Sandra foi encontrada morta em sua própria casa na noite do último domingo, 25. Ela havia se enforcado, provavelmente dois dias antes. Ela deixou um bilhete com mensagens de despedida e orientações sobre seu funeral.
O suicídio de Sandra, como de tantas pessoas trans e outros LGBTs, foi motivado pela sempre presente transfobia em sua vida. Ela havia, após muita luta, obtido na justiça o direito a mudar legalmente seu nome. Uma escolha que deveria ser tão simples, mas que pelo imenso desafio jurídico que representa para a população trans, é simbólico do peso que a discriminação impõe em cada simples aspecto da vida dessas pessoas.
Sair na rua, usar o banheiro, arrumar um emprego: aspectos cotidianos da vida que, entre tantos outros, trazem consigo o peso da transfobia. Sandra morreu com 35 anos. Essa é a mesma idade que representa a expectativa de vida das pessoas trans no Brasil, metade da expectativa de uma pessoa cis.
A morte de Sandra foi praticada por suas próprias mãos, mas todos sabemos que foi um assassinato cometido pela brutalidade de uma sociedade incapaz de respeitar algo que deveria ser simples e elementar para qualquer ser humano: sua identidade.
Nessa semana, em que a revolta de Stonewall, um grito de resistência e rebeldia dos LGBTs contra a polícia e o Estado que a comanda, completa 48 anos, sentimos a morte de Sandra como um ataque profundo a todos os que lutam pelo direito à livre identidade de gênero e expressão sexual. Sandra vive em nossa luta.
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