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REPRESSÃO EM BRASÍLIA
Repressão em Brasília: Sangue no chão, lucro nos céus
Mateus Castor

Hoje, dezenas de milhares foram à Brasília protestar contra as reformas e o governo ilegítimo de Temer, que teima em manter-se no poder. O golpista fez um verdadeiro chamado à Guerra, dizendo “se quiserem, me derrubem”. Pois então, uma marcha gigantesca se dirigiu até a Praça dos Três Poderes e lá foi recebida com uma chuva de bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha da Polícia Militar.

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Foto: G1

Os manifestantes são tratados como se fossem eles os envolvidos dos pés a cabeça em esquemas de corrupção usando o estado como um balcão de negócios próprios. Enquanto os políticos e empresários, ostentam um verdadeiro tratamento de gala da justiça brasileira, com direito ao perdão, imunidade e uma vida confortável no exterior, ou no pior dos casos uma “prisão” domiciliar em suas mansões por alguns anos - isso quando a justiça não arquiva os processos.

Para o empresário Joesley Batista, o direito de viver num apartamento de 30 milhões de reais em Nova York depois de comprar 1829 políticos, para os trabalhadores e jovens que serão obrigados a trabalhar até morrer em condições péssimas com essas reformas, o direito ao spray de pimenta, bomba de gás lacrimogêneo, cassetete, balas, menos um olho e toda e qualquer forma de repressão disponível.

Nesse momento de crise política, social e econômica, os capitalistas deixam mais claro em que mundo nós vivemos: um mundo onde o direito à educação, saúde, trabalho e condições de vida dignas da população pobre, trabalhadora e jovem, serão o principal e primeiro alvo de ataque para a manutenção e aumento dos lucros da burguesia. A PEC do congelamento de gastos, as reformas da previdência e trabalhista destruirão o futuro de milhões e várias gerações sofrerão das consequências dessa ofensiva violenta do capital, isso se eles vencerem e atingirem seu objetivo. Contudo, hoje os efeitos já são sentidos, mais de 13 milhões de brasileiros estão desempregados e 40% da população adulta está endividada. O fim da recessão que Temer defendeu parece ter sido somente para as grandes empresas e bancos, que continuam a bater recordes de lucros, como o Bradesco, já que para o povo trabalhadora a vida continua encarecendo e se tornando cada vez mais difícil.

Diante de tamanha violência contra 99% da população, a resposta que os políticos - representantes dos grandes monopólios nacionais e multinacionais - nos dão, é de mais violência. Não só da PM, Temer já comandou que o Exército vigie Brasília do dia 24 a 31 de Maio para reprimir qualquer ato que questione seu projeto político completamente ilegítimo.

Desde Junho de 2013, o aparato repressivo do Estado vem se aperfeiçoando, novos escudos, cassetetes, armas, botas, bombas, novos carros, novos tanques, novas tecnologias de repressão, tudo isso reflete o medo que os governantes corruptos sentem quando a classe trabalhadora e a juventude vai às ruas. O resultado são centenas de presos desde então (através de flagrantes forjados, como ocorreu com Rafael Braga) sessões de tortura que os secundaristas enfrentaram em 2015 e 2016, tiros de bala de borracha que propositalmente miram os olhos, o armamento com projéteis letais - como foi o caso das repressões no RJ, e vigília da PM nas universidades são apenas alguns exemplos dentre muitos outros que nem sequer chegam nas mídias.

Hoje foi mais um show de horrores em que a Polícia estrelou mais uma cena sangrenta, defendendo os interesses dos latifundiários que desejam a volta/legalização da escravidão, defendendo os empresários que defendem a terceirização que adoece milhões de trabalhadores em condições péssimas de trabalho - na sua maioria mulheres e negras, defendendo a elite que cada vez mais mostra o quanto é suja e que se enriqueceu primeiro através da escravidão e atualmente quer que o salário de um trabalhador seja o suficiente para ele apenas conseguir se manter vivo para o trabalho. Mais uma vez, dezenas de feridos, um manifestante foi baleado com munição letal e muitos outros casos que ainda vão aparecer.

A repressão sempre é justificada pelo argumento de “preservação da ordem e da segurança dos manifestantes” ou contra “ a baderna e depredação”, normalmente ambos formam um combo da retórica dos políticos dos capitalistas. Nesse cenário em que se escancara os mais diversos esquemas de corrupção através da relação umbilical entre empresas e partidos e políticos, com o desvio de bilhões de reais dos cofres públicos para o bolso de cada um, é de uma hipocrisia surreal querer dizer algo sobre “baderna e depredação”

Há um problema para o governo. Se antes as massas ficavam relutantes contra ações mais radicalizadas, hoje, cada vez mais, se convencem que uma greve, piquete, paralisação, lixeira quebrada ou um vidro de banco estilhaçado, uma pedra arremessada, um prédio incendiado, não são nada mais que respostas as condições de vida miseráveis que tentam nos impor.

Como diria Malcolm X: “Não confunda a reação do oprimido com a violência do opressor”.

No capitalismo existe apenas um direito universal que será levado à sério: o direito ao lucro. Todo direito que interfere na capacidade de exploração, ainda mais em um momento de crise econômica, como os direitos trabalhistas e a aposentadoria, serão remodelados para que a acumulação continue intacta, o Estado burguês utilizará a violência do modo que lhe convier contra qualquer questionamento, resistência e ação contra o domínio da burguesia, esse é o conteúdo implícito quando dizem sobre preservar a "ordem e a segurança”. A questão que fica é: Ordem, progresso, paz e segurança para quem?

 
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