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CENTRAIS SINDICAIS
Retomar os sindicatos das mãos das burocracias e orientá-los para a luta dos trabalhadores
Isabel Inês
São Paulo
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Vimos na primeira parte desta série alguns pontos teórico-políticos que explicam a função das burocracias conservadoras na direção dos sindicatos. Na tradição do movimento operário, os socialistas anticapitalistas sempre defenderam a recuperação dessas organizações das mãos das burocracias serviçais.

Desde 2014, após a greve dos garis do Rio de Janeiro, que ficou marcada por terem superado os freios do seu sindicato patronal, começou-se a falar sobre “crise da representatividade sindical”. Isso porque os trabalhadores não veem suas pautas representadas nas suas direções, como vemos agora nos fatos recentes da política nacional expostos acima.

O Congresso e a patronal também usa desse discurso para atacar a organização dos trabalhadores, a reforma trabalhista também visa enfraquecer a influência dos sindicatos na política nacional. Os sindicatos são um dos locais iniciais de organização operária dentro do Capitalismo, e devem ser retomados pelos trabalhadores, para lutar contra os ataques aos direitos e contra os ataques a organização operaria, isso porque as direções burocráticas atuais são completamente atadas ao estados, garantem seus privilégios mantendo essa estrutura sindical que é parte da formação do regime brasileiro.

O imposto sindical, a legislação sobre as greves onde só é permitido greves salariais e não “políticas”, a Unicidade sindical (só pode ter um sindicato por ramo e cidade) em que para existir tem que ser reconhecido pelo Ministério do Trabalho, as datas-base como "período do ano em que o Estado permite mobilizar", são exemplos do atrelamento dos sindicatos ao Estado.

Para os sindicatos serem organismos da grande massa dos trabalhadores precisam ser totalmente independente do Estado capitalista, e se organizar com absoluta democracia de base, com assembleias, delegados de base e reuniões, para que sejam os trabalhadores que decidam a política e as ações a serem tomadas, e não um setor restrito, burocratizado que dirige os sindicatos de acordo com seus interesses de “casta privilegiada” e atada aos interesses do Estado.

Assim buscam educar os trabalhadores a uma rotina sindical de data base e limites impostos pelo Estado, agem como freio para o desenvolvimento espontâneo das lutas e assim são um dos principais sustentáculos da estabilidade do capitalismo. Em países atrasados, como o Brasil, onde a burguesia nacional é débil e fica pressionada pelos interesses imperialistas e por uma classe trabalhadora enorme, os sindicatos burocratizados são dos principais sustentos para a patronal frear as lutas ao mesmo tempo que passar uma ideia de um “avanço comum”, ou seja, tentam cooptar os trabalhadores para que estes se submetam à exploração como um “mal necessário” no momento para o Brasil passar pela crise e voltar a crescer.

Como Trotsky descreveu sobre a estatização dos trens no México: “Esta medida têm, por parte da classe dominante, o objetivo de disciplinar a classe trabalhadora fazendo-a trabalhar mais a serviço dos interesses comuns do Estado, que superficialmente parecem coincidir com os interesses da própria classe trabalhadora. Na realidade a tarefa da burguesia consiste em acabar com os sindicatos como organismos de luta da classe, e substitui-los por burocracias, como organismos de dominação dos trabalhadores pelo Estado burguês”.

Por isso fazem coro ao discurso de geração de empregos, mas não mexem um dedo para que cada trabalhadores tenha jornada de 6 horas diárias, por cinco dias por semana. Pauta que atingiria diretamente os lucros capitalistas e garantiria trabalho a todos além de tempo para as pessoas viverem. Ou seja, não levantam nada que questione a fundo a exploração capitalista.

Em outras palavras, os sindicatos atualmente não podem ser simplesmente os órgão democráticos que eram na época do capitalismo em ascensão, e já não podem ser politicamente neutros, ou seja se limitarem a servir as necessidades cotidianas dos trabalhadores. Já não podem ser anarquistas, quer dizer que já não podem ignorar a influencia decisiva do Estado na vida das pessoas. Já não podem ser reformistas, porque as condições objetivas não dão possibilidades a nenhuma reforma séria ou duradoura. Os sindicatos de nosso tempo podem servir como ferramentas secundárias do Capitalismo imperialistas para a subordinação e disciplinamentos dos trabalhadores e para frear a revolução, ou podem servir, pelo contrario, como ferramenta do movimento revolucionário dos trabalhadores” segue Leon Trotsky.

Após as recentes experiências dos trabalhadores em suas lutas, quando mostrou sua força no dia 28 de abril, coloca mais do que atual a passagem acima, é necessário retomar os sindicatos para que sirvam para tarefas históricas e coloquem a força dos trabalhadores no centro da situação nacional, impedindo que a patronal, Temer, o congresso e o judiciário ataque os direitos e vivam como “reis” enquanto a população sofre. E assim avançar em grandes objetivos de fim da exploração.

 
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