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NACIONAL
Os ataques ao funcionalismo no Rio são o modelo do que Temer quer para todo país
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

Com a popularidade mais baixa desde o fim da ditadura, Temer quer generalizar ataques à maioria da população brasileira, indo além da PEC 55, da generalização da terceirização e da reforma trabalhista, agora está usando como exemplo o pacote de maldades aprovado no Rio de Janeiro.

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Michel Temer conta com 70% de rejeição ao seu governo. A ampla maioria da população considera sua gestão péssima e não acredita em melhoras. Um índice de reprovação semelhante foi o do governo Sarney em 1989 e que contava com 7% de aprovação, justamente em um momento de altíssima inflação e aumentos de impostos. Parte da alta burguesia nacional apoia o atual governo e torce para que suas medidas sejam implementadas e garantam a perpetuação dos gigantescos lucros capitalistas, isso é um dos principais fatores de sustentação a Temer. Mas também a divisão entre os "de cima" sobre quem pode sucedê-lo e a traição das centrais sindicais à luta contra as reformas são fatores que sustentam seu governo odiado e de ataques aos trabalhadores.

Não é à toa que o presidente golpista solicitou um “puxador de palmas” para acompanhar seus pronunciamentos, já que sabe que suas medidas causam revolta e chacotas, já que são parte de um governo ilegítimo e com a tarefa clara de atacar os direitos conquistados pelos trabalhadores.

Infelizmente, para Temer, não adianta “puxar palmas”, já que segue dando aval para que o governo do Rio de Janeiro viabilize seu equilíbrio financeiro cortando direitos dos trabalhadores. Em maio o governo aprovou a lei do RRF (Regime de Recuperação Fiscal), que se baseia em cortes financeiros nos serviços públicos e que implicam em rebaixamento de salários, atrasos nos pagamentos e todo um pacote de maldades para que sejam os trabalhadores que paguem pela crise criada pelos capitalistas.

A grande preocupação do governo do Rio de Janeiro é que no Rio Grande do Sul um pacote semelhante seja aprovado e que por isso, a implementação do pacote seja atrasada em terras cariocas. A do governo federal é outra, aprovar medidas nacionais que sirvam para todos os estados, assim podem cortar nossos direitos em todo o país. Hoje mesmo é esperada a sanção do acordo por Temer. Mesmo dia em que o BNDES abrirá a concorrência para privatizar e destruir a empresa estatal de água e esgoto, a CEDAE.

Parece piada, mas não é. O governo pretende manter os privilégios aos políticos corruptos que nunca trabalharam na vida e para fazer isso quer implementar a Reforma Trabalhista e obrigar a maioria da população a ter que trabalhar até morrer com a Reforma da Previdência, mas essa medidas não serão impostas a longo prazo, o governo e os empresários querem pra já.

Os anúncios são graves: confisco de salários dos funcionários públicos, aumentos de impostos que se refletem na contribuição obrigatória à Previdência que saltará de 11% para 14%. O governo federal colocará em prática o que o governo do estado do Rio de Janeiro já está implementando. Além disso, os políticos que governam para a minoria já estão estudando as possibilidades de aumentar impostos sobre o consumo, assim como fizeram com o aumento da gasolina.

O governo federal quer cortar até mesmo o auxílio-almoço do funcionalismo público nacionalmente e também quer acabar com o auxílio transporte. Lembramos aqui que além dos altíssimos salários que os políticos recebem, também gozam de inúmeros “auxílios do colarinho branco” que vão desde alimentação, até transporte, passando por passagens de avião, aluguel, carros de luxo, jantares refinados e um longo etc, que obviamente não serão cortados para “ajudar a regularizar as contas públicas.”

Enquanto em nosso país voltamos a viver em condições de trabalho que nos remetem aos tempo da Revolução Industrial na Inglaterra, os políticos brasileiros ganham regalias dignas da nobreza medieval. Para os trabalhadores miséria, desemprego, cortes de direitos e para os políticos e empresários o luxo e a boa vida. Não podemos permitir que o pacote de maldades usado como modelo no Rio de Janeiro seja imposto para todo o país.

Os exemplos que queremos generalizar do Rio de Janeiro são os combates da juventude e da classe trabalhadora, protagonistas dos enfrentamentos que se acumulam desde as jornadas de junho de 2013, passando por greve dos garis e dos professores em 2014 e que chegam até o ano atual com a greve dos trabalhadores da CEDAE. Não podemos aceitar calados que meia dúzia de capitalistas interessados que estão à frente do governo nacional decidam sobre o nosso futuro.

Os trabalhadores brasileiros estão cheios de exemplos de luta, que estão espalhados em todo o território nacional e que servem como inspiração para os próximos combates. Do outro lado da fronteira, na Argentina, operárias e operários da Pepsico em luta contra o fechamento de uma fábrica abriram um grande debate nacional que assustou Macri, presidente amigo de Temer, e este resolveu adiar a reforma trabalhista naquele país. Comprovando que a luta dos trabalhadores pode vencer! Tivemos uma grande mostra da força da classe trabalhadora brasileira na greve geral do dia 28 de Abril.

Ainda está em tempo de impedir que a Reforma Trabalhista seja implementada e também podemos derrotar todos os planos de ataques à previdência. Está claro que alguns gastos precisam ser cortados e esses gastos são justamente os das regalias e altos salários dos políticos e poderosos capitalistas que sonegam impostos nos valores de bilhões, é na dívida pública que consome metade do orçamento. Nossas vidas valem mais que os lucros deles!

Não podemos aceitar o confisco de nossos salários, ao contrário devemos lutar para que todos os bens e dinheiro desviados nos esquemas de corrupção sejam devolvidos aos cofres públicos e todas empresas envolvidas em corrupção como a JBS e a Odebrecht sejam estatizadas e colocadas sob controle dos trabalhadores. Assim podemos começar a tratar com seriedade os problemas que estão colocados em nosso país.

A força de nossa classe se expressou no dia 28 de abril na enorme greve geral e segue vigente em cada estrutura de trabalho com a revolta que sentimos frente aos pronunciamentos do governo. Não podemos ficar nas mãos das negociatas das centrais sindicais, precisamos nos organizar já a partir de cada local de trabalho, exigindo que os sindicatos organizem a luta contra as reformas, com assembleias de base e retomando os métodos tradicionais dos trabalhadores. Com uma greve geral efetiva podemos colocar abaixo todos os planos de ataque dos capitalistas.

 
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