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CORREIOS
Congresso dos trabalhadores dos Correios é realizado em Goiás
Natalia Mantovan
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Entre os dias 16 e 20 de junho ocorreu o XII CONTECT, Congresso Nacional dos Trabalhadores dos Correios, em Luziânia (GO), para definir a pauta de reivindicações da categoria nacionalmente, a campanha salarial de 2015 e a diretoria da FENTECT (Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares). Segundo os informes do site da própria FENTECT, mais de 300 delegados participaram do congresso.

Participei da assembleia em que se elegeram os delegados da minha região, mas como não fui delegada, não estive no congresso. Faço esta reflexão com base nas notas, vídeos e comentários publicados pelas correntes na internet.

O saldo oficial do congresso pode ser consultado no site da FENTECT. Com 9 vagas na nova diretoria, a chapa petista encabeçada pela Articulação volta a dirigir a Federação, seguida pela Conlutas, que obteve 6 vagas. Intersindical e Luta Popular e Sindical ficaram com 3 vagas cada uma. Provavelmente essa composição significa muito pouco para a base da categoria. Para a vanguarda, as diferenças políticas entre essas correntes são um pouco mais claras, mas como quase tudo que se refere à Federação, passa bem longe da realidade do trabalhador comum.

As assembleias em que os delegados foram eleitos, mesmo onde não há denúncias de fraude, foram convocadas com o mesmo rotineirismo de sempre, com chamados às vésperas, pouca construção nas unidades e principalmente, pouca discussão sobre o conteúdo da pauta, ou do programa político que esses trabalhadores eleitos defenderiam no congresso. Essa lógica só faz continuar a divisão entre a base, que são todos os trabalhadores, e a vanguarda, que são aqueles trabalhadores que já participam das assembleias e das lutas, que fazem as greves e as manifestações, etc. Isso se expressa diretamente no congresso, e é ainda mais grave num momento onde a realidade do país todo é de muita politização.

Enquanto a reprovação de Dilma só não é pior que a de Collor antes do impeachment, a Federação volta a ter maioria petista em sua direção. Ao mesmo tempo em que o escândalo do Postalis é um fato político nacional, e a tentativa de cobrar o rombo dos trabalhadores gera revolta em toda a categoria, o mesmo “Taliban” que votou a favor da cobrança é eleito secretário geral da FENTECT.

O que precisamos notar é que a Articulação, uma corrente do PT e parte da CUT, junto com o PCdoB, que é da base do PT, e dirige os sindicatos que estão fora da FENTECT, fazem discursos a favor dos trabalhadores, mas manobram junto com a empresa para controlar a mobilização e garantir os interesses do governo e da própria ECT, pois são parte do governo. Por outro lado, embora não estejam com os principais cargos, a oposição somada tem a maioria da diretoria, são 12 membros. CSP Conlutas e Intersindical são duas centrais antigovernistas, que se propõe a ser alternativa para a organização dos trabalhadores frente à falência e o entrave que significam as burocracias governistas, e devem colocar seu espaço na FENTECT a serviço disso, de combater os burocratas e ajudarem a reorganização da categoria.

Os eixos aprovados da campanha salarial são:

· FIM DA TERCEIRIZAÇÃO, CONCURSO PÚBLICO JÁ!
· FIM DO EXCESSO DE TRABALHO E DAS HORAS EXTRAS;
· REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO PARA 35HS (SABADO LIVRE) SEM REDUÇÃO DE SALARIOS;
· ENTREGA DE CORRESPONDENCIAS SOMENTE PELA MANHÃ;
· POR MEDIDAS ADEQUADAS DE SEGURANÇA QUE EVITEM OS ASSALTOS AOS TRABALHADORES;
· PELO FIM DO ASSEDIO MORAL E SINDICAL PELAS CHEFIAS;
· REESTRUTURAÇÃO É PRIVATIZAÇÃO, NÃO A PRIVATIZAÇÃO DOS CORREIOS!
· NÃO AO “ROMBO” DO POSTALIS! NENHUM DESCONTO PARA OS TRABALHADORES E QUE A DIREÇÃO DA ECT E OS RESPONSÁVEIS ARQUEM COM AS COMSEQUÊNCIAS.
· NÃO AO POSTAL SAÚDE! PELO RETORNO DOS CORREIOS SAÚDE E RECREDENCIAMENTO DE TODA A REDE.
· PELO AADC DOS CARTEEIROS MOTORIZADOS, SEM PREJUIZO DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE NEM DA FUNÇÃO.

Marcado por fraudes para eleger delegados, acordos para obter cargos, presença de “bate-paus” (seguranças contratados) e até disputas físicas entre os sindicalistas – um método que nada tem a ver com a democracia operária, e ao contrário, é típico do gangsterismo das burocracias – como é possível um congresso assim servir para preparar a categoria para a difícil campanha salarial que estar por vir? Para barrar a privatização e a terceirização que avançam na empresa? Para se ligar aos trabalhadores de outras categorias, como bancários, petroleiros, metalúrgicos e professores e barrar os ataques que nos atingem de conjunto?

Parte significativa da categoria, como São Paulo e Rio de Janeiro, ainda permanece atrelada a FINDECT, uma federação artificial criada para dividir e enfraquecer a categoria, e o CONTECT não aponta nenhum avanço em como unificar novamente e pela base os trabalhadores.

É hora de começar a discussão e a organização em cada local de trabalho com cada trabalhador. As assembleias desse ano precisam refletir a politização e insatisfação da maioria dos trabalhadores. Se depender das correntes burocráticas, acomodadas e governistas que dirigem a maioria dos sindicatos, isso não vai acontecer. Por isso, apenas a organização pela base de carteiros, atendentes e otts pode virar o jogo.

A luta só será vitoriosa com a unificação e a participação massiva da categoria mobilizada e consciente. É urgente lutar por nossos empregos, pela contratação de trabalhadores efetivos, contra a terceirização e a precarização do trabalho.
É necessário lutar por condições de trabalho e de vida, se a inflação corrói nossos salários já defasados, precisamos de aumento significativo. E para que tudo isso seja possível, e possamos inclusive garantir nossos benefícios, como assistência médica e Postalis, temos que lutar contra a corrupção e a má administração da empresa, pela abertura das contas, pelo fim dos privilégios de uma minoria de chefes à custa do nosso suor.

 
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