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PARALISAÇÃO NACIONAL
Não foi uma greve histórica por responsabilidade das direções das centrais sindicais
Fernando Pardal

A luta de milhares de trabalhadores por todo o país, com paralisações, cortes de ruas, avenidas e estradas, piquetes que se enfrentam com a repressão policial, está mostrando a imensa disposição de luta dos trabalhadores. Infelizmente, ficou aquém do dia 28 de abril, e ainda mais do que poderia ser. A responsabilidade é das centrais.

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No dia 28 de abril a classe trabalhadora brasileira fez sentir sua imensa força frente ao governo Temer e as suas reformas que querem tirar nossos direitos. Não há quem, naquele dia, não tenha sentido a capacidade que temos de botar os patrões na parede e fazer valer o nosso papel central na produção, no transporte, em todos os aspectos da organização social.

O sentimento de que podíamos parar o país veio acompanhado por um sentimento de que o dia 28 de abril havia sido um bom começo, e que era necessário ir por mais para dar um xeque mate no governo.

Isso foi um grande "empurrão" para que nesse dia 30 se expressasse, em ao menos 18 estados, uma mobilização que parou diversas capitais. Mas por que, então, o dia 30 não foi ainda maior, superando a mobilização do dia 28 de abril? Para entender isso, precisamos retomar a atividade das centrais ao longo desses dois meses que se seguiram à greve do dia 28.

As centrais sindicais, ao invés de imediatamente convocarem uma nova greve geral, pensando na organização de períodos mais longos que pudessem trazer um impacto maior do que os capitalistas poderiam suportar, enrolaram.

Adiaram o quanto puderam até convocar a marcha para Brasília, apenas um mês depois, e sem organizar nenhuma paralisação nos locais de trabalho para que a adesão fosse massiva.

Depois da marcha, um novo período de enrolação. Mais um mês até uma nova data de greve para paralisar tudo. E então começaram os sinais de traição aberta. Como todos poderiam esperar, os primeiros a mostrar que abandonariam o barco da luta e sentariam na mesa de negociações foi a Força Sindical, dirigida pelo pelego Paulinho. Após seu congresso, isso ficou ainda mais claro.

Na última reunião das centrais antes do dia 30, pairava a ameaça de que as centrais cancelassem a greve de hoje. Mas, sentindo a pressão de suas bases, que queriam fazer valer a força dos trabalhadores, viram que isso colocaria seus postos à frente dos sindicatos em perigo, ameaçando o controle rígido que ainda têm sobre as mobilizações dos trabalhadores. Por isso, "apenas" mudaram o nome de "greve geral" para "vamos parar o Brasil". Era um indício claro de que não iriam, como já não estavam, preparar uma luta decidida.

E foi o que se deu: em todos os locais onde o Esquerda Diário e o Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) levou a campanha "Tomar a greve em nossas mãos" os trabalhadores receberam com grande entusiasmo, dizendo que "finalmente" alguém aparecia para mobilizar para a greve. Os sindicatos estavam completamente ausentes, muitos nem sequer sabiam que há semanas estava marcada a greve para o dia 30. O que dizíamos, de que as direções não queriam levar a luta à frente, se confirmava a cada dia.

Finalmente, nesse dia 30, vimos trabalhadores heroicamente se enfrentando com duríssima repressão em diversas cidades, como Florianópolis, Rio de Janeiro, Porto Alegre. Vimos cortes de rua, disposição de luta. Mas a grande massa de trabalhadores que desejava parar não encontrou em seus sindicatos um ponto de apoio, mas sim um obstáculo para organizar a luta.

Por isso não se deu aquilo que era necessário, e que havia total condições de ocorrer: uma superação em relação ao dia 28 e um novo fôlego para podermos derrotar Temer e as reformas. O maior "balde de água fria" ocorreu na assembleia dos metroviários de São Paulo, na noite do dia 29, quando a CTB e a CUT defenderam unificadamente (lamentavelmente com o apoio do MES/PSOL) que os metroviários não deveriam aderir à greve. Milhares de trabalhadores que contavam com a estratégica categoria dos metroviários como uma alavanca para a luta se frustraram.

Para podermos dar um passo adiante, é necessário superarmos esse imobilismo e traição promovidos pela CUT, CTB, UGT, Força Sindical, CGTB, entre outras centrais que abandonaram a construção de nossa luta. Precisamos construir nossos comitês de base, organizar nossas reuniões e mobilizar para exigir que os sindicatos convoquem assembleia e coloquem o seu peso para novas greves. Essa é a única forma que temos para efetivamente derrotar as reformas e o governo Temer.

 
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