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VIOLÊNCIA MACHISTA
José Mayer, assediador - da ficção à realidade
Patricia Galvão
Diretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

No blog "Agora é que são elas" a figurinista Susllem Tonanis denunciou o ator José Mayer pelo assédio sofrido por oito meses na Globo.

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Leia também: José Mayer assedia, as mulheres protestam e a Rede Globo faz (muita) demagogia

Há alguns dias li o relato de Susllem Meneguzzi Tonanis, figurinista da Globo, sobre o assédio sexual que sofreu. Ela conta como, por 8 meses, foi assediada pelo ator José Mayer, famoso galã da Globo. Não bastassem os “gracejos” (nome bonito pra assédio) ele achou que poderia toca-la. E tocou! E ainda achou que poderia gritar, durante a preparação para uma gravação, para todo mundo ouvir: VACA!, quando Susllem se recusou a lhe dirigir a palavra.

A parte mais revoltante, que mais angustia ao ler seu relato é quando ela diz que sente culpa. “Sinto no peito uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e árduas antes, sinto um arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas às vezes em que, constrangida, lidei com o assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de trabalho. Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis, garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga por obra, sou quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole? Será que vão me contratar outra vez?”

A gente nunca escolhe ser oprimida. Nada que fazemos pode se quer justificar qualquer assédio e opressão. NADA. Não, não é a roupa, não é o jeito, não é a voz, nem o sorriso. Nem o fato de ter dito sim e depois dizer não. Porque podemos mudar de ideia.

Não, seu chefe não pode te assediar. Não, o ator famoso não pode te assediar. Não, o endinheirado não pode te assediar. Nem “os caras” na rua podem. Nem no busão apertado, nem na rua, nem na igreja, nem no trabalho.

Lendo a carta aberta de José Mayer (publicada hoje 04/04 pelo G1), em que admite que errou, temos que fazer mais uma reflexão. Muitos de nossos companheiros homens podem se reconhecer em algum relato de assédio. É preciso avançar, companheiros! Se estamos juntos na luta cotidiana contra a exploração temos que juntos lutar também contra a opressão. Não deixemos que o discurso do opressor tome conta de nós. O capitalismo usa o machismo para dividir a nossa classe, para rebaixar os salários, para piorar as condições de vida. Usa o machismo para vender produtos, de cerveja a shakes emagrecedores.

Não cabe jogar confete no ator pela carta aberta. Se não houvesse denúncia pública talvez ele sequer achasse que está errado. José Mayer fala de a partir da posição de ator renomado, galã, figurão da Globo. Nessa posição de poder fez o que fez sem achar que haveria consequências. Se sente culpa pelo que fez ou se apenas lamenta ter sido denunciado, não saberemos.

Diversas atrizes e companheiras de trabalho de Susllem se indignaram com o assédio sofrido e se solidarizaram. Com camisetas escritas Mexeu com uma, mexeu com todas #chegadeassédio , protestaram hoje contra o assédio e contra o machismo.

A Globo, suspendeu o ator e, em nota pública, diz que repudia “toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito”. Porém, por 8 meses Susllem foi assediada. E não foi a primeira. O pedido público de desculpas vem carregado de interesses. A emissora atualmente exibe o programa Amor e Sexo onde discussão feminista está posta. Em artigo no Esquerda Diário, Tatiane Lima coloca:

“A pauta das mulheres interessa muito a algumas multinacionais ou mega empresas como a rede Globo. Não à toa, pois somos uma porção fundamental da força de trabalho, estamos no centro das famílias e também somos um alto número de eleitoras. Trata-se de um interesse não só econômico, mas acima de tudo político. Não reproduzir um discurso machista ou violento é importante aos que buscam ser bem aceitos pelos setores de mulheres que questionam o machismo. Mais que isso, sair em “defesa” das mulheres é algo que se tornou recorrente, a imensa quantidade de propagandas reformuladas e até consultorias feministas para empresas, como faz o Think Olga mostram isso. Mas essa é de fato uma defesa nossa, a favor dos nossos direitos?”

É importante que o assédio às mulheres e o machismo seja a pauta do dia. Somos metade do gênero humano, mas estamos sujeitas às piores condições de vida, de trabalho e de salário. Milhares de mulheres são violentadas e mortas fruto da violência machista. É preciso dar um basta! Por isso chamamos nossos companheiros a lutar ao nosso lado contra o capitalismo que nos explora e contra o machismo que nos oprime.

Mexeu com uma, organizamos milhares!
Contra o machismo e o capitalismo!

 
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