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COMITÊS NA UNICAMP
Arrancar as cotas, barrar as punições e levar centenas à Brasília
Guilherme Zanni
Professor da rede municipal de Campinas.
Vitória Camargo

Há cerca de um mês os estudantes do IFCH criaram um comitê de base para mobilizar instituto contra as reformas e ataques do golpista Temer, e também para fortalecer a luta para que as cotas étnico-raciais sejam conquistadas na votação do CONSU e que as punições aos estudantes sejam revertidas.

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O 28A ficou marcado pela entrada em cena da classe trabalhadora organizada, com seus métodos de luta, como as greves e piquetes. Através de assembleia e do comitê, os estudantes do IFCH se prepararam para esse dia, com um chamado amplo á participação e a partir da realização de uma Mesa de debate no instituto sobre a Reforma Trabalhista, que contou com a presença de professores do curso de Ciências Sociais e de professores da rede estadual que trabalham em escolas da cidade.

Muitos estudantes do IFCH e de toda Unicamp tomaram as rodovias e ruas junto aos trabalhadores no dia 28 de abril. Paramos a cidade junto aos trabalhadores das fábricas, aos professores das escolas, aos estudantes secundaristas e estudantes de universidades privadas de Campinas, além de muitos outros trabalhadores e de uma importante parte da população que apoiou. Também participamos dos dois atos que reuniram milhares de pessoas em Campinas. Fomos às ruas mostrar que queremos derrubar as reformas e o próprio governo golpista de Temer.

Depois de terem parado o país no dia 28, os trabalhadores estão se organizando a partir do chamado das direções das Centrais Sindicais e dos movimentos populares, como MTST, para ocupar Brasília no dia 24 de maio. A organização dos estudantes a partir da base e de espaços democráticos é fundamental para que consigamos traçar os próximos passos da nossa luta e agregar mais pessoas a ela. Podemos ser dezenas de milhares para tomar Brasília junto aos trabalhadores.

Quanto ônibus a Unicamp levará à Brasília? Como vamos construir esse novo passo da luta nacional para que também na nossa luta dentro da universidade pelas cotas e contra as punições estejamos fortalecidos pela nova correlação de forças que a classe trabalhadora está impondo aos capitalistas? Queremos que o comitê chamado pela assembleia do CACH se desenvolva e alcance centenas de estudantes, para que junto aos trabalhadores sejamos sujeitos de responder a crise nacional. Nessa segunda dia 15, às 17h30, será a próxima reunião, onde discutiremos o balanço do 28A e a ida à Brasília. E queremos mais, sabemos que outros comitês podem ser construídos em mais institutos e faculdades. O Diretório Central dos Estudantes também pode chamar a construção de um comitê de toda a Unicamp. Não queremos seguir a rotina de assembleias convocadas, mas que não são construídas na base dos cursos e acabam por não ser realizadas. Sabemos que podemos tomar a nossa luta nas mãos e construir vivos espaços de debate, preparação e organização. Para isso esses espaços devem ser compostos não só pelas direções do DCE e entidades, mas terem uma convocação e divulgação ampla para serem tomados por centenas de estudantes.

Um desafio importante que nós jovens e os trabalhadores temos é a partir da nossa organização de base garantir que a ação de Brasília seja massiva, fortaleça a luta pela derrubada das reformas e não se torne mera marcação de posição e pressão parlamentar como pretende a direção da CUT, que vem se movimentando e buscando canalizar a força dos trabalhadores não para uma luta séria contra as reformas e Temer, mas somente com objetivo de eleger Lula em 2018 e a retomada do poder pelo PT num novo pacto com os capitalistas. Por isso devemos exigir das direções sindicais e estudantis que a ida à Brasília seja parte de um plano de lutas efetivo e da preparação de uma nova greve geral. A UNE deve garantir centenas de ônibus organizados em todos os locais que atua para que milhares de jovens universitários e secundaristas possam estar junto aos trabalhadores e militantes dos movimentos em Brasília.

O mês de maio é também a reta final de mais uma etapa da nossa luta pela aprovação das cotas-étnico raciais. Com a greve de três meses e a ocupação da reitoria que fizemos no ano passado, a partir da organização do movimento estudantil, dos centros acadêmicos, DCE, Núcleo de Consciência Negra e Frente Pró-Cotas, garantimos a realização de audiências públicas que aprofundaram o debate e mostraram o atraso da Unicamp dita de excelência em relação a muitas universidades por ter uma política séria de ações afirmativas. Mais que isso, escancaramos à comunidade universitária o racismo institucional de uma universidade que fecha suas salas de aulas e currículos para a população negra.

Agora podemos transformar essa demanda numa causa de toda a população, da juventude secundarista que ocupou suas escolas, da juventude que se endivida nas universidades privadas, dos trabalhadores e da população que espera ser parte da produção e do usufruto do conhecimento que a Unicamp produz. Com a conquista das cotas podemos derrotar os planos privatizantes e excludentes de governos golpistas como o de Jonas, Dória e todos os defensores das reformas. Queremos cotas já para que a estrutura de poder racista e elitista da universidade seja questionada, para que possamos avançar na luta contra a reitoria que terceiriza milhares de trabalhadores negros, enquanto possui duplos salários e privilégios. Queremos avançar a um questionamento radical do acesso da universidade, pois sabemos que para que toda a juventude negra possa estudar na universidade pública de qualidade o filtro social do vestibular deve ser derrubado.

E temos como desafio também da nossa luta e organização não deixar ninguém pra trás. A reitoria de Tadeu e a nova reitoria de Knobel estão processando estudantes negros que participaram da luta pelas cotas. Não podemos aceitar essa punição seletiva e racista. É urgente que façamos uma campanha dentro e fora da Unicamp pela revogação imediata da punição ao estudante Guilherme Montenegro, diretor do DCE, e o cancelamento de todos os processos disciplinares que buscam sentenciar outros estudantes. Não aceitaremos que nenhum estudante que luta seja punido.

 
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