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INTERNACIONAL
Venezuela: Entre a intromissão imperialista e a adesão parcial da paralisação da MUD
Milton D’León
Caracas

Intervencionismo imperialista com novas medidas contra o governo de Maduro e um acatamento parcial à paralisação da MUD marcaram a jornada há poucos dias das eleições para a "Constituinte".

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Logo que o governo de Trump sancionou treze funcionários de Maduro, a embaixadora dos EUA pela ONU, Nikki Haley, defendeu enfaticamente tais sanções, ameaçando aplicar medidas ainda mais severas. Mediante um comunicado, esta funcionária ianque declarou que os "Estados Unidos vão manter todas as opções sobre a mesa, incluindo a de sancionar qualquer um que se some à Assembleia Constituinte". Em um nível exacerbado de intervenção imperialista, a embaixadora da ONU faz ameaças de "medidas adicionais" contra a Venezuela e membros do governo.

Com o clássico tom prepotente imperialista e carregado de cinismo, declarava ainda que os "Estados Unidos fez uma promessa aos venezuelanos dizíamos que não seríamos coadjuvantes e viu como o regime de Maduro continua tratando brutalmente aos seus cidadãos e destruindo a sua democracia". Como se a principal potência imperialista do mundo não tratou brutalmente e não violou todo direito democrático em cada país que invadiu, incluindo o levantamento de um muro infame em seu próprio território na fronteira com o México. O que menos interessa ao imperialismo ianque são questões "democráticas", senão simplesmente dar maior apoio à oposição em momentos que se avança a maior virulência política há poucos dias da farsa de Constituinte convocada por Maduro, enquanto a direita avança com sua ofensiva política.

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Segundo a diplomática imperialista, as sanções anunciadas nesta quarta-feira pelo Departamento do Tesouro são supostamente o cumprimento com esta "promessa", atuando contra "indivíduos vinculados com a corrupção e a violência contra o povo venezuelano". Entre os sancionados está o chefe da Comissão Presidencial para a Constituinte e ex-vice-presidente da Venezuela Elías Jaua; a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena; a ex-ministra e membro da comissão para a Constituinte, Iris Varela; e o defensor do Povo, Tarek William Saab. Pelas mãos de Haley, os Estados Unidos levaram no último mês de Maio a situação da Venezuela para o Conselho de Segurança da ONU, ainda que não houvesse nenhuma proposta de ação por parte das Nações Unidas.

A maior intromissão dos Estados Unidos se apoia no giro bonapartista brutal de Maduro, na manutenção do estado de emergência e na repressão para afirmar a direita representada pela MUD, que já mostrou suas credenciais golpistas no ano de 2002 (muito longe da "democracia" de que falam os políticos imperialistas dos EUA). É preciso rechaçar esse avanço intervencionista do imperialismo ianque, incluindo suas sanções, que são cinicamente sustentadas por discursos sobre direitos humanos e "democracia".

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Mas o rechaço à intervenção imperialista estadounidense não implica de modo algum em elogios ao governo de Maduro, conta inclusive com as violações dos direitos democráticos e humanos, com os membros corruptos do governo nacional e seus atos de repressão -que caem sempre com mais força sobre a classe operária-, ataques diretos ao povo trabalhador, não aos governos da burguesia imperialista ou de outros países. São ajustes de contas que o povo trabalhador também terá com os golpistas pró-imperialistas da oposição aglutinada em sua maioria dentro da MUD.

UMA JORNADA DE PARALISAÇÕES NACIONAIS DE MENOR IMPACTO EM RELAÇÃO A QUINTA-FEIRA PASSADA

Quando se anunciavam as medidas do governo de Trump, se realizava a primeira jornada de paralisações nacionais de 48 horas convocadas pela MUD como parte de sua poítica de "hora zero" e o que chamam de "fase superior da luta cívica" contra o governo de Maduro. Mas já no primeiro dia o impacto da dita paralisação cívica foi menor se comparada com a jornada de 24 horas da quinta passada, uma paralisação que definimos como claramente patronal.

A medida acabou paralisando parcialmente o país apesar de todo o apoio das principais câmaras empresariais e burocracias sindicais como a CTV, sustentada por trancaços (cortes) nas principais ruas e avenidas de cidades importantes, tal como foi refletido nos principais meios de comunicação com suas reportagens. Mas uma vez mais o governo lançou mão de uma forte repressão em muitas cidades, geralmente desencadeadas pelas tentativas da polícia e da Guarda Nacional de desobstruir as vias cortas por ativistas que levantaram barricadas, deixando um morto, vários feridos e dezenas de detidos. A vítima, do estado de Mérida, foi ocorrência de uma repressão que elevou a 101 os mortos que somam os protestos de oposições no país.

Onde se sentiu o menor impacto da jornada de quinta-feira, dia 20, foi em Caracas. No leste da capital, região dominada por referências dos partidos da MUD, a jornada transcorreu com um baixo trânsito de veículos e transeuntes, além de bloqueios de ruas com enfrentamentos com a polícia e a Guarda Nacional. Entretanto, nas outras zonas se evidenciava um maior fluxo de pessoas em comparação com a paralisação da semana passada. Na parte central da cidade e em bairros populares como o de Catia, se observava coméricos abertos e o transporte subterrâneo de Caracas alertava um alto fluxo de passageiros, além do transporte urbano que funcionava quase que normalmente, muito diferente da jornada anterior quando a sua ausência foi quase completa. Esta situação contrasta fortemente com a declaração dos dirigentes da MUD de que a paralisação cívica desta quarta-feira teve um acatamento de 90%.

Mas é preciso ser enfático, os trabalhadores e os setores populares não tem nada a ganhar com estas "paralisações cívicas" convocadas pela MUD e sustentadas centralmente por setores empresariais e burocratas sindicais cujos dirigentes são organizados nos partidos da oposição, é preciso denunciar seu real conteúdo reacionário, patronal e saudado por países imperialistas. Enfrentar o governo de Maduro, que busca se entronar no governo contra a vontade do povo e impor um supra-poder a partir do qual poderá governar com sua "Constituinte", não se confunde com sustentar o pólo da MUD com suas paralisações e marchas como a próxima a ser realizada nesta sexta-feira e que tem recebido o nome de "a tomada de Caracas". Trata-se de avançar na forja de uma saída independente da classe trabalhadora.

 
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