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Espanha, França e Brasil: Reforma Trabalhista de precarização e miséria para a juventude
Douglas Silva
Professor de Sociologia

Sempre falam para a juventude que se ela se esforçar poderá chegar longe. Alimentam a meritocracia onde o esforço e trabalho duro – acompanhados de problemas psicológicos e horas sem dormir – podem oferecer uma vida melhor no futuro. A ilusão que tentam nos vender faz parte da mesma falácia que caminha ao lado da reforma trabalhista do governo golpista.

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Sempre falam para a juventude que se ela se esforçar poderá chegar longe. Alimentam a meritocracia onde o esforço e trabalho duro – acompanhados de problemas psicológicos e horas sem dormir – podem oferecer uma vida melhor no futuro. A ilusão que tentam nos vender faz parte da mesma falácia que caminha ao lado da reforma trabalhista do governo golpista.

Se a reforma trabalhista, como foi aprovada no Senado, já representa um duro ataque ao conjunto da classe trabalhadora, para a juventude ela oferece uma total falta de perspectiva no mercado de trabalho moderno.

A experiência (de precarização) espanhola deslumbrada por Temer

A reforma trabalhista da Espanha foi base de inspiração para o governo golpista no Brasil. Uma reforma que, na Espanha, foi aprovada em fevereiro de 2012 durante uma enorme crise que o país vivia há mais de 10 anos. A marca da reforma espanhola, muito semelhante ao discurso golpista brasileiro, foi uma busca em “reduzir as demissões”; redução e flexibilização das jornadas de trabalho e salários. Isso para não falarmos do negociado sobre o legislado, uma retrograda tentativa de diminuir a margem de negociação sindical coletiva, colocando os trabalhadores em situações vulneráveis frente aos patrões, o que seguiu na Espanha e segue no Brasil.

Além do mais, mesmo na Espanha, um país com mais de 46 milhões de habitantes – um quarto do tamanho do Brasil – e com uma renda maior do que a brasileira, o que se observou durantes os cincos anos da reforma trabalhista em vigor foram uma enorme precarização da vida dos trabalhadores, sobretudo da juventude. No Brasil, de acordo com os dados do IBGE, aproximadamente 40% dos trabalhadores não possuem carteira assinada, estando em situações cada vez mais precárias e sem direitos trabalhistas assegurados. Este fato só vem se intensificando no pouco tempo do governo Temer, a terceirização irrestrita; a reforma trabalhista e previdenciária e outras medidas são marca do aprofundamento da precariedade de vida dos trabalhadores e da população pobre no país.

Se, na Espanha, a reforma trabalhista de 2012 seguia sendo aplaudida pelos organismos internacionais imperialistas como o Fundo Monetário internacional (FMI) Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no Brasil não deixa de ser diferente. A relação do golpe com os estreitos interesses imperialistas no país são parte da necessidade golpista em aprovar todas as reformas o mais rápido possível, tendo como “carro-chefe” a trabalhista e a reforma da previdência. Por outro lado, foi marca também, no país europeu, a grande resistência imposta pelos trabalhadores em suas manifestações contra a reforma.

Espanha, França e Brasil: um caminho de mais precarização da vida dos trabalhadores

Na França, em 2016, o trabalhadores também protagonizaram uma das maiores jornadas de luta contra a reforma trabalhista do governo Hollande. Uma reforma que buscava, entre outras questões, uma maior facilidade das empresas, quando possuísse um quadro de funcionários maior que 300, em demitir seus trabalhadores. A juventude que já assistia a precarização da vida, entra em cena ao lado dos trabalhadores numa luta que representava uma batalha muito semelhante com aquela do povo da Espanha e nossa no Brasil.

Hoje, o governo Macron, também já aponta novas discussões sobre a reforma trabalhista francesa. Entre as medidas do governo francês com a reforma, estão a busca em limitar a remuneração de trabalhadores demitidos por “justa causa” e a liberalização da atividade empresarial. Um caminho que muito tem a ver com a falsa ideia de um capitalismo “colaborativo” e de “trabalhadores-empresários”. A busca cada vez maior em tirar das empresas qualquer responsabilidade sobre seus funcionários e seus direitos. Um caminho marcado pelo processo de “uberização” que se arrasta a nível internacional.

A perspectiva de vida da juventude na via da precarização

A juventude que, na Espanha, se vê numa grande enganação sobre seu futuro depois da reforma trabalhista é a mesma que no Brasil e na França tem seu futuro arrancado por corruptos que nunca trabalharam e que são os construtores de uma vida mais precária e insalubre para o conjunto da classe trabalhadora.
O discurso vendido para a juventude de um futuro empreendedor se desfez na França com a reforma trabalhista e, pelo contrário, só intensificou as péssimas condições de trabalho e a falta de direitos trabalhistas. Seja na Espanha, França ou Brasil, as condições de vida adquiridas com a reforma trabalhista, aclamada pelos governos e órgãos imperialistas internacionais, são de um caminho cada vez mais marcado pelas intermináveis horas de trabalho, assédios patronais, baixos salários e um discurso cada vez mais marcado pela falsa meritocracia e empreendedorismo.

Deste modo, o caminho no Brasil e no mundo foi mostrado, seja pelas jornadas de luta francesa ou pelas greves do dia 15 de março e 28 de abril, pelos trabalhadores e pela juventude. Que tanto na França como no Brasil sofreram com a burocracia sindical, que no caso do Brasil impediu que a Greve Geral do dia 28 de junho fosse maior do que as anteriores e colocasse a classe trabalhadora numa posição decisiva para barrar a reforma trabalhista e todos os ataques do governo golpista. Mas o caminho ainda está ai para ser trilhado, tomando a luta contra as reformas e Temer em nossas mãos. Porque nossas vidas valem mais que os lucros deles.

 
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