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PRIMEIRA ANÁLISE
Com verbas bilionárias Temer vence mas a divisão regional e partidária transparece
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi

A vitória de Temer expõe sinais diferentes que precisam ser analisados com maior profundidade nas próximas horas e dias. No entanto já é possível apontar alguns elementos “mínimos” sobre o que a votação mostra.

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Uma escandalosa votação. Movidos por dinheiro e por ódio aos trabalhadores uma maioria dos deputados salvaram Temer. Outros podem alegar ter salvado Temer em nome de não serem punidos por partidos que “fecharam questão” pelo “sim”. Uma “comodidade” para gente treinada em mentir, enganar e atacar os trabalhadores. A vitória de Temer expõe sinais diferentes que precisam ser analisados com maior profundidade nas próximas horas e dias. No entanto já é possível apontar alguns elementos “mínimos” sobre o que a votação mostra.

Por um lado, a votação mostra a força de Temer, produzida pela divisão da elite sobre quem poderia melhor conduzir os ataques e por outro lado a traição das centrais que abandonaram o caminho da greve geral que poderia ter colocado em xeque não somente o presidente golpista, mas também a reforma trabalhista e da previdência. O PT atua para desviar a força da greve geral e da luta de classes para oferecer suas candidaturas, pouco se importando que a continuidade de Temer garante mais e mais ataques. Pelo contrário, apostam que isso pode desgastar Temer e favorece-los eleitoralmente. Esses elementos centrais para entender a vitória de Temer se combinam a outras contradições na crise política que essa votação também lança luz: a divisão regional dos votos e a divisão nos partidos.

E mostrando uma debilidade ainda maior para Temer do que mostram o mero somatório de votos, Temer não venceu na maioria dos estados do nordeste em que pese a força dos caciques comprados e perdeu fortemente em todos maiores colégios eleitorais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. A exceção ficou com Minas Gerais, que politicamente tem traços mais comuns com o nordeste e o peso de Aécio no tucanato que conseguiu arrastar toda bancada tucana mineiro, junto, é claro com o dinheiro de Temer, fazendo assim rachar quase ao meio o PSDB para salvar Temer. Toda uma crise sobre 2018 que está rachando completamente o partido de FHC. A votação dividida do PSD também mostra dificuldades nesse importante partido da base de Temer.

Duzentos e sessenta e três votos que mostram a força da ofensiva que faz ressurgir o eterno espetáculo degradado dessa democracia de ricos movida a corrupção e verbas. Garantindo verbas e ameaças da perda de cargos Temer conseguiu que muitos tucanos saíssem do muro e apoiassem seu governo, com muitas ameaças e intermináveis benesses também conseguiu uma boa votação em seu partido, o PMDB. O DEM de Rodrigo Maia também o apoiou. O sempre vendido e traidor dos trabalhadores Paulinho da Força (Solidariedade-SP) também se juntou a Maluf para salvar Temer.

Os métodos para conseguir essa vitória lançarão mais e mais pressão por verbas e favores tornando cada vez mais podre uma democracia degradada, nascida de uma Constituinte tutelada pelos militares (que teve por exemplo o relator da comissão de sistematização, Bernardo Cabral sequestrado pelo ministro do Exército de Sarney para garantir o artigo da lei e da ordem, o mesmo que permite a ocupação militar do Rio). O resultado vitorioso de Temer só fará aumentar a já imensa crise de representação no país. E ano que vem é ano eleitoral, a disciplina partidária tende a diminuir dia a dia e expor maiores crises no regime, como a divisão dos partidos e dos estados mostra.

A divisão dos partidos é expressão dessa crise. A divisão regional dos votos apesar das verbas concedidas é outra. Medindo como lutarão por sua reeleição deputados no sudeste e no nordeste foram muitíssimo mais contra Temer do que aqueles do norte e centro-oeste, estados com tradição “oposicionista” como o Rio Grande do Sul também votaram fortemente contra Temer.

Veja no final da matéria a votação estado a estado.

A vitória de hoje não garante a Temer que poderá atacar com facilidade, nem tampouco mostra que não poderá. A chave para impedi-lo está na ação dos trabalhadores retomando o caminho da greve geral.

Veja a votação estado por estado. Sendo “sim” para salvar Temer e “não” pela continuidade do inquérito.

Amapá: 4 sim, 2 não, 2 ausências (25%)
Rio Grande do Sul: 11 sim, 17 não, 1 ausência
Acre: 2 sim, 6 não
Pará: 12 sim, 4 contra
Santa Catarina: 9 sim, 6 contra
Amazonas: 6 sim, 3 não
Paraná: 16 sim, 10 não, 3 ausências
Rondônia: 5 sim, 2 não
Goiás: 12 sim, 4 não, 1 ausente
Roraima: 6 sim, 1 não, 1 ausente
Tocantins: 5 sim, 2 contra, 1 ausente
Distrito Federal: 5 sim, 2 não, 1 ausente
Mato Grosso: 7 sim, 1 não
Mato Grosso do Sul: 4 sim, 4 contra
São Paulo: 29 sim, 38 contra, 1 ausência
Ceará: 9 sim, 11 contra, 1 ausência
Maranhão: 11 sim, 7 contra
Bahia: 17 sim, 21 contra, 1 ausência
Minas Gerais: 33 sim, 18 contra, 1 abstenção
Rio de Janeiro: 20 sim, 23 não, 2 ausentes
Espírito Santo: 2 sim, 8 contra
Piauí: 6 sim, 3 não, 1 ausente
Rio Grande do Norte: 5 sim, 3 não
Alagoas: 4 sim, 4 contra, 1 ausente
Paraíba: 6 sim, 5 contra, 1 ausente
Pernambuco: 13 sim, 11 contra, 1 ausente
Sergipe: 2 sim, 6 contra

 
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