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CANDIDATURA OPERÁRIA DO NPA NA FRANÇA
Philippe Poutou: “Nossa classe pode levantar a cabeça, organizar-se e lutar”.
Redação

O candidato do Novo Partido Anticapitalista nas eleições presidenciais na França, Philippe Poutou, operário da montadora Ford, realizou o primeiro ato de campanha na periferia de Paris na quinta-feira 23 de março. Com uma grande cobertura de parte dos meios de comunicação franceses, Poutou apresentou as principais orientações de sua campanha diante de um auditório lotado no bairro de Saint Ouen. O Esquerda Diário reproduz aqui alguns trechos de seu discurso.

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“Os trabalhadores podem e têm que fazer política”

As eleições são um momento onde há muita discussão (...) É a vontade de expressar nosso sofrimento, a saturação que temos da exploração e da opressão.

(...) Nesta oportunidade eu sou o candidato, mas não sou só eu, Poutou, mas sim um partido político com um programa, com ideias para mudar a sociedade. Eu não sou mais que um porta-voz desse programa, desse partido e dessas ideias (...) De um programa contestador e anticapitalista. Por isso não há nenhuma razão para estar ausente nesse debate, já que tudo está feito para que os trabalhadores não possam se apresentar em eleições.

(...) Nos convencem dessa história de “voto útil”. Por isso há que se batalhar contra essa ideia, porque nos estão dizendo que não temos que votar por nossas ideias, pela nossa classe social. Pelo contrário, nos ensinam que temos que votar em gente que é da classe social contrária aos trabalhadores.

(...) Nós trabalhadores podemos e temos que fazer política, temos que nos interessar pela sociedade em que vivemos, e temos que discutir e entender o que se passa, e discutir como nossa classe social pode voltar a encontrar uma consciência de classe.

(...) Temos que discutir a necessidade de organizar uma economia que esteja ao serviço da população. E isso coloca em seguida o problema do controle da população sobre essa economia. Trata-se de discutir como nossa classe social encontra o poder, de uma batalha política contra a classe que dirige a sociedade.

Já conhecemos toda essa classe política (...) Tanto a direita de Fillon e os empregos fantasmas para sua família, como do lado do Partido Socialista onde também há casos de corrupção (...), assim como também da extrema-direita de Le Pen. O importante é que isso demonstra como é o meio dos políticos tradicionais (...) Assim é “seu mundo”, um mundo de mentirosos e ladrões.

(...) Mas nós temos que ver como podemos aproveitar esse sentimento de dizer “que se vayan todos” (que se vão todos), colocando-nos como uma alternativa (...)

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Contra as políttuste ridade

Um aspecto da campanha é assinalar os que dirigem a economia, os capitalistas. Temos que levar em conta que os milionários na França têm cada vez mais dinheiro (...) Ao mesmo tempo nos dizem que nós temos que nos ajustar, que há crise, que há desemprego (...) Também a saúde e a moradia estão em perigo porque dizem que não há dinheiro suficiente.

Estão desmantelando os serviços públicos com uma política de austeridade que é terrível para os trabalhadores. Em qualquer lugar que trabalhemos, os patrões nos dizem que têm que baixar os salários ou despedir-nos porque há crise, e aos poucos que ficam lhes dizem que têm que considerar-se sortudos e que têm que aceitar novas condições de trabalho, ainda mais terríveis, com intensificação da carga de trabalho, das pressões e das perseguições, que tem levado ao suicídio de trabalhadores que não suportam mais essas condições (...)

Proibição de demissões e divisão das horas de trabalho

(...) Para combater o desemprego temos que proibir as demissões e empregar todos, e, em segundo lugar, dividir as horas de trabalho entre todos os trabalhadores (...) Não há nenhuma razão para que haja pessoas que tenham que sofrer com o problema do desemprego. Isso tem que vir acompanhado de uma redução da jornada de trabalho semanal e da volta da idade mínima para 60 anos para se aposentar, e também uma aposentadoria aos 55 anos para os trabalhos mais duros.

