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CENTRAIS SINDICAIS
CUT admite possibilidade de negociação com Temer
Felipe Guarnieri
Diretor do Sindicato dos Metroviarios de SP

O novo discurso da Central vem em um momento onde novamente o regime político foi abalado pela apresentação da Lista Janot-Fachin

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Em matéria divulgada pelo portal Brasil247 no dia 11/04, Vagner Freitas, presidente da Centra Única dos Trabalhadores (CUT), declarou pela primeira vez a possibilidade de negociação com Temer após o governo anunciar recuos na proposta de Reforma da Previdência: “Queremos que o Temer retire a emenda do Congresso e sente-se conosco para negociar com transparência, abrindo honestamente os números da Previdência”. Uma mudança substancial para quem antes fazia questão de rejeitar qualquer diálogo com o governo golpista: “Queremos que ele retire esse projeto de tramitação, tem que derrubar esse projeto. A CUT não vai sentar com o Temer para negociar, tem que retirar... Qualquer reforma, nós só sentamos para discutir quando a democracia for restabelecida no Brasil”, dizia o presidente da CUT ao site do PT no dia 08/04.

O novo discurso da Central vem num momento onde novamente o regime político foi abalado pela apresentação da Lista Janot-Fachin, e segundo pesquisa feita pela própria CUT junto ao Instituto Vox Populi, aumenta a impopularidade de Temer chegando aos 5% o número que considera o governo ótimo/bom e aos expressivos 93% a rejeição à Reforma da Previdência, além dos 80% que reprovam a ampliação da terceirização do trabalho. Ao mesmo tempo, a CUT mantém o chamado à Greve Geral, prometendo paralisar diversas categorias em todo o país. Ou seja, o objetivo da central passa pela possibilidade de um novo cenário pós 28/04, em uma tentativa de saída negociada com o governo em torno da Reforma da Previdência, alinhando-se assim com outras centrais como a Força Sindical, que admitiam desde antes a intenção em querer negociar a reforma com Temer.

Nesse sentido, não é apenas coincidência que a Força Sindical passou adotar também o discurso de Greve Geral, depois de ter protagonizado na reunião das centrais seu posicionamento contrário à consigna, que levou o manifesto aprovado nessa reunião ter apenas uma formulação genérica de “Vamos parar o Brasil no 28/04”. Por sinal, na mesma semana em que Paulinho da Força (do Solidariedade) foi um dos citados na Lista Fachin, acusado de receber mais de 1 milhão em propina da Odebrecht, e repasses de 200 mil para ser contra greves em Usinas Hidrelétricas do Rio Madeira em 2012, como denunciado pelo portal Esquerda Diário.

Se é verdade que centrais como CUT/CTB e Força Sindical possuem interesses diferentes – enquanto as primeiras querem que Lula volte em 2018 para o PT aplicar as reformas a sua maneira, a outra está com os olhos na garantia do imposto sindical para estreitar ainda mais os laços com o governo golpista – tal alinhamento conjuntural possui um objetivo em comum: controlar o máximo possível para que os chamados a greve geral não se desenvolvam em processos mais profundos de luta de classes, com os trabalhadores assumindo em suas mãos o curso das mobilizações.

Não há duvidas de que essas centrais vão trair os trabalhadores, como já fizeram inúmeras vezes! Estão dispostas a tudo, inclusive negociar nossos direitos com os golpistas do Governo e do carcomido regime político brasileiro, em troco de seus próprios interesses. A efetividade de uma forte paralisação no 28A está nas mãos dos trabalhadores e da esquerda, inspirado no que aconteceu no 6A na paralisação dos trabalhadores na Argentina contra o governo Macri. Como diz Marcello Pablito, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP e da Secretaria de Negras e Negros:

“A esquerda pode dar um exemplo e assim forçar a que garantamos uma paralisação efetiva e um plano de luta rumo à greve geral para derrotar todos ataques. Esse exemplo passa por organizar fortes ações independentes que deem uma cara própria da esquerda ao dia. Uma cara que envolva milhares de trabalhadores nos locais de trabalho e uma luta e programa consequente para derrotar Temer. Chamamos os sindicatos da CSP-Conlutas, da Intersindical, as organizações políticas e sociais organizadas na Frente Povo Sem Medo, em especial o MTST, os parlamentares do PSOL, a todos batalharmos juntos para grandes atos e paralisações da esquerda combativa e independente do PT e da burocracia sindical. Algumas iniciativas já vêm sendo organizadas e apontam nesse sentido, mas consideramos que é fundamental uma maior coordenação das organizações para que o dia 28 não seja um dia passivo, no marco de que em alguns lugares vêm se indicando realização de ato-show e não piquetes e manifestações ativas. Também chamamos a batalhar juntos por assembleias em todos os lugares onde a burocracia não está convocando nada e atuar juntos para garantir que essas sejam democráticas e expressem democraticamente a base.”

Há condições de derrotar o governo se assumirmos essas tarefas, tirando do controle da burocracia sindical a luta contra as reformas e ataques do governo Temer. Não existe reforma a ser negociada, mas sim fazer com que os capitalistas paguem pela crise que eles mesmos criaram.

 
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