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TEMER ABRE A PORTA AO IMPERIALISMO
Com banqueiros, Temer cria "país das maravilhas" e garante suas reformas
Isabel Inês
São Paulo

Nessa quarta-feira Temer apresentou a banqueiros e investidores seu balanço de governo e o “fantástico mundo de Temer”, onde a série de cortes, ataques e reformas estão supostamente beneficiando a população. No evento Brazil Conference do Bank of America Merrill Lynch, o governo quis apresentar um pais estável para os lucros empresariais, com mão de obra barata e riquezas a venda, aclamou suas reformas e colocou a reforma trabalhista e da previdência como novos desafios.

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Em evento com um dos maiores bancos do mundo, o Bank of America, Temer se esforçou para literalmente vender o país aos investidores, fazendo propaganda de um pais que esta “retomando os trilhos” e o crescimento, exaltando suas medidas de ataque aos trabalhadores e à população, como a aprovação da PEC 55, a reforma do ensino médio, as privatizações e colocando como próximas tarefas a reforma trabalhista e da previdência. Ao mesmo tempo que chamou o diálogo, um dia depois de sofrer resistência de senadores de seu próprio partido com relação a aprovação da terceirização irrestrita.

O Bank of America é a terceira maior empresa não petrolífera dos Estados Unidos e segundo a revista Forbes, o banco é listado como a terceira maior empresa do mundo. Após a aquisição da Merrill Lynch (outro banco americano) em 2008, o Bank of America tornou-se a maior corporação de gestão de fortunas do mundo. Ou seja, o presidente discursou hoje à grande burguesia imperialista, ansioso por atrair investimentos, Temer deu como exemplo as recentes privatizações, “quando nós colocamos quatro aeroportos para concessão, houve uma presença extraordinária e um ágio fantástico. Anteriormente, a companhia de energia elétrica de Goiás, a Celg, foi também leiloada com ágio estupendo. E ainda recentemente, no porto de Santarém, dois portos de Santarém, igualmente concedidos com um ágio igualmente extraordinário”.

O discurso de “dois gumes” de Temer buscou agradar os investidores estrangeiros ao mesmo tempo serve de aceno ao congresso, para que “colaborem” na aprovação dos ataques, uma vez que são necessários para atrair as empresas e bancos estrangeiros que buscam no Brasil um local de lucros em cima do barateamento da mão de obra, via perda de direitos trabalhistas. Além de outras medidas como a privatização a preços baixíssimos e garantia de grandes lucros a empresas internacionais e imperialistas.

Deixando como promessa as reformas trabalhistas e da previdência, como terceira e quarta reformas que ele “está otimista” em realizar para "colocar o Brasil nos trilhos". Logo após ter sofrido grande resistência dos trabalhadores no 15M, Rodrigo Maia junto a Temer avaliaram que seria mais “fácil” aprovar antes a reforma trabalhista, contando com a trégua das centrais sindicais que durante todo o período de governo petista permitiram o avanço da terceirização, e hoje dividem a luta contra a reforma da previdência da luta contra os demais ataques.

Chamado pelo governo e pelos capitalistas de “modernização do mercado de trabalho”, na verdade é o extremo oposto, a volta ao século 19 no que tange a completa perda de direitos, como 13º salários, férias, tempo de descanso, além do rebaixamento do salário e o aumento da instabilidade. Rasgam assim a CLT com a proposta de regulamentar a questão do acordado sobre o legislado, ou seja, assim os patrões podem impor ataques e negócios que explorem mais os trabalhadores sem ter que arcar com qualquer ônus legal. Como se frente à mesa os trabalhadores e os capitalistas estivessem nas mesmas condições de negociação.

Temer afirmou, "Temos absoluta convicção de que aprovaremos essa 3ª reforma para o País". A convicção de Temer esta claramente baseada nas suas próprias intuições e intenções de entregar o pais ao capita internacional. Cenário que não esta tão claro após a demonstração de vontade de lutar que os trabalhadores mostraram no 15M, ainda que limitado pelos freios das burocracias.

