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RACISMO
Shopping Higienópolis em SP expulsa menino negro e escancara racismo
Redação

O caso aconteceu na última sexta feira (2) e segundo o jornalista Enio Squeff seu filho, um menino de sete anos, foi uma das vítimas das ordens racistas do shopping.

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O shopping Pátio Higienópolis, um dos shoppings mais elitistas de São Paulo, foi denunciado por racismo após um menino negro ter sido abordado pela segurança do local.

O caso aconteceu na última sexta feira (2) e segundo o jornalista Enio Squeff seu filho, um menino de sete anos, foi uma das vítimas das ordens racistas do shopping.

A segurança do local envolvida na abordagem alegou confundir o menino com um “pedinte” e disse que agiu conforme as ordens de segurança do shopping.

Em depoimento nas redes sociais o jornalista, Enio Squeff, pai do menino que sofreu racismo, relatou que estava com o filho que vestia o uniforme da escola, ao ser abordado pela segurança sobre se a criança o estava incomodado. Enio afirmou ter questionado a ordem racista do shopping de expulsar meninos negros.

Também em nota o jornalista denunciou o racismo estrutural no qual o país está imerso, em especial nos espaços de elite e que reproduz práticas de opressão e a exploração de trabalhadores precários para manter o status de clientes seletos conforme os padrões racistas da elite paulistana.

Mais uma vez para a elite branca o único papel que cabe ao negro em seus espaços sagrados elitizados de lazer é ou de serviçal, morador de rua, pedinte, flanelinha, espaços destinados àqueles que vivem na miséria onde qualquer criança negra só pode ser um "projeto de bandido".

Na realidade o racismo se expressa descaradamente em casos como esses, que gritam em nossa cara que negros não são aceitos nos espaços nobres, mas também mostra como o racismo é estrutural na sociedade, pois a realidade é que sim, negras e negros são maioria nos trabalhos mais precários, entre os moradores de rua e, sempre criminalizados, também são maioria em celas de prisão, com penas mais longas e casos não julgados.

Repudiamos toda forma de racismo e o acontecido no shopping Higienópolis, regra e não exceção nos espaços de luxo a serviço da manutenção da riqueza das elites de nosso país. Luxo e riqueza sustentados pelo sangue e suor de negros e negras.

Veja a seguir post no Facebook feito pelo pai do menino nas redes socais:

Enio Squeff
5 de junho às 16:35 ·

São esses os tempos, e este o país.
Na sexta feira passada, lá pelas 18 e 40, enquanto tomava chá com meu filho de sete anos no Shopping Higienópolis, fui supreendido por uma segurança mulher que me perguntou se a criança, à minha frente, estava me incomodando. Surpreso, inquiri-a sobre razão de seu questionamento. Ela explicitou: tinha ordens de não deixar "pedintes crianças" molestar a quem quer que fosse no Shopping. Não precisou explicar mais nada. Apontei para meu filho e lhe perguntei se ela o considerava um pedinte por ser negro. Meu filho é negro; e estava com um abrigo do colégio Sion. Como eu lhe questionasse para o fato de ela ver pele e não o uniforme, quem se chocou, então, assustada, foi a moça travestida de segurança. Eu que a desculpasse, ela não tinha tido a intenção de me ofender. Para corroborar a extensão de seu pedido de perdão, afirmou-me que ela também era negra -,e sua pele não a desmentia; mas que recebia ordens.

Insisti: com o que a direção do Shopping tinha lhe dado ordens de expulsar meninos negros do sagrado local de Higienópolis, era isso? Não prossegui. Ao seu terceiro ou quarto pedido de desculpas, disse-lhe que que se alguém devia desculpas era ela para si mesma e para sua família. Ficava evidente que obedecia ordens (foi essa a justificativa dos carrascos que massacraram judeus na Alemanha, mas isso seria ir longe demais). E que se era para encobrir o racismo de seus patrões - ela que se assumisse na culpa que ela via imputada na pele de meu filho.

Confesso,porém, e em suma, que no mesmo instante, tive pena da moça: se fosse à auditoria do Shoppping Higienópolis( parece que eles têm isso por lá), é claro que ela engrossaria a lista de desempregados do país. E aí, então, ela seria duplamente punida: não apenas por ter atentado contra uma criança negra, mas por se ter flagrado num racismo duplamente condenável por ser ela mesma negra, num ato discriminatório que ela entranhou em si, como parte do seu trabalho.

Lamentável - mas talvez explicável. Os capitães do mato vicejam no terreno fertil do racismo, que, por sua vez, se escora na extrema direita. Não é por nada, aliás, que 70% dos jovens assassinados no Brasil, sejam negros.
Enfim, são esses os tempos, mas também este o país...

 
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