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RACISMO
Mãe negra sofre racismo acusada de sequestrar sua própria filha branca
Ana Paula

Na última segunda (26), entre São Paulo e Belo Horizonte, Jamile de 22 anos, mulher negra, ao sair do banheiro em uma parada na cidade de Perdões, com sua filha branca nos braços, foi abordada por uma mulher branca, que com uma atitude racista quis sequestrar sua filha.

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A estudante Jamile Eades de 22 anos, foi vítima de racismo ao ser acusada de sequestrar sua própria filha, por possuir um fenótipo diferente dela. Sua filha, assim como o pai, são brancos, e Jamile negra. Foram cenas de horror, como a própria descreve:

“Na saída uma moça bonita com aparentemente uns 30 anos deu a mão à minha filha. Eu achei que ela estava brincando então não me importei muito, quando do nada essa moça começou a gritar: ‘solta a minha filha’. Ela veio atrás gritando e tentando puxar a minha filha do meu colo. Ninguém fazia absolutamente nada!!!! Quando um funcionário chegou perto e perguntou o que estava acontecendo e ela respondeu: ‘Essa preta roubou a minha filha’”, relatou Jamille.”

Certamente a paralisia de todos aqueles que presenciaram a cena se liga ao racismo, uma vez que os negros no Brasil são suspeitos padrão. Logo uma mulher negra com uma criança branca nos braços só poderia, para os racistas, ser "babá" ou "sequestradora".

Jamile teve sua filha tirada de seus braços e entre à sequestradora, quase agredida, teve de apresentar documentos comprobatórios da maternidade, e até mesmo imagens do parto que guarda em seu celular. Além de se enfrentar com o roubo de sua filha com amplo apoio dos presentes, teve de ser constrangida e se enfrentar mais uma vez, com o racismo, e como a mesma diz “ Eu vim embora com uma sensação horrível, de que isso ainda vai acontecer muitas e muitas vezes e por causa do racismo e preconceito quase eu perco a minha filha.”.

No Brasil os negros são os que ocupam os piores postos de trabalho, são as vitimas diretas das armas da polícia, que assassina cotidianamente a juventude negra, e invade as casas nas periferias de norte a sul do país. O caso de Jamile é uma mostra clara do racismo estrutural da sociedade capitalista, que trata os negros como criminosos.

Abaixo publicamos na íntegra o depoimento de Jamile nas redes sociais:

“Hoje dia 26/06/2017 sai dá cidade de São Paulo no ônibus de 09:00hrs com destino a Belo Horizonte. A viagem ocorrendo bem, até fazermos a segunda parada em um estabelecimento.

Entrei no banheiro com minha filha que tem apenas 1 ano e 5 meses, e na saída uma moça bonita com aparentemente uns 30 anos deu a mão a ela. Eu achei que ela estava brincando então não me importei muito, quando do nada essa moça começou a gritar : SOLTA A MINHA FILHA. Eu fiquei meio que sem reação, meu primeiro impulso foi pegar a #Manuela no colo e tentar sair de perto. Ela veio atrás gritando e tentando puxar a minha filha do meu colo. Ninguém fazia absolutamente nada!!!!

Quando um rapaz (funcionário) chegou perto e perguntou o que estava acontecendo e ela respondeu: Essa preta roubou a minha filha. Ele me olhou de cima a baixo e perguntou o que eu estava fazendo com aquela “criança” no colo.

Respondi: Essa “criança” é a minha filha!! Quando ele me perguntou: Tem como provar? Ãh?? Como assim eu ter que provar que minha filha é minha filha? Fiquei desesperada sem saber o que fazer. Quando aquela desgraçada daquela mulher puxou uma CERTIDÃO FALSA, alegando que ela tinha como provar. Vi meu mundo cair, pegaram a minha filha do meu colo e entregaram a ela. Vi ela andando em direção ao carro com a minha filha no colo.

Corri, chorei, pedi a ajuda e todos falando: ela não é sua filha, ela é branca, ela não se parece com você. Pelo amor de Deus, como assim?? Minha filha não é minha filha porque eu sou negra????? O pai dela é branco e ela realmente se parece mais com ele que comigo. Me seguraram, quiseram me bater, falaram que eu estava sequestrando uma criança :’(

Inicialmente os passageiros ficaram do meu lado e quando ela mostrou a certidão TODOS me olharam torto.

Eu ando com a IDENTIDADE e CPF dela na bolsa , foi quando eu peguei, expliquei, falei para perguntarem a minha filha cadê a mamãe. Chamei a polícia.
O motorista do ônibus falou que não iria me esperar pois tinha “horário”. Ou eu ficava e fazia b.o e ficava presa em uma cidade a Quilômetros de distância da minha casa ou ia embora com eles…

Precisei entrar no face, mostrar fotos grávida, mostrar fotos do hospital, do nascimento dela. Para assim acreditarem que a menina branca, era filha da mulher negra!!!! ABSURDO, PRECONCEITO, DESCASO!!!!!

Estou sem acreditar até agora que isso tenha acontecido comigo. Por fim, depois de mostrar nossos documentos e fotos me ajudaram a pegar a MINHA filha… E aquela mulher ficou lá, se esguelando, gritando e as pessoas que a conteram ficaram aguardando a chegada da polícia.

Eu vim embora com uma sensação horrível, de que isso ainda vai acontecer muitas e muitas vezes e por causa do racismo e preconceito quase eu perco a minha filha.”

 
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