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ESTADOS UNIDOS
Estados Unidos: se impõe campanha anti-sindical na Nissan
Redação

O sindicato dos Trabalhadores Automotivos Unidos (United Auto Workers - UAW) levou adiante uma eleição na planta da Nissan em Mississippi para sindicalizar seus trabalhadores. O resultado foi de 63% contra a sindicalização e de 34% a favor, isto é, 2.244 contra 1.307 em um total de 3.700 votantes.

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A fábrica da Nissan em Canton emprega 6.400 operários, mas 2.700 são trabalhadores temporários e não estão em condições de participar das eleições. Ainda que não tenham direito a voto, é o principal setor favorável a sindicalização devido a suas condições de trabalho onde obtém salários mais baixos, maiores ritmos de jornada e uma constante instabilidade no trabalho.

Em uma declaração a Nissan disse que "com esta votação, os funcionários da Nissan foram ouvidos. Eles rechaçam a UAW e optam por se auto-representarem, continuam mantendo uma relação direta com a empresa".

O que a empresa chama de "rechaço" a sindicalização é na realidade uma enorme campanha anti-sindical e racista que a Nissan vem realizando há anos e que se soma ao contexto desfavorável no sul dos Estados Unidos para a organização e sindicalização dos trabalhadores.

Nas semanas anteriores às eleições a empresa não só difundiu calúnias contra o sindicato, como sua campanha também incluiu a ameaça de demissões e fechamento de plantas se os trabalhadores votassem a favor de seu direito de permanecer no sindicato.

Nos dias anteriores às eleições, a Nissan realizou pequenas reuniões e vídeos onde explicavam sua posição diante da possível sindicalização da empresa, afirmando que os trabalhadores sindicalizados de outras plantas sofriam instabilidade no serviço, além de demissões e fechamentos de fábricas. Esta propaganda não foi somente dentro da fábrica, também se converteu em publicidade anti-sindical na TV, em diários e em spots na rádio, incluindo através do Spotify.

As autoridades locais também se somaram a esta campanha contra os direitos trabalhistas, o governador Phil Bryant responsabilizou os sindicatos por prejudicarem a indústria automotiva em Detroit.

O UAW denunciou que esta eleição estava repleta de irregularidades e de intimidações contra os funcionários, e tem apresentado acusações contra a empresa em conjunto com a Junta Nacional de Relações Trabalhistas (National Labor Relations Board - NLRB). O sindicato conta com 7 denúncias onde a Nissan teria negado o acesso ao corpo eleitoral dentro da planta, e criado um sistema de qualificação entre os empregados de acordo com seu nível de apoio ao sindicato, além de espioná-los nas suas atividades sindicais.

Se a Junta pelos direitos trabalhistas (NLRB) está de acordo com as acusações apresentadas, pode-se dar a ordem para que se realizem novas eleições. Acontece que se a UAW obtivesse um triunfo na Nissan, significaria um antecedente na região inteira, e mostraria um exemplo aos trabalhadores de outras fábricas estadounidenses não sindicalizadas como a Mercedes-Benz, Volkswagen e Tesla.

Como era de se esperar, a Nissan negou todas as acusações e disse que acusar a empresa de práticas anti-sindicais é uma tática comum usada pelos sindicatos, e neste caso se trataria de um "último suspiro" da UAW para desacreditar o processo eleitoral.

O presidente da UAW, Dennis Williams disse em uma declaração, que "os valentes trabalhadores da Nissan que lutam por uma representação sindical junto a comunidade e aos líderes pelos direitos civis devem estar orgulhosos de seus esforços. O resultado da eleição foi um retrocesso para estes trabalhadores, para a UAW e para os trabalhadores estadunidenses em todos os lugares, mas de nenhuma forma deve ser considerado uma derrota".

É a terceira vez que o sindicato perde a eleição a favor da sindicalização dos trabalhadores da Nissan na fábrica do Mississippi. Mas a situação não é a mesma no resto das fábricas automotivas do país, já que no sul existem mais dificuldades e limites. Sobre isso, em uma nota ao diário USA Today, Kristin Dziczek, diretora do grupo de trabalho e indústria do Centro de Pesquisas Automotivas declarou: "creio que certamente é um grande revés, é um desafio que demonstra como é incrivelmente difícil se organizar tanto no Sul quanto em empresas internacionais".

O sindicato automotivo tentou organizar os trabalhadores desde a abertura da fábrica no ano de 2003, e foi nos últimos anos que unificou a campanha dos direitos sindicais a uma campanha por direitos civis, junto a organizações e figuras como Bernie Sanders, o ator Danny Glover e outros políticos.

Desde o ano de 2010 a UAW ganhou mais de 60.000 novos membros. Em dezembro, seus registros mostram que contam com 415.963 afiliados. Entretanto, ainda são números muito distantes ao um milhão e quinhentos membros que representavam no ano de 1979.

 
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