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NADA DE NOVO NA UNE
Após congresso com fraudes e agressões, nova presidente da UNE exalta “unidade da esquerda”
Fernando Pardal

Mais uma vez a União da Juventude Socialista (UJS, juventude do PCdoB) garantiu a presidência da maior entidade estudantil do país, a União Nacional dos Estudantes (UNE), por meio de fraudes eleitorais, inviabilização de debates políticos e agressão a opositores, perpetuando uma tradição que já dura décadas.

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Quem já esteve em um congresso da UNE sabe que é difícil transmitir para quem não presenciou o que a entidade é hoje nas mãos das correntes do PT e da UJS, que há muitos e muitos anos se mantém com a presidência.

Para quem queira ter uma ideia, o documentário amador "Que Porra é Essa", realizado no 47º Congresso da UNE em 2001 pode ser útil. Mesmo tendo sido feito há dezesseis anos atrás, com uma situação política bastante diversa e com uma composição da esquerda distinta, infelizmente as práticas políticas da direção da entidade pouco mudaram desde então.

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Pelo contrário, os anos de governos petistas ajudaram a consolidar o aparelho nas mãos das correntes que apoiam o PT, e que transformaram nos treze anos de governo de Lula e Dilma a UNE numa verdadeira correia de transmissão das políticas do governo. No pós-golpe, a UNE voltou para a oposição ao governo, apesar de sua apatia em relação aos ataques não indicar nenhuma luta séria contra Temer.

A verdade é que a campanha petista pelas diretas já foi o que deu o tom em todo o 55º Congresso da UNE, que ocorreu durante esse feriado em Belo Horizonte, e inclusive a juventude do PSDB, presente no Congresso, defendeu a política da UJS e do PT, afirmando por meio de seu presidente, Henrique Vale: "Tomamos essa posição primeiro porque há um apelo da população, e segundo porque em um momento de crise política como esse, apenas um novo grupo com legitimidade de votos vai conseguir corrigir o país e ter maioria no parlamento, para recuperar a economia". O argumento se parece muito com o que é oferecido pela carta da frente parlamentar em defesa das diretas.

O Congresso também serviu de palco para políticos patronais demagogos como Ciro Gomes (PDT) e Bresser Pereira, que utilizaram o evento para lançar seu "Manifesto Brasil Nação". Em sua palestra, que contou com a participação da antiga presidente da entidade Carina Vitral, foi defendida a "responsabilidade fiscal", a absurda lei que garante que se tire dos direitos sociais para encher o bolso de especuladores.

Ao final do congresso foram eleitos os novos diretores, com a previsível vitória da chapa composta pela UJS e PT, e com a "novidade" do apoio do Levante Popular da Juventude, mostrando mais uma vez que apesar da roupa nova é mesma velha juventude petista de sempre.

Ao longo do congresso vídeos circularam nas redes sociais mostrando os métodos dos quais se utiliza a UJS para permanecer à frente da entidade. Em um deles, apareciam agredindo membros da oposição; em outro, inviabilizavam uma das mesas de debate invadindo a sala onde ocorria a discussão com bumbos e palavras de ordem. Os velhos métodos stalinistas de ontem servem hoje para a velha política petista de diretas já.

Infelizmente, por parte da Oposição de Esquerda não se viu oposição alguma: embarcando de cabeça na conciliação petista das diretas - que hoje já conta até com FHC -, não se diferenciou em nada da UJS. Aprovando um chamado à greve geral do dia 30, não denunciaram que hoje as centrais sindicais já preparam sua traição. A Oposição de Esquerda reúne um espectro político que vai de organizações stalinistas como o PCR ao recém-ingresso MAIS, cuja dirigente Clara Saraiva protagonizou uma cena lamentável na plenária final do congresso, com uma fala que não apenas não denunciava em nada a prática política criminosa do PCdoB/PT à frente da entidade, mas que ainda contou com um abraço em Carina Vitral celebrando a "unidade da esquerda". Ainda que alguns setores como CST (corrente interna do PSOL) ou UJC (juventude do PCB) não apoiem a política das diretas por distintos motivos, pode-se dizer que de conjunto a Oposição de Esquerda praticamente não se diferencia em sua atuação cotidiana na UNE (possuindo inclusive diretores eleitos na entidade).

Foi essa "unidade", em torno da política de diretas para tentar revitalizar esse regime político corrupto e que ataca nossos direitos dia após dia, que a nova presidente da entidade, Marianna Dias, comemorou na Folha.

 
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