(...) Nós queremos melhorar as condições de vida para todos, o tempo de trabalho, as aposentadorias, os salários, o mínimo dos gastos familiares (hoje são 1100 euros, enquanto que a linha de pobreza são 900 euros). Então o que está colocado de forma imediata é estabelecer uma renda mínima para toda a população, garantindo um mínimo de 1700/1800 euros líquidos para todos (...)

Nossa classe pode levantar a cabeça, organizar-se e lutar. É para apresentar essa opção e essa perspectiva que nos apresentamos na campanha eleitoral (...) Nosso programa não é só de reivindicações econômicas, também tem o problema dos serviços públicos, onde acreditamos que todos têm que ter acesso gratuito à saúde e ao transporte.

Esse último permitiria solucionar em parte o problema ecológico, permitiria eliminar a utilização em excesso dos carros individuais, e haveria menos contaminação ambiental. Temos que tirar a produção de energia da esfera dos lucros empresariais, expropriando todo o setor da energia (...) Esse é um aspecto da nossa política, que nós a chamamos de ecologia radical ou ecossocialismo.

Também pensamos que é necessário um serviço público de habitação porque acreditamos que é necessário o acesso gratuito. Para quê serve uma sociedade que não pode nem sequer assegurar o mínimo para as pessoas que vivem nela (...)

Lutar contra o racismo, a xenofobia e a violência contra as mulheres

Este é um momento de ressurgimento de preconceitos reacionários, de preconceitos que dividem nossa classe social, como o racismo, a homofobia, o sexismo. Nossa classe social tem que dar uma batalha pela igualdade de direitos para todas e todos.

(...) Vemos que a violência contra as mulheres não só não diminui como aumenta, vemos a diferença de salários entre homens e mulheres, vemos como as mulheres são as mais afetadas pela precarização, vemos como fecham os locais onde realizam-se abortos por falta de financiamento e meios, o que na prática questiona o direito ao aborto porque, apesar de existir, não há lugar para fazê-lo, o que questiona o direito das mulheres de poderem dispor de seu próprio corpo.

(...) Também dizemos que há que se receber todos os migrantes e que isso é uma necessidade urgente para o drama humanitário que vivemos hoje. Há que se discutir que é necessária a liberdade de circulação e de residência. Necessitamos de um mundo onde as fronteiras se abram, só assim podemos avançar nas ideias de solidariedade e cooperação entre os povos, e também nas ideias internacionalistas (...)

A única fronteira que se deve colocar é entre os exploradores e os explorados (...) Temos que lutar contra todos esses preconceitos e reflexos protecionistas. Nós devemos ter uma política de classe nesse sentido e defender a solidariedade e cooperação entre os povos (...)

Desde esse ponto de vista, é uma resposta que também colocamos para a questão da União Europeia, porque agora ela está completamente desacreditada, é uma estrutura política que só soube impor a austeridade aos povos, como na Grécia e na Espanha. Dizemos que temos que sair da União Europeia, mas não para nos refugiar atrás de nossas fronteiras, como defendem os eurocéticos e a Frente Nacional. Dizemos que temos que combater a União Europeia como é hoje, mas há que se lutar por uma Europa dos povos, solidária, uma Europa contra os banqueiros e capitalistas (...)

Construir uma ferramenta política: um partido para os explorados e oprimidos

O problema que se coloca é como podemos unificar todas essas lutas, porque é o combate que nos impõe uma sociedade que temos que mudar completamente por outro mundo sem opressão e exploração (...) Então se coloca o problema da construção de uma ferramenta política para fazer tudo isso, nós o chamamos um partido para os explorados e oprimidos (...)

Sabemos que isso vai continuar além das eleições porque teremos que fazer frente a golpes. Ganhe quem ganhar teremos que sair para lutar, e temos que lutar por uma sociedade diferente, que é o que esperamos.

 
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