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OPINIÃO
Centrais fazem acordo com FIESP e já esqueceram das reformas: devemos retomar os sindicatos
Isabel Inês
São Paulo

“Parlamentares elogiam a ação da CTB para retomada do emprego”, a frase soa estranha aos ouvidos de todos aqueles que estão indignados com a série de ataques que os parlamentares estão votando e com o continuado desemprego. O elogio veio do PCdoB, que dirige a central, até ai não tem nada de novo, mas vejamos a fundo qual a política dessa Central e de outras, para debatermos para que servem os sindicatos em nossa época, e como retoma-los para os trabalhadores.

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Orlando Silva (PCdoB/SP), presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, da Câmara de Deputados, destacou em sessão deliberativa a atuação da CTB em defesa do emprego e na luta pela retomada do crescimento. "Uma importante iniciativa da CTB que, de forma ampla, propõe saídas para a crise e o grave cenário de desemprego que o Brasil atravessa", afirmou Silva.

Os deputados Assis Melo (PCdoB/RS) e Daniel Almeida (PCdoB/Ba) também elogiaram a CTB por sua postura “propositiva e de diálogo para a construção de caminhos que vençam o cenário de recessão e de desemprego”, segundo o Portal Vermelho.

Mas além disso, essa semana foi divulgada um programa comum confeccionado pelas Centrais Sindicais, CTB, NCST, UGT, CSB, Força Sindical,junto com a Federação das Indústrias do estado de São Paulo (FIESP), entidade patronal que ajudou a financiar o golpe institucional, pela retomada do emprego que deve ser entregue a Michel Temer.

Natural que o PCdoB que dirige a central elogie a atuação dela, contudo o elogio a geração de emprego parece contraditório com o fato de Temer estar se estabilizando também com esse discurso de suposto desenvolvimento econômico em base aos seus últimos ataques.

Esse fatos são a continuidade prática da traição das centrais, após terem permitido que a reforma trabalhista passasse sem luta, agora fazem coro ao discurso de crescimento junto aos patrões, elogiando iniciativas conjuntas com os donos dos patos. A pífia geração de emprego só vem ocorrendo em cima da expansão das vagas precárias, terceirizadas, uma vez que também foi aprovado a terceirização irrestrita, e é notável o aumento de postos de trabalho informais, assim como trabalhadores que pararam de procurar emprego por desalento, em cima dos ajustes e das privatizações. Assim as centrais, apesar de no discurso falarem contra o Temer, acabam sendo um pilar de sustentação do governo e do regime.

Partidos como o PCdoB e PT não votaram a reforma trabalhista, contudo agora elogiam a “geração de emprego” por fora de qualquer critica ao enorme contingente de desempregados que existe e da onde vem esse pequeno aumento, como exposto acima. Isso porque a própria votação contrária a reforma foi parte de uma estratégia eleitoral desses partidos, que casava com a atuação das centrais sindicais “nas ruas” chamando "Diretas Já". Enquanto as centrais traíram o desenvolvimento da luta contra as reformas e transformavam tudo em um processo institucional por novas eleições, esses partidos usavam o congresso de palanque para promover suas figuras. Como o próprio Lula para as eleições de 2018.

Essa foi a principal manobra da traição das centrais, no momento do auge da luta contra as reformas após a greve geral do dia 28 de Abril, as centrais foram “esfriando os ânimos”impedindo que se organizasse um plano de luta, a CUT e CTB não marcaram novas ações operarias e nesse meio tempo permitiram passar a votação da terceirização e a reforma trabalhista, enquanto tiravam o combate da reforma do centro, para chamarem "Diretas Já". Assim permitiram o governo Temer se consolidar e mudar o centro da política nacional da luta operaria para a espera pelas eleições em 2018.

Agora mostram o resultado desse processo, que é na pratica fazer coro ao discurso de crescimento do governo, parecem esquecer o enorme ataque que é a reforma trabalhista, reforma da previdência nem se fala mais, além de um setor das centrais assinarem um material junto a patronal da FIESP.

Essa atitude por parte das burocracias operárias conservadoras, que se encastelam nas organizações de massas dos trabalhadores como os sindicatos, foi longamente refletida pelo revolucionário russo Leon Trotsky, ferrenho combatedor destas burocracias. “O capitalismo monopolista cada vez está menos disposto a admitir sobre novas bases a independência dos sindicatos. Exige que a burocracia reformista e a aristocracia operária, que dividem as migalhas que caem de sua mesa, se transformem em sua polícia política aos olhos da classe operária”, diz ele, em "Os sindicatos na época de decadência imperialista".

Mas da onde vem a força desses burocratas sindicais? A força deles vem do respaldo que tem dos governos e dos patrões em primeiro lugar. Trotsky dizia que a burocracia é “a polícia política da burguesia no movimento operário”, ou seja, pra controlar os trabalhadores, os patrões colocam esses burocratas que atuam como cães de guarda deles, então se estamos planejando uma greve contra os patrões eles nos entregam. Sua força depende de sua capacidade de conter as lutas.

Os burocratas atuam desmoralizando, dividindo e apaziguando a força que tem os trabalhadores, dificultando tudo o que se possa imaginar, transformando o que poderia ser uma simples organização dos trabalhadores em uma grande burocracia, e fazendo todo mundo desistir, desanimar ou recuar para a despolitização.

Disso se derivam tarefas importantes para todos nós trabalhadores sobre nossas organizações. Seguiremos na segunda parte desta série (ver aqui)

 
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