Fernando, pedreiro e morador do Alemão na zona norte do Rio ligou de dentro da delegacia para parentes e avisou que seria morto naquele dia: "os caras estão querendo me matar aqui na 45. Eles vão me matar, pode saber que eu tô morrendo hoje".
A ligação de Fernando para sua cunhada foi no sábado, 02 de setembro, por volta das 20h30 da noite e está gravada.
Familiares e testemunhas afirmam que o corpo de Fernando já saiu da delegacia sem vida e marcado pelo espancamento de dois policiais civis da 45 DP e de dois militares da UPP Nova Brasília, que fica em frente a delegacia. Tortura e morte marcam a triste história de mais um Amarildo no Rio de Janeiro.
O atestado de óbito aponta como causa da morte "trauma toráxico e asfixia". Seu irmão afirma ter visto o corpo de Fernando chegando ao Pronto Atendimento do Alemão já sem vida. "Meu irmão saiu de dentro da delegacia morto, asfixiado, tá no óbito do meu irmão, escrito".
Fernando foi sepultado no Cemitério do Cajú. “No velório ele estava todo machucado, com o nariz torto, boca torta, olhos roxos, um hematoma bem grande com tipo um corte na testa. Ele apanhou muito. Ele apanhou tanto que, quando o médico veio entregar as roupas e os pertences dele, a cueca dele estava toda defecada”, relatou a cunhada em entrevista ao portal Ponte.
Fernando não foi o primeiro, como Amarildo, Cláudia, Maria Eduarda e tantos outros; que a memória de Fernando se torne luta para que ele seja o último.