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PT
Lula no Congresso do PT fala em preparar congresso para 2018 e não de derrotar as reformas
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História
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De quinta-feira (01) à sábado (03), estará em andamento o 6° Congresso Nacional do PT. O partido se reúne para discutir os caminhos que planeja traçar no próximo período em meio a crise política, econômica e social que passa o país, após o golpe institucional que tirou Dilma do poder - golpe daqueles que um dia já foram base aliada do governo petista - e da derrota eleitoral que sofreram no final de 2016.

Lula, durante a abertura do congresso, deixou claro sua prioridade e o que espera da militância petista: foco e centralidade nas eleições de 2018. As mobilizações da classe trabalhadora como no 15M, 28A e mais recentemente marcha à Brasília contra as reformas e Temer passam longe do discurso do ex-presidente. Muito pelo contrário, para o líder petista quanto mais longe da mobilização e do enfrentamento com esse regime podre a saída estiver, melhor.

Após a greve geral em Abril e a aparição da classe trabalhadora como sujeito na política nacional, o pacto em volta do governo Temer sentiu o tremor, de modo que o presidente passou a encontrar algumas divisões na base de seu governo, como expressa a figura de Renan. Em seguida, as delações da JBS feriram Temer de morte, instalando uma crise política profunda que hoje é uma grande pedra no caminho das reformas contra os trabalhadores e a juventude, de modo que se instalou divergências entre diversos setores do regime político, no Congresso, no Judiciário e na imprensa. De lá para cá, ocorreu mais uma grande mobilização, a Marcha à Brasília, que reafirmou a força dos trabalhadores e dos jovens em luta e sua capacidade de ser o agente determinante dos rumos da política do país e das suas próprias vidas, combatendo Temer e as reformas. Ainda assim, viu-se um limite da Marcha para essa tarefa, de modo que é urgente que haja uma nova greve geral, aproveitando que a burguesia, os políticos, juízes, banqueiros e empresários estão divididos para os trabalhadores serem os sujeitos que darão o golpe fatal em Temer e levarão com ele as reformas.

O PT, enquanto partido da ordem que presa pela manutenção da exploração humana, através de seu controle sobre as burocracias sindicais - CUT e CTB - busca canalizar todo esse descontentamento para as urnas e retirar o potencial político da classe trabalhadora de protagonizar uma alternativa independente dos capitalistas. Por isso, em seus discursos, sempre dá ênfase à força que a “direita” vem ganhando (Bolsonaro, Hulk, Dória), curiosamente as demonstrações de força dos trabalhadores parecem nem existir, terreno fértil para farsa do mal menor.

“É preciso que a gente consiga transformar o nosso discurso numa estratégia para que a gente possa eleger o presidente da República, e a maioria na Câmara e no Senado, porque senão, a gente vai ter que fazer aliança com outros partidos”

Essa declaração de Lula, escancara o velho projeto conciliador do petismo, que governa para que bancos tenham taxas de lucro que nunca foram tão altas e para que empresários, como Joesley Batista, dono da JBS - que através de sua relação umbilical com os políticos corruptos, os quais financiou, se tornando um dos maiores frigoríficos do mundo - explore milhares de trabalhadores e fuja tranquilamente para Nova York com o perdão da justiça burguesa. Porém, esse posicionamento não poderia ser muito diferente, quando governou, Lula indicou Henrique Meirelles para presidência do Banco Central, onde adotou uma política privatizadora, hoje, Meirelles ocupa o cargo de Ministro da Fazenda e Previdência Social, indicado por Temer para passar as reformas trabalhista e da previdência.

Desde a grande força demonstrada pelos trabalhadores na última greve geral, passando pela grande crise instaurada no governo e pela histórica Marcha em Brasília, as centrais sindicais ligadas ao PT, CUT e CTB, tardam de organizar uma nova greve geral, que finalmente foi marcada para o final de junho sem uma data definida, isso tem por objetivo dar um tempo para, quem sabe, acordos por cima, com aqueles que querem destruir nossas vidas. Nesse momento de crise é o momento em que os trabalhadores podem se mostrar sujeitos para resolvê-la, derrubando Temer e as reformas, ferindo esse regime corrupto e que ataca os trabalhadores. Parece não se tratar do objetivo do PT e das suas centrais, mas sim de preservar esse regime para que possam retomar o controle sobre ele, fortalecendo seu poder no Congresso e colocando Lula na presidência.

Uma luta consequente contra as reformas passa, desde já, pela convocação das centrais sindicais de assembléias em cada local de trabalho, para que se discuta quais vão ser os próximos passos na luta, do mesmo modo a formação de comitês de mobilização de milhares de trabalhadores para a construção da nova greve geral. Ao não fazer isso, o PT, Lula e suas centrais revelam que não desejam que as mobilizações fujam dos seus objetivos e ataquem o próprio regime podre ao qual sempre pertenceram e querem ganhar ainda mais espaço.

 
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