A reforma da previdência no centro

O governo sabe, que apesar da sua vontade frente aos empresários, passar a reforma da previdência não tem sido tarefa simples, a proposta é amplamente rechaçada, e se complicou após a votação do projeto de terceirização, onde passando com uma votação apertada acendeu o alerta aos golpistas que poderia ser ainda mais difícil impor a reforma da previdência. Dificuldade que aumentou desde o 15M onde surgiu um "novo sujeito", os trabalhadores com seus métodos lutando contra o ataque. Por isso hoje mesmo Temer tenta "tirar um bode da sala" propondo alterar as regras de cálculo em sua reforma, mantendo os atuais 80% do valor da contribuição no lugar dos 51% mais 1% por ano trabalhado de sua proposta. Ou seja, no lugar de uma aposentadoria amplamente de miséria para quem trabalhar até morrer, ele oferece uma aposentadoria somente de miséria, tal como a atual.

Oportunisticamente Renan vendo esse cenário soltou uma carta contra o projeto de terceirização irrestrita, enquanto os petitas saudavam o PMDBista como um símbolo pró trabalhadores, na verdade este apenas procura ter uma “personalidade” própria se deslocando do governo Temer, já prevendo suas dificuldades e profunda impopularidade para passar os ataques.

No mesmo momento em que o PT vem acenando não só para a burguesia mas para a base do governo, e a casta política do PMDB, que com Lula em 2018 pode dar um fim a sangria da Lava Jato. Com discursos duros contra a operação em evento do PT na ultima sexta, Lula defendeu a lei "contra o abuso de autoridades" (medidas que diminuem o poder arbitrário do judiciário ao mesmo tempo que garantem a impunidade) pensando em se localizar no parlamento.

Contra jogo duplo do PT, os trabalhadores precisam tomar a luta em suas mãos

Parte da política do “Lula 2018” é não só subir no palanque e fazer falas inflamadas de oposição para dialogar com a população insatisfeita, mas a partir de acordos e conchavos, mostrar para a burguesia que eles sim podem garantir os ataques, estabilizar a crise política enquanto impedem o surgimento independente da luta dos trabalhadores.

Por isso que as centrais sindicais marcaram o próximo dia de mobilização só para daqui a um mês, evitando dar continuidade a força do dia 15, isolando as lutas reais da educação, e sem preparar qualquer batalha para realmente vencer a reforma da previdência.

Temer e o tempo

Assim Temer corre contra o tempo para “mostrar serviço” e tentar provar o reaquecimento da economia, apresentando a previsão de inflação para 2017, que deve ficar abaixo de 4,5%, ponderou que a taxa Selic, hoje em 12,25%, podendo chegar a um dígito até o fim do ano. E lembrou que, após 22 meses, o País voltou a ter saldo positivo na geração de empregos. Cerca de 36 mil vagas foram criadas a mais em fevereiro.

Fato contraditório à recente nota do Ministério da Fazenda que informa que R$ 132,8 bilhões de despesas podem ser cortadas, sendo que, desse total, R$ 36,7 bilhões são despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Mesmo que toda a despesa do PAC fosse contingenciada, o que não seria possível, porque parte das obras já está em andamento, não seria suficiente para compensar a deficiência de R$ 58,2 bilhões do Orçamento deste ano", diz a nova nota.

Nesse cenário, entre Lula, o congresso e os trabalhadores, Temer cria seu “pais das maravilhas” para tentar ganhar os empresários, enquanto corre contra o tempo para garantir a reforma da previdência. Reforma da qual, podemos dizer, depende a continuidade do seu mandato, e onde gira a política nacional. Os empresários buscando e pressionando por mais ataques, Lula construindo sua candidatura em 2018 e a possibilidade colocada do surgimento de novas lutas operárias.

 
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