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GREVE DA UERJ
A UERJ vive: primeiro balanço da luta da UERJ
Isa Santos
Assistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ
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Nesta segunda feira (28/08), após quase um mês de uma greve unificada entre os três setores da universidade, retornamos às salas de aula. Os professores e estudantes votaram em suas respectivas assembleias a suspensão da greve após o pagamento dos salários e bolsas referentes a maio, junho e julho. Os técnicos da universidade, em greve desde Janeiro, votaram pela manutenção da greve. O não pagamento do 13º, as incertezas quanto ao custeio da Universidade e o pagamento das bolsas e salários, os cortes previstos no orçamento, além da total irregularidade com as empresas terceirizadas, foram elementos que pesaram na decisão dos técnicos e que colocam para os estudantes e professores um cenário de incerteza para a continuidade e a qualidade desse semestre. Além de não ter qualquer perspectiva de reabertura a curto prazo do restaurante universitário.

A Reitoria, mais uma vez, acatou as pressões do governo de Pezão e passou por cima das decisões das categorias em greve declarando que a Universidade possui condições mínimas para retomar as aulas e determinou o início das atividades. Fez isso, após consultar uma instância antidemocrática e oficialmente inexistente no regime da Universidade, mas que a algum tempo vem sendo utilizada como forma de respaldar as decisões da Reitoria. Esta mesma Reitoria impôs um calendário de 75 dias no período de 2016.2. O último período, que contou com apenas 13 semanas, significou para o corpo estudantil um profundo desgaste acadêmico, psicológico e físico.

Atualmente a população do Rio vem sofrendo cada vez mais com os ataques aos serviços públicos, com a militarização do estado pela ocupação das tropas nacionais e o conjunto do funcionalismo público vem agonizando com a constante falta de salários. Dentro desse quadro o pagamento dos salários e bolsas atrasados, apesar de ser o mínimo que um governo que sistematicamente garante isenções fiscais para diversas empresas poderia fazer, foi uma conquista da greve unificada dos setores da universidade. Vale ressaltar que durante parte do período que a UERJ esteve em greve a UENF e a UEZO, duas universidades também estaduais e que estão enfrentando um processo profundo de precarização, também se encontravam em greve e este movimento foi parte também do que fortaleceu nossa luta. O movimento de greve unificado entre esses setores foi o que garantiu a pressão para o pagamento dos salários. Isso é uma pequena prova da potencialidade da unificação da lutas dos setores que sofrem hoje com os ataques do Governo.

A greve significou para o movimento estudantil a possibilidade de uma reorganização depois de um período repleto de dificuldades. Vários cursos que, a partir de uma proposta levantada pela Faísca, organizam assembleias e elegeram seus delegados. Dezenas de calouros participaram ativamente de todo o processo de mobilização, estando presentes nas assembleias gerais, nas assembleias de curso e participando do comando de greve estudantil. Depois de um período onde enfrentamos dificuldades para organizar assembleias nos deparamos nessa greve com centenas de estudantes que sistematicamente estavam dispostos a debater a crise da UERJ, a crise do Estado, os rumos do país e as iniciativas para fazer a luta da UERJ vitoriosa.

Como fazer a nossa luta vitoriosa foi o questionamento que nós do Coletivo Faísca buscamos responder em cada proposta que fizemos durante a greve. Para nós a vitória da luta da UERJ sempre esteve diretamente ligada com o quanto conseguimos massificar a defesa pela educação pública. Por isso construímos a campanha “UERJ RESISTE EM GREVE - A educação vale mais que o lucro deles” onde buscamos tomar as ruas e as redes com apoios em defesa da UERJ e da educação.

A campanha nas ruas

Colocamos a Faísca para construir essa perspectiva não apenas na UERJ, mas em diversas universidades onde atuamos, conquistando apoio de diversos setores, como de estudantes da UFRN, ou professores da rede pública paulista.

Fala de Carolina Cacau na assembleia que votou a greve estudantil

No mesmo sentido de massificar a luta, para fazer que cada estudante pudesse tomar a greve em suas mãos, propusemos que o comando de greve estudantil tivesse delegados eleitos nos cursos e revogáveis. Propusemos aula pública na rua que juntou mais de 100 pessoas em sua maioria estudantes, para que pudéssemos mostrar ao conjunto da população o absurdo que o governo do estado vem impondo aqueles que querem condições dignas para estudar.

Aula pública na rua que reuniu mais de cem pessoas

Debatemos no Esquerda Diário medidas para poder fazer a greve avançar. A partir da assembleia do Serviço Social, propusemos um chamado para que todos os setores em luta se unificassem para fortalecer nossos combates. Fizemos inúmeras batalhas com o DCE (PT e PCdoB) que despolitizam os debates e não constroem na base estudantil a mobilização e mal começou as aulas já desapareceram novamente, boicotando os espaços de mobilização tirados pelos os estudantes em assembleia, ou seja, não atuam para reconstruir uma ampla mobilização estudantil no retorno das aulas.

Chamado à campanha nacional de solidariedade à greve da UERJ

Sabemos que já enfrentamos inúmeras batalhas contra a precarização imposta a UERJ. A continuidade da nossa greve, depois de tantas lutas e do período de desgaste pelo qual passou o movimento estudantil, só podia se dar dentro de uma perspectiva de ampliar o apoio e a massificação da nossa luta. Temos a tarefa de nos organizar os para barrar a série de ataques ao nosso futuro que os governos de Temer e Pezão querem nos impor. Na UERJ precisamos lutar contra precarização, contra a transferência do curso de direito, em defesa das cotas, pela reabertura do bandejão e por uma implementação imediata de um política de alimentação nos demais campi, e avançar por bandejões em todos os campis. É fundamental nosso apoio à greve dos técnicos que segue como parte dessa luta. Para que possamos enfrentar esses desafios precisamos nos fortalecer e parte disso passa por batalharmos para que em todos os cursos haja espaços de debates políticos sobre a crise e os impactos dela nas nossas vidas.

Chamamos os estudantes a construir conosco a Faísca para ser uma alternativa à política de passividade e imobilismo do DCE, e para ser uma força real que leve à luta da UERJ à vitória, superando os entraves que vimos nessa greve.

 
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