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ISLAMOFOBIA
Após os atentados na Catalunha, uma onda de islamofobia
Marta Clar
Judith Bielmi

Após os atentados, tem-se registrado um aumento no número de agressões islamofóbicas em todo o Estado Espanhol, tendo como alvo principal as mulheres muçulmanas. É preciso um movimento de mulheres independente, anticapitalista e anti-imperialista.

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Após o atentado, os primeiros indícios de um pico de racismo e de islamofobia não demoraram para se expressar. As mulheres muçulmanas que usam burcas, por serem visivelmente muito mais expostas, acabam se transformando no foco principal dos ataques racistas e xenófobos. Entretanto, amostras de solidariedade com a comunidade árabe e/ou muçulmana e a unidade contra o racismo também tem se expressado de maneira contundente em algumas ocasiões.

Diante deste ambiente polarizado, nós mulheres da agrupação Pão e Rosas queremos expressar nosso rechaço aos atentados brutais ocorridos na Catalunha, nos solidarizamos com as vítimas e com suas famílias, mas sem deixar a cumplicidade do Estado de lado, também queremos apontar os responsáveis por estes crimes: o Estado espanhol, a Casa Real e uma grande parcela do empresariado espanhol -e catalão-, que enriquecem graças aos negócios multimilionários em conjunto com as monarquias do Golfo Pérsico, principais financiadores de seitas terroristas como a ISIS.

Por isso nós, do Pão e Rosas, participamos junto com os companheiros e companheiras da CRT (Corrente Revolucionária de Trabalhadores) da manifestação alternativa que se realizou sob o lema "vossas guerras, nossos mortos", acompanhando centenas de pessoas, coletivos de esquerda e movimentos sociais.

As consequências imediatas por trás do segundo atentado tem sido a proliferação de ataques contra a comunidade árabe e muçulmana. Isto já pode ser observado desde o dia seguinte do ocorrido, quando coletivos neonazistas e de extrema direita convocaram um ato em Barcelona. Entre os diversos coletivos que participaram se encontravam a Falange, Democracia Nacional e a Plataforma por Catalunya.

Menos de cem pessoas responderam aos lemas islamofóbicos e racistas da manifestação. Os manifestantes tiveram que se enfrentar com diversos coletivos antifascistas e antirracistas que, com lemas como "Fora fascistas dos nossos bairros", acabaram encurralando a manifestação xenófoba obrigando-os a abandonar a área escoltados pelos ’Mossos d’Esquadra’ (polícia local).

As agressões no restante do Estado espanhol também tem se multiplicado. Desde a última sexta-feira foram registradas diversas agressões islamófobas em mesquitas; entre elas a de Granada, diante da qual um grupo neonazista lançou sinalizadores proclamando lemas xenófobos; e na de Sevilla, onde apareceram várias pichações. Nas mesquitas de Madri também apareceram várias mensagens racistas durante a semana, ações reivindicadas pelo coletivo neonazista Hogar Social.

Não são atos isolados, são apenas as ações mais visíveis de uma onda de agressões racistas e islamofóbicas que se multiplicam pelo conjunto dos territórios. Em Logroño e em Montblanc (Tarragona) também apareceram pichações com ameaças à comunidade muçulmana.

As agressões físicas também vieram logo, no último final de semana houve um ataque a três marroquinos menores de idade em Fitero (Navarra), logo após um ato de combate pelas vítimas dos atentados dos atentados na Catalunha. Durante esta semana também se registraram várias agressões islamófobas a jovens, uma em Porto de Sagunto (Valencia) e outra no bairro de Usera (Madri), quando três jovens atacaram uma mulher muçulmana por estar vestindo burca, golpeando-a e fazendo insultos racistas.

Não resta dúvida de que, em um contexto em que a extrema direita não para de crescer em toda a Europa e no Estado espanhol, estas organizações e partidos tem visto uma oportunidade durante os ataques de Barcelona e Cambrils para propagara suas mensagens de ódio para com a comunidade muçulmana. Frente a isto, é necessário que o movimento feminista e de mulheres, que emergiu com força nos últimos anos, se organize nas ruas junto as organizações sindicais e sociais, contra os ataques racistas e xenófobos às mulheres e à comunidade muçulmana em sua totalidade.

Após as últimas e massivas manifestações protagonizadas pelas mulheres, não restam dúvidas do enorme potencial mobilizador que a luta contra a violência capitalista e patriarcal possui. Hoje, a expressão mais direta desta violência se expressa nos ataques à comunidade muçulmana que afeta em dobro as mulheres árabes.

Agora mais do que nunca, é necessário impulsionar um movimento independente do Estado contra as políticas de segurança que pretendem reforçar o papel repressivo das forças policiais, contra a islamofobia e o racismo que se alastra pelos nossos bairros, povoados e cidades. E que conta com a cumplicidade das instituições.

Por trás dos discursos de uma "Barcelona multicultural e tolerante" não se pode ocultar as leis que criminalizam, reprimem e perseguem nossas companheiras e companheiros imigrantes. Um movimento que, em definitivo, mostra o papel cúmplice do imperialismo e de suas guerras, que são o terreno fértil para a propagação de atentados terroristas como os que, nas últimas semanas, assolaram a Catalunha.

 
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