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Os trotskistas nas eleições legislativas na França
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy
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Depois das eleições presidenciais na França, em que o candidato operário e anticapitalista Philippe Poutou foi a grande voz da esquerda, gerando enorme repercussão nacional apóster desmascarado Marine Le Pen e François Fillon em rede nacional, a esquerda francesa tem novos perfis nas eleições legislativas para enfrentar o programa de ajustes de Macron e da patronal.

Elise Lecoq e Elsa Marcel, militantes da Corrente Comunista Revolucionária (CCR) – organização irmã do MRT na França – são parte dos candidatos do Novo Partido Anticapitalista (NPA) para as legislativas. São parte de uma nova geração de trabalhadores e jovens que foram protagonistas do grande movimento que chacoalhou o país contra a reforma trabalhista de Hollande em 2016.

A CCR impulsiona o diário digital Révolution Permanente, parte da rede internacional de diários Esquerda Diário, que tem centenas de milhares de acessos mensais e foi reconhecidamente um dos principais portavozes da luta operária e juvenil contra a "Lei El-Khomri" de 2016.

Aproveitando o país sitiado pelo estado de emergência instalado pelo ex-presidente François Hollande, o novo presidente Emmanuel Macron busca aprovar por decreto ataques duros contra os trabalhadores e a juventude. Como se provou em todo o processo de 2016, o estado de emergência tem como função incrementar a repressão contra os bairros operários e populares, a perseguição contra os imigrantes e impedir a organização dos trabalhadores contra as reformas reacionárias do governo.

Macron está em estado de hiperativismo para mostrar serviço à patronal imperialista, servindo-se do avançado por um dos presidentes mais odiados da história francesa. Para cumprir os acordos de submissão com a Alemanha, precisa arrancar mais direitos da população francesa, e seguir a política de repressão contra a juventude ou aos trabalhadores que se manifestam em defesa de seus postos de trabalho, como os companheiros da fábrica GM&S, que ameaça demitir 277 trabalhadores.

Mostramos os “spots” de campanha de Elise Lecoq, professora do departamento 93 de Paris, e de Elsa Marcel, estudantes de Direito, no marco das batalhas a serem dadas contra o novo governo, o racismo da extrema direita e o conciliacionismo do PS.

"Para as eleições legislativas, Philippe Poutou apoia candidatos como ele, que não são parte dos políticos profissionais. Nossos candidatos são trabalhadores e jovens como você e eu.

Me chamo Elsa Marcel, tenho 24 anos e estudo Direito em Paris. Sou parte dessa geração que viveu seu primeiro grande movimento social na última primavera, quando lutamos contra a Lei El-Khomri [Reforma Trabalhista de Hollande]. Macron foi eleito com 20% dos votos no primeiro turno, e uma taxa jamais vista de abstenções e votos nulos no segundo turno. Entre os dois turnos, fomos milhares os que descemos às ruas para dizer “Nem pátria, nem patrão: nem Le Pen, nem Macron”. Agora que ele está na presidência, Macron prepara uma reforma trabalhista muito mais forte. Evidentemente que a patronal, as associações industriais, as famílias mais ricas da França (CAC 40) estão esfregando as mãos. Sobretudo porque Macron promete passar por decreto estes ataques durante o verão. Diante disso, não precisamos de deputados que sejam parte de uma “frente republicana” ou opositores meramente institucionais, e sim de portavozes do conjunto dos trabalhadores e da juventude, porque a grande maioria da população não quer estas contrarreformas. É por isso que devemos nos preparar para lutar, e recomeçar aquilo que nos deu força na primavera passada: a unidade entre trabalhadores e estudantes, para levar até o final a resistência nas faculdades, nas fábricas, nos colégios e nas ruas!"

"Eu me chamo Elise Lecoq, tenho 31 anos, e sou professora do colégio Bárbara em Stains, no departamento 93. Eu sou Simon Assoun, sou estudante na universidade Paris 8, na faculdade de Saint-Denis.

O departamento 93 é o mais pobre de toda a França. Como professora, vejo todos os dias o como o desemprego, a precarização, a falta de moradia, a destruição dos serviços públicos, afetam meus alunos e as famílias de cada um. E existe também a violência, a violência da polícia contra a juventude, como o assassinato de Adama, e o estupro de Théo. Existe a violência da lei, a violência contra os estrangeiros, que são privados do direito ao voto, as expulsões dos imigrantes indocumentados, as leis islamofóbicas. Tudo isso é agravado pelo estado de emergência: as leis de exceção não regulam qualquer problema e nem são empecilho ao terrorismo, elas existem para estigmatizar, para reprimir, e para estender na França a guerra conduzida pelo exército francês contra o estrangeiro. Nós do NPA defendemos o fim imediato do estado de emergência, o fim do racismo institucional, a dissolução dos corpos de repressão como o BAC, o fim das intervenções imperialistas.

A juventude precisa de um futuro, não de cassetete. É preciso utilizar o dinheiro público nos serviços públicos, na moradia, e não para a polícia. É por isso que nos organizamos todos. É para levar esse combate até o final que eu me apresento como candidata".

Expressão das novas lutas sociais na França, estas candidaturas anticapitalistas do NPA estão a serviço de organizar o combate nas ruas contra os ajustes dos capitalistas.

No Brasil, apoiamos entusiasticamente esta nova batalha no terreno do inimigo, dado para fortalecer as lutas dos trabalhadores e da juventude, em nome de construir uma esquerda verdadeiramente revolucionária, anti-imperialista e internacionalista, que ao contrário dos novos reformismos como Mélenchon na França, confia irredutivelmente na força da classe trabalhadora, para que os capitalistas paguem pela crise.

 
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