleição de Trump, diversos profissionais de vários esportes manifestaram-se contra a visita à Casa Branca. O Chicago Cubs, campeão da última temporada da MLB, chegou a antecipar a ida a Washington para evitar o encontro com o polêmico presidente e, assim, ser recebido por Barack Obama, ainda no ano passado. Os jogadores negros do New England Patriots se recusaram a ir ao encontro de Trump depois de conquistar o SuperBowl LI.

Na sexta, aliás, Curry não foi o único jogador do Warriors a escancarar seu desejo de não encontrar Trump. O astro Kevin Durant também entoou as palavras do armador. “Será difícil mudar minha cabeça (em relação à visita), mas vamos falar sobre isso como um time”, chegou a dizer.

A luta dos negros na maior potência imperialista do mundo é histórica. Um país em que as leis de segregação racial existiram até a década de 60 e que conta com uma população negra que vive nas piores moradias, ocupando os piores postos de trabalho e sendo maioria entre os desempregados e presos do sistema carcerário, os Estados Unidos é palco da luta do movimento negro há muitas décadas, demonstrando que a cada violência cometida, seja por um grupo fascista, um policial ou pelo discurso de um presidente, haverá resistência e a luta que vão gritar pela importância e direito de vida dos negros.

 
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