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JUVENTUDE
Quase 2,5 milhões de crianças e jovens estão fora da escola
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História

Ontem, foi disponibilizado pela ONG Todos Pela Educação dados alarmantes: 2.486.245 de crianças e jovens (de 4 a 17 anos) estão fora da escola, mais de 60% são adolescentes entre 15 e 17 anos. Num país que a pouco tempo - sob o governo de Dilma - tinha “ Pátria Educadora” como principal slogan, fica cada vez mais claro, com Dilma ou Temer, que a educação nunca foi prioridade.

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Foto: Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem/Arquivo

Essa situação não surgiu do além. Inclusive, o governo petista foi quem começou os ataques: em 2015 e 2016, 19 bilhões foram cortados do orçamento do MEC, e as dificuldades com os programas governamentais, como o Prouni e Fies, começaram. Dado o golpe institucional, a ofensiva contra a educação pública se intensificou ainda mais. Hoje, o congelamento dos gastos (PEC 55) por 20 anos, o corte no Prouni e Fies, a Reforma do Ensino Médio, projetos reacionários como o Escola sem Partido e o fim do programa Ciência sem Fronteiras, são ataques que pretendem tornar o ensino público - que já se encontra numa situação de completa precariedade - ainda mais negligenciado e sucateado.

Por trás do discurso de defesa da Reforma do Ensino Médio - que com essa reforma, a grade curricular ficaria mais flexível e adaptável para cada aluno - está o objetivo de tornar as escolas públicas em centros de formação de mão de obra barata. Enquanto que para os alunos das escolas privadas, as renomadas universidades são o principal destino, para os de escola pública - com o agravamento da reforma e dos cortes no Fies e Prouni - a perspectiva é de se formar e já estar inserido no mercado de trabalho precário, ou se possível, estudar e trabalhar, entrando numa rotina desumana.

Se não bastasse a exclusão ao ensino superior (apenas 14% dos adultos são formados), os jovens terão ainda de enfrentar através da terceirização irrestrita, condições de trabalho horríveis e a ausência de direitos trabalhistas, com mais de 25% de desemprego na juventude, não existem muitas escolhas a não ser aceitar as condições impostas pelos patrões, até porque “se você não quiser, tem quem queira”.

A precarização da educação, a terceirização, assim como a reforma trabalhista, formam as engrenagens de um grande projeto que visa aumentar o lucro e explorar ainda mais os trabalhadores e juventude, fazendo com que esses paguem pela crise. Enquanto a vida da maioria dos jovens se deteriora, em 2016, em plena crise, Kroton - a maior empresa de educação privada do Brasil - teve um aumento na taxa de lucro de 11% no terceiro semestre, comparado ao mesmo período do ano anterior. Ao passo que eles lucram, milhões de crianças e jovens estão fora da escola.

Com a crise econômica que se passa, a escola se torna um local muito menos atraente diante da necessidade de emprego, isso justifica em grande parte os mais de 1,5 milhões de jovens que deixam o ensino médio público de lado - que já não é nada atrativo. Se não houver trabalho disponível, há também outro mercado que nas crises se mantém forte e sempre continua a recrutar novos peões, o tráfico.

No capitalismo, a saúde, o transporte, o lazer e também a educação, são mercadorias que garantem bilhões para poucos empresários - que lucram tornando aquilo que é essencial para a existência humana, num bem privado. Nesse cenário, à juventude não cabe assistir passivamente seu futuro sendo esmagado pelos capitalistas, que só querem aumentar sua capacidade de exploração e seu bilhões de reais intactos. A educação pública, universal e de qualidade é um direito que os grandes barões do ensino privado querem destruir. Os mais de 2,5 milhões de crianças e jovens fora das escolas representam mais uma estatística dessa situação.

Tentam jogar a crise nas costas dos trabalhadores, oprimidos e juventude, alegando que não há alternativas. O governo escolhe pagar uma dívida de mais de US$323,7 bilhões - com juros completamente abusivos que nunca foi fiscalizada pela população, que suga quase metade do PIB do país - e atacar os direitos mínimos e condições de trabalho e estudo dignas.

Sendo assim, é importante que os jovens das escolas, faculdades, empregados e desempregados, se organizem para lutar contra os ajustes e ataques. Em cada local de estudo e trabalho, é fundamental a formação de comitês de mobilização para organizar esta batalha contra o governo - que unifique os estudantes com os trabalhadores - tendo em perspectiva a construção da Greve Geral no dia 28 de Abril para parar o país, das fábricas aos locais de estudo, e assim, mostrar que não aceitaremos pagar por uma crise não criamos.

Para organizar esta luta estamos convocando em diferentes cidades do Brasil encontros regionais por uma greve geral já contra as reformas de Temer. Convocamos toda a juventude, seja estudante, trabalhadora ou desempregada, a construir conosco estes encontros e lutar lado a lado com os trabalhadores contra os ataques do governo golpista, para que os capitalistas paguem pela crise.

 